Colunista britânico defende 'Plano Marshall' para salvar a Amazônia
Os países ricos deveriam criar um fundo nos moldes do Plano Marshall para ajudar a preservar as florestas tropicais do mundo, segundo o colunista Johann Hari publicada nesta quinta-feira (31) pelo diário britânico The Independent.
Para Hari, o desmatamento das florestas tropicais - e da Amazônia, em particular - está sendo causado pelas necessidades de consumo dos países ricos.
Ele diz que seria "reconfortante" jogar a culpa pela falta de competência na proteção das florestas sobre os ombros dos países que as administram, mas que, na verdade, os culpados seriam os consumidores nos países ricos.
"A destruição da Amazônia está sendo atualmente promovida e impulsionada por mim e por você, através de nossas escolhas como consumidores e do dinheiro de nossos impostos," diz Hari.
O colunista afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi bastante franco ao apresentar as opções: ou os países ricos incentivam financeiramente os países em desenvolvimento a preservar suas florestas, ou eles vão continuar a explorar as florestas, antes que o aquecimento global e a exploração ilegal acabem com elas em uma geração."
Ele está certo. Em defesa própria, os países desenvolvidos precisam criar um fundo - ambicioso como o Plano Marshall (plano americano de reconstrução da Europa aliada após a Segunda Guerra) - para preservar as florestas tropicais que ainda restam e assim evitar a desestabilização drástica de nosso clima.
"Bélgica queimada - Segundo o colunista, o aumento do desmatamento da Amazônia, "principal notícia do ano", passou "despercebida" pelos noticiários britânicos.
Mas ele lembra que uma área do tamanho da Bélgica, que levou milhares de anos para evoluir, foi destruída apenas no ano passado.
"Cerca de 20% da floresta já foram para o lixo e outros 40% devem ser destruídos ainda durante a minha vida.
Isso está acontecendo com todas as florestas tropicais do mundo.
"Segundo o artigo, o desmatamento se dá, principalmente, para abrir áreas para a plantação de soja, que é exportada para alimentar o gado dos Estados Unidos e Europa."
O desmatamento também é motivado por uma série de outras necessidades do mundo rico. Atualmente não há nenhuma restrição legal na Grã-Bretanha ou nos Estados Unidos à venda de madeira explorada ilegalmente na Amazônia.
A mania dos biocombustíveis também está (ironicamente) levando a queimadas na floresta para abrir caminho para plantações de cana-de-açúcar."instituição supostamente admite ter "encorajado multinacionais a entrar na floresta e causar danos irreversíveis".
Um ex-funcionário de alto escalão do Banco Mundial citado na matéria, Robert Goodland, diz que esse comportamento não era visto como anomalia dentro do banco, visto que o foco da instituição era o de "ajudar empresas multinacionais a extrair petróleo, gás e outros recursos naturais de países em desenvolvimento".
Hari diz que essa situação "deixa o governo britânico em uma situação bizarra. Com uma mão, ele paga os governos da Guiana e do Congo para preservarem suas florestas, com a outra, ele dá dinheiro para que o Banco Mundial peça a países que façam exatamente o oposto."
Ele sugere que o governo britânico deixe de repassar fundos para o Banco Mundial até que a instituição transforme radicalmente sua política ambiental.
O colunista também sugere ações simples aos leitores para ajudar no combate à destruição da Amazônia:
"Há algumas escolhas pessoais fáceis, diminuir ou parar o consumo de carne, examinar a origem da madeira que você compra e não usar biocombustível." (Estadão Online)
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