quarta-feira, 30 de abril de 2008

A TERRA É A NOSSA MÃE!

Dela recebemos a vida e a capacidade para viver. Zelar por nossa mãe é nossa responsabilidade e zelando por ela, estamos zelando por nós próprias.“A Terra é a nossa mãe. Dela recebemos a vida e a capacidade para viver. Zelar por nossa mãe é nossa responsabilidade e zelando por ela, estamos zelando por nós próprias. Nós, mulheres indígenas, somos manifestações da Mãe -Terra em forma humana. Molestar, destruir, minimizar as manifestações da Mãe-Terra é ir contra a sua natureza, pois na natureza tudo deve fluir, assim como os rios que correm, os mares que enchem e esvaziam, como as cachoeiras que caem, como as pedras que rolam, como os filhotes que nascem e crescem, como a chuva que cai, como as luas que se enchem e vão, como o sol que esquenta e esfria, como a vida humana e animal que brota e transforma-se em húmus para a terra. Ir contra todos esses segmentos é violar o sagrado. A base filosófica de nossas vidas, como mulheres e povos indígenas, (…) é o respeito pelo sagrado, pelo que foi criado pela natureza e a mulher faz parte deste sagrado, por isso sua palavra é sagrada, tanto quanto a Terra. E toda a sua cultura e espiritualidade relacionadas ao sagrado humano, deve ser respeitada.

”ELIANE POTIGUARA

REDE GRUMIN DE MULHERES INDÍGENAS

INTRODUÇÃO

Já conhecemos bem a opressão do mundo dominante, do poder do capital sobre povos que acabam na condição de oprimidos.
Mas não está visível a cara de setores que continuam na condição de explorado, mas que também explora, domina, discrimina e oprime. Esses aprenderam bem a lição e a intolerância de dominador e continuam, propositalmente, com a vendas nos olhos, não querendo enxergar, porque almeja também o poder, trazendo o vício da competição, da mentira e da exploração.É a exploração do homem pelo homem seja em quaisquer classes, religiões e filosofias.
Infelizmente no Brasil, ainda existe o racismo intergrupal, interétnico ou inter-racial, inclusive com pessoas da mesma origem. ISSO PRECISA ACABAR!

A REDE GRUMIN DE MULHERES tem como objetivo principal, identificar e acolher setores de mulheres discriminadas sexual, racial e socialmente com bases em sua origem étnica, levando em consideração a transversalidade e interseccionalidade, que envolve esse segmento discriminado. O questionável processo de miscigenação é um dos fatores que reforçou a situação de racismo, intolerância e xenofobia social inclusive nas camadas pobres. Fortalecer e capacitar e empoderar as mulheres contra a discriminação sócio-racial e cultural é um de nossos maiores desafios.Um pouco da nossa história:

1- A REDE GRUMIN DE MULHERES esteve envolvida nos trabalhos locais na área indígena Potiguara, desde 1979/1996 tendo uma coordenação comunitária, e nacionalmente envolvendo outras etnias dos Estados brasileiros. Desenvolveu dezenas de projetos de Educação, Saúde e Trabalho objetivando geração de renda, realizando capacitações, conferências, participações em campanhas pelos direitos indígenas, enfocando a visibilidade da mulher indígena tanto na esfera nacional, quanto internacional. De 1996 a 2006 a Rede se ocupou a registrar em livros, sites, blogs, listas de discussão na Internet o fortalecimento de uma LITERATURA de cunho Indígena e de uma Rede de Comunicação Indígena.

2- A REDE GRUMIN DE MULHERES esteve envolvida como organização DELEGADA na articulação nacional e internacional da Conferência de Durban, África do Sul (2001), e na pré-Conferência Regional das Américas (2000-Santiago/Chile), e delegada das Conferências municipais, estaduais e nacional organizada pelo SEPPIR (2005), culminando com a nossa participação na Conferência das Américas sobre Racismo em agosto/2006/Brasília.

3- A REDE GRUMIN DE MULHERES, esteve envolvida como organização DELEGADA, nas articulações do movimento feminista brasileiro para as Conferências locais, estaduais, nacionais e internacionais que desembocaram nos eventos das Nações Unidas para a Promoção da Mulher, como a Conferência sobre População em Cairo (1994), como a Conferência Del Mar Del Plata, como a Conferência de Beijing (1995) e outros desdobramentos.A REDE GRUMIN DE MULHERES esteve como observadora da Reunião “DIÁLOGOS” organizada pela a Unifem para Mulheres em Brasília/agosto 2006.

4- A REDE GRUMIN DE MULHERES esteve envolvida como organização DELEGADA nas articulações do Grupo de Trabalho sobre Povos Indígenas das Nações Unidas na elaboração da Declaração Universal dos Direitos Indígenas, desde 1990 até 1996, e 2001, tendo sido delegada pelo IITC (International Indian Treaty Council), por ter exposto para 1500 indígenas no Congresso dos índios Norte-Americanos/New México (1989), a situação de violência que os povos indígenas brasileiros estavam vivendo. Tudo isso culminou com o envio de uma moção ao governo brasileiro pelo referido Congresso. A Rede participou ainda, de centenas de articulações nacionais e internacionais na defesa dos povos indígenas, culminando com sua premiação pela Comunidade BAHÁI, que trabalha a PAZ MUNDIAL, com o título Cidadania Internacional “.Com quem queremos dividir e somar nossa luta:Mulheres indígenas, caboclas e descendentes urbanas e aldeadas, afrodescendentes, mulheres escritoras e jornalistas racial e sexualmente discriminadas, mulheres pajés não reconhecidas, xamãs e parteiras discriminadas, mulheres indígenas urbanas viúvas ou esposas de presidiários, mulheres afro ou indígenas urbanas infratoras, empregadas domésticas, operárias e prostitutas de origem afros e indígenas, caboclos e descendentes, mulheres étnicas de toda as categorias, mulheres étnicas de opções sexuais diversas que sofrem discriminações sociais, raciais e de gênero por deslocamento interno ou nacional, por conflitos ou guerras, inclusive deslocando-se para fora do Brasil, entre outras.


Nossos Objetivos específicos:

1- Incentivar, mobilizar e organizar o segmento acima descrito, na defesa de sua integridade física, psicológica e ética- moral.
2- Capacitar e emponderar o público alvo referido na área de Educação, Saúde, Trabalho, Moradia, Questão Territorial, Cultural, Geração de renda, Gestão de Organização, Organização Estratégica, Direitos Reprodutivos e na área da Tecnologia da Informação.
3-Criação da Casa Rede Grumin de Mulheres, no Rio de Janeiro, centro formador de pessoal e Casa da Alimentação.
4-Elaborar jornais, boletins, livros, cartilhas conscientizadoras, material de divulgação para doação ou vendas.
5-Formar quadros profissionais que possam agenciar e multiplicar a própria existência da Rede Grumin de Mulheres.
6-Criar, fortalecer políticas públicas para a inclusão dessas mulheres transversalmente e interseccionalmente discriminadas e específicas no mercado de trabalho e nas escolas e universidades.
7-Criar projetos auto-sustentáveis para a permanência da Rede Grumin de Mulheres, como venda de livros, encontros literários, artesanatos, comidas típicas regionais, promoção de Shows, eventos culturais com nossos dois parceiros comerciais Moína Produções Artísticas e Eventos, e Cidadania Sem Fronteiras, sob o guarda-chuva GRUMIN (GRUPO DE GESTORES EM MISSÃO NACIONAL).
Portanto a Assembléia Geral da REDE GRUMIN DE MULHERES INDÍGENAS aconteceu no dia 29 de agosto de 2006, das 09 às 17 horas, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro (auditório) e foi um momento propício para refletirmos sobre o presente e elaborar propostas para o futuro.

Nossos parceiros:

ASHOKA (Empreendedorismo social)
CEDIM – Conselho Estadual dos Direitos da Mulher
CEDOICOM (Centro de Documentação e Informação COISA DE MULHER)
Centro de Estudos Xamânicos
Cidadania Sem Fronteiras (parceiro cultural)
Comitê Intertribal de Ciência e Tecnologia
FUNAI/Paraíba- FUNAI/Rio de Janeiro -FUNASA( Fundação Nacional de Saúde)GRUMIN/Rede de Comunicação Indígena (apoio Navajo Nation/Usa)
INBRAPI (Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual)
Moína Artísticas e Eventos (parceiro cultural)
OPÇÃO BRASIL
REDEH _ Rede de Desenvolvimento HumanoRede Feminista de SaúdeRede Povos da Floresta
UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) (PRÓ-ÍNDIO)


Apoios recentes

ASFEM (Associação dos Funcionários Estaduais e Municipais/RJ)
Câmara Municipal do Rio de Janeiro
Comunidade BAHÁ`Í do Rio de Janeiro
Vereador Brizola Neto(PDT)/RJ

CONSELHO DE MULHERES INDÍGENAS:

1- Wilma Maria dos Santos(Potyguara)
2- Zenilda Sateré Mawé
3- Rosy Kariri
4- Maria de Fátima Potiguara
5- Daline Braga
6- Maria Aparecida Santos(Potyguara)
7- Lúcia Guarany
8-Mirian Hess
Coordenação Geral: Eliane Potiguara

E-MAIL: grumin@elianepotiguara.org.brhttp://grumin.blogspot.com/http://www.elianepotiguara.org.br/grumin.html

terça-feira, 29 de abril de 2008

Os Munduruku

(Formigas Gigantes)

Conta a história do Brasil que os Munduruku formavam um povo muito poderoso e guerreiro. Sua fama de caçadores de cabeça corria por todo o estado do Pará e do Mato Grosso.
O ruído que faziam com os pés quando saíam em grupo para espedições de caça e pesca, ou para a guerra, conferiu-lhes o apelido de "formigas grandes"( tradução da palavra "munduruku"), que fazia tremer os inimigos, que saíam em desabalada carreira para fugir.
Eram tambem conhecidos como "caras-pretas", pois tinham o costume de tatuar as faces de preto. Sua valentia era tamanha que participaram de várias revoltas populares no Estado do Pará e chegaram mesmo a ter cidades inteiras sob seu domínio.
É claro que as autoridades não gostavam disso e mandavam tropas militares para impedir os avanços dos Munduruku. Netas batalhas os "Caras-Pretas" quase sempre saíam vitoriosos, pois conheciam melhor a região. Assim, os donos do poder continuaram a enviar tropas cada ves mais numerosas, e numa dessas batalhas os Munduruku finalmente acabaram vencidos.
Depois disso foram "pacificados"pelos "brancos" e se renderam aos encantos do mundo não indígena. Corria o século XVll quando esses índios foram vistos pela primeira vez...



NÃO SOMOS DONOS DA TEIA DA VIDA

Meu avô costumava dizer que tudo está interligado entre si e que nada escapa da trama da vida. Ele costumava me levar para uma abertura da floresta e deitava-se sob o céu e apontava para os pássaros em pleno vôo e nos dizia que eles escreviam uma mensagem para nós. “Nenhum pássaro voa em vão. Eles trazem sempre uma mensagem do lugar onde todos nos encontraremos”, dizia ele num tom de simplicidade, a simplicidade dos sábios. Outras vezes nos colocava em contato com as estrelas e nos contava a origem delas, suas histórias. Fazia isso apontando para elas como um maestro que comanda uma orquestra.
Confesso que não entendia direito o que ele queria nos dizer, mas o acompanhava para todos os lugares só para ouvir a poesia presente em sua maneira simples de nos falar da vida.
Numa certa ocasião ele disse que cada coisa criada está em sintonia com o criador e que cada ser da natureza, inclusive o homem, precisa compreender que seu lugar na natureza não é ser o senhor, mas um parceiro, alguém que tem a missão de manter o mundo equilibrado, em perfeita harmonia para que o mundo nunca despenque de seu lugar.
“Enquanto houver um único pajé sacudindo seu maracá, haverá sempre a certeza de que o mundo estará salvo da destruição”. Assim nos falava nosso velho avô como se fôssemos – eu e meus irmãos, primos e amigos – capazes de entender a força de suas palavras.Só bem mais tarde, homem adulto, conhecedor de muitas outras culturas, pude começar a compreender a enormidade daquele conhecimento saído da boca de um velho que nunca tinha sequer visitado a cidade ao longo de seus mais de 80 anos.
Percebi, então, que meu avô era um homem com uma visão muito ampla da realidade e que nós éramos privilegiados por termos convivido com ele.
Estas lembranças sempre me vêm à mente quando penso na diversidade, na diferença étnica e social. Penso nisso e me deparo com a compreensão de mundo dos povos tradicionais. É uma concepção onde tudo está em harmonia com tudo; tudo está em tudo e cada um é responsável por esta harmonia. É uma concepção que não exclui nada e não dá toda importância a um único elemento, pois todos são passageiros de uma mesma realidade, são, portanto iguais. No entanto, não se pode pensar que esta igualdade signifique uniformidade. Todos estes elementos são diferentes entre si, têm uma personalidade própria, uma identidade própria.
Através de minhas leituras e viagens fui compreendendo, aos poucos, aquilo que o meu avô dizia sobre a sabedoria que existe em cada um e todos os seres do planeta. Descobri que não precisa ser xamã ou pajé para chacoalhar o maracá, basta colocar-se na atitude harmônica com o todo, como se estivéssemos seguindo o fluxo do rio, que não tem pressa...mas sabe aonde quer chegar. Foi assim que descobri os sábios orientais; os monges cristãos; as freiras de Madre Teresa; os muçulmanos; os evangélicos sérios; os pajés da Sibéria, dos Estados Unidos, os Ainu do Japão, os Pigmeus; os educadores e mestres...descobri que todas estas pessoas, em qualquer parte do mundo, praticando suas ações buscando o equilíbrio do universo, estão batendo seu maracá. Entendi, então, a lógica da teia. Entendi que cada um dos elementos vivos segura uma ponta do fio da vida e o que fere, machuca a Terra, machuca também a todos nós, os filhos da Terra. Foi aí que entendi que a diversidade dos povos, das etnias, das raças, dos pensamentos é imprescindível para colorir a Teia, do mesmo modo que é preciso o sol e a água para dar forma ao arco-íris.

Por Daniel Munduruku


http://www.danielmunduruku.com.br/

Històrias - XIPAT?

Tawé levantou levemente a cabeça e fixou o olhar para o outro lado do rio Tapajós. Pássaros levantavam vôo no exato momento em que uma canoa passava na praia. Dentro dela ia um casal bem novinho, recém-casado. O rapaz remava o barco com muita destreza e a moça o olhava com um ar de sonho realizado. Tawé acenou sem muita vontade. Estava triste, preocupado. Não queria conversar com ninguém, saber da vida das pessoas ou o que estava acontecendo com elas.

Tudo tinha perdido o sentido para ele e não conseguia mais entender as mudanças que estava se processando em sua vida
Ele ia sempre a este lugar quando tinha dificuldades de entender a cultura de seu povo. Seu avô lhe dizia que tudo podia ser resolvido bastando colocar-se contra o vento e ouvir as palavras desse espírito-irmão. Segundo o velho, nada ficava sem resposta quando se soubesse fazer as perguntas certas. Mas quais perguntas podiam ser certas? Se tudo já estava decidido, o que mais querer saber?
Se haviam pessoas que decidiam por ele, o que mais ele podia fazer? Absorto nestes pensamento Tawé não percebeu Ianiurebê aproximar-se. A jovem acocorou-se ao seu lado, mas não dirigiu-lhe nenhuma palavra. Apenas catou alguns coquinhos que estavam ali por perto e passou a lançá-los no rio. As sementes batiam duas ou três vezes na água formando círculos. Ela ria tentando chamar a atenção do amigo de infância que continuava sem se dar conta dos gracejos que a menina fazia.
Num momento de lucidez do amigo, Ianiurebê tomou-o pelas mãos e fê-lo caminhar até a pequena praia mais abaixo do local onde estavam. No primeiro momento Tawé recuou em pegar na mão dela, mas em seguida deixou-se ser conduzido e seguiu os passos da pequena amiga que, agora, ele via que estava crescendo. Ianiurebê chamou sua atenção para a areia da praia e começou a riscar o chão. Fez primeiro um círculo pequeno; em seguida um maior e, depois, outro ainda maior. Pegou uma pedra circular e lançou-a nas águas que absorveram-na em silêncio. Tawé ficou imaginando o que aqueles círculos queriam dizer, mas não teve coragem de perguntar. Deixou que Ianiurebê tomasse a iniciativa.
- Você está tão triste que não consegue distinguir o que os círculos querem dizer, mas eu vou lhe contar. O círculo menor é o que você sabe, é o seu conhecimento...bem pequeno. O círculo do centro é o que sabe nossa gente, nossos velhos...um conhecimento maior que o seu e o meu; o círculo maior é o que você ou eu, ou nossa gente não sabe...é o mistério que alimenta a nossa vida...são as respostas que nossas perguntas ainda não encontraram.Dito isso a menina-moça olhou com carinho para o amigo e saiu correndo para a aldeia deixando Tawé sozinho com suas reflexões.
Ele acocorou-se perto do círculo e ficou pensando nas palavras da amiga, procurando entender aquele sinal.

Totalmente envolvido com seus pensamentos não percebeu que uma canoa passou ali perto criando uma pequena onda que chegou à praia e apagou o desenho, mas deixando uma imagem em sua cabeça. - Deixe disso, Tawé. Nada do que você está pensando é tão importante. Você precisa entender que cada pessoa tem um caminho para seguir e é dos passos que cada um dá que nossa gente vai vivendo.

Mas padrinho, eu sou ainda tão pequeno, tão novo...por que eu tenho que fazer isso? Se eu não me sair muito bem? O que as pessoas vão dizer de mim?
- O que quer que elas digam haverá em você a vitória de ter tentado. Mas não se preocupe com isso agora. Quando chegar a hora você saberá fazer a coisa certa. Assim como as árvores crescem no tempo adequado, você também crescerá.
- Mas eu não quero crescer. Quero continuar a brincar com os meus colegas; quero nadar no rio, correr no mato, jogar flecha. As pessoas quando crescem parece que não fazem mais nada disso!!!!
- Cada estação tem seu tempo, Tawé. Não dá para pedir ao verão que ele se torne inverno ou ao inverno que vire verão. Com as pessoas também é assim. Não se pode querer que uma criança vire adulto ou um adulto vire uma criança. Sua hora como criança está passando. Você está virando uma árvore madura....e não adianta você se esforçar para fazer o contrário. Assim como a árvore cresce sem nossa ajuda, você crescerá e virará um homem para o seu bem e de nossa gente.
Tawé recordou com certa tristeza a conversa que teve com seu padrinho. Sabia que estava virando um homem e isso lhe deixava confuso. Como poder ser um adulto sem abandonar a alegria da criança?
Enquanto pensava, notou que se aproximava seu melhor amigo, Cumaru. Vinha correndo numa alegria só. Cumaru tinha a mesma idade sua e não estava encontrando toda esta dificuldade em crescer. Parece que ele já tinha as respostas prontas em sua mente e em seu coração.
Cumaru chegou em frente do amigo e apenas disse: - Xipat? Vamos no mato brincar de procurar as meninas? Neste instante, Tawé percebeu que pode haver uma grande alegria e aventura no crescimento. Que as árvores grandes dão as frutas mais deliciosas que as árvores pequenas.


1- Xipat é uma expressão em Munduruku que quer dizer: tudo bem?

Daniel Munduruku

Daniel Munduruku

Daniel Munduruku é graduado em Filosofia, tem licenciatura em História e Psicologia e é doutorando em Educação na Universidade de São Paulo.
É autor conhecido nacional e internacionalmente.Vários de seus livros receberam prêmios no Brasil e no exterior.
Comendador da Ordem do Mérito Cultural da Presidência da República.
Diretor-presidente do Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual - INBRAPI. Pesquisador do CNPq

Um povo sem memòria é um povo sem història

"Gosto muito de contar histórias. Histórias moram dentro da gente, lá no fundo do coração.Elas ficam quietinhas num canto. Parecem um pouco com a areia no fundo do rio:estão lá, bem tranqüilas, e só deixam sua tranqüilidade quando alguém as revolve. Aí elas se mostram"

Daniel Munduruku


Projetos especiais

Conceito

Criada e dirigida por Daniel Munduruku, a empresa visa oferecer produtos e serviços ligados à temática indígena, de forma competente e inclusiva criando um espaço de referência na sociedade brasileira.


Uma idéia clara para o desenvolvimento social dos nossos povos.


Missão


Nossa missão:

Concientizar a sociedade brasileira sobre a riqueza e sabedoria das tradições indígenas, através de interferências estéticas, culturais e educativas, de forma a diminuir a indiferença e a exclusão social.


Nossos Valores

Nossos Valores, assim como as nossas ações, serão norteadas por dois princípios:
1- Transparência social
2- Afirmação positiva da diversidade étnica


Atuação


Nossa atuação se baseia na seguinte estratégia:

Centro de formação

Objetivo:

Formar brasileiros conscientes da diversidade étnica -
Cursos intensivos e extensivos para educadores;
- Palestras;
- Oficinas culturais;
- Grupos de estudos.

Centro de irradiação

Objetivo:
Facilitar o contato do povo brasileiro com as culturas indígenas
- Exposição e venda de cultura material indígena;
- Vivências;
- Viagens às aldeias;
- Encontros com a Tradição;
- Eventos culturais.


Centro de referência

Objetivo:
Criar um espaço privilegiado para consultas e pesquisas
- Biblioteca;
- Consultoria a:
- Empresas;
- Escolas
- Rádio, TV,
Cinema.

Centro de produção

Objetivo:
Produzir material de apoio às escolas e instituições
- Livros didáticos e paradidáticos;
- Revistas;
- CD's;
- Documentação fotográfica;
- Filmes documentários;
- Eventos multimídia;
- Projetos especiais.

COIAB

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira - COIAB, é uma organização indígena, de direito privado, sem fins lucrativos, fundada, juridicamente, no dia 19 de abril de 1989, por iniciativa de lideranças de organizações indígenas existentes à época. A organização surgiu como resultado do processo de luta política dos povos indígenas pelo reconhecimento e exercício de seus direitos, num cenário de transformações sociais e políticas ocorridas no Brasil, pós-constituinte, favoráveis aos direitos indígenas


Como sugiu

COORDENAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES INDÍGENAS DA AMAZÔNIA BRASILEIRA

A COIAB foi criada em uma reunião de líderes indígenas em abril de 1989. É a maior organização indígena do Brasil, tem 75 organizações membros dos nove Estados da Amazônia Brasileira (Amazonas, Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins); são associações locais, federações regionais, organizações de mulheres, professores e estudantes indígenas. Juntas, estas comunidades somam aproximadamente 430 mil pessoas, o que representa cerca de 60% da população indígena do Brasil.

A COIAB foi fundada para ser o instrumento de luta e de representação dos povos indígenas da Amazônia Legal Brasileira pelos seus direitos básicos (terra, saúde, educação, economia e interculturalidade). Representa cerca de 160 diferentes povos indígenas com características particulares, que ocupam aproximadamente 110 milhões de hectares no território amazônico.

A COIAB tem sede em Manaus e uma representação em Brasília (DF) para articulação política e para dar apoio as organizações indígenas. Tem como instância máxima de deliberação sua Assembléia Geral Ordinária que, a cada três anos, reúne lideranças representativas de 31 regiões dos nove Estados da Amazônia Legal Brasileira. Os representantes destas regiões constituem o CONDEF – Conselho Deliberativo e Fiscal, que é um órgão consultivo, de assessoria e deliberativo da Coordenação Executiva da COIAB. O CONDEF é eleito na Assembléia Geral. A Coordenação Executiva é a instância de execução da COIAB, formada por um coordenador geral, um vice-coordenador, um coordenador secretário e um coordenador tesoureiro.


Nossa missão

Nossos objetivos

Na luta pela garantia e promoção dos direitos dos povos indígenas, a COIAB tem como objetivos e fins promover a organização social, cultural, econômica e política dos povos e organizações indígenas da Amazônia Brasileira, contribuindo para o seu fortalecimento e autonomia. Também formula estratégias, busca parcerias e cooperação técnica, financeira e política com organizações indígenas, não indígenas e organismos de cooperação nacional e internacional para garantir a continuidade da luta e resistência dos povos indígenas.

Fiscalizar, defender e promover os direitos dos povos indígenas.

Soberania Nacional?

"Nós não somos um perigo à soberania nacional", diz líder indígena

Queria dizer que tenho orgulho de ser brasileiro", disse o líder indígena Jecinaldo Barbosa Cabral Saterê Mawé, presidente da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). Jecinaldo falou na sexta-feira (18) durante a palestra de encerramento da III Feira Brasil Certificado, na qual defendeu as comunidades indígenas e o desenvolvimento sustentável, que ele define como "o modo de vida dos índios".

Sua fala foi em resposta aos argumentos do general Augusto Heleno, comandante militar da Amazônia, que criticou na última semana a demarcação da área indígena Raposa Serra do Sol, considerando-a uma ameaça à soberania nacional. "Nós não somos um perigo à segurança nacional. Existe meia dúzia de arrozeiros que são terroristas, mas nós ajudamos a defender a fronteira", explica o líder indígena.

Segundo Jecinaldo, os índios querem conviver com dignidade e respeito dentro da sua cultura. Ele defende que as comunidades indígenas precisam ter diálogo com os setores empresariais, mas que não devem aceitar que as empresas apenas façam propaganda.

Além disso, ele explica que as comunidades indígenas defendem a floresta contra o desmatamento. "Nós somos 180 povos, 21% da Amazônia e 65% das terras preservadas são Terras Indígenas. Nós não queremos construir um país dentro do Brasil, queremos proteger nossa cultura", diz. Segundo Jecinaldo, o atual modelo de desenvolvimento não pode salvar a Amazônia.

Brasil Certificado - A mesa de debates contou também com a participação do sociólogo Ignacy Sachs, Rubens Gomes, do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Reginaldo Magalhães, especialista em sociedade civil da Corporação Financeira Internacional (IFC), Caio Magri, do Instituto Ethos e Julio Barbosa, do Conselho Nacional de Seringueiros (CNS).


III Feira Brasil Certificado é um projeto do Instituto de Manejo e Certificação Florestal Agrícola (Imaflora), em parceira com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e a organização Amigos da Terra - Amazônia Brasileira. O objetivo da feira é promover o setor florestal brasileiro comprometido com a sustentabilidade.

(Fonte: Amazônia.org)

Ana Carolina

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais.
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração tá no escuro.
A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam:
" - Não roubarás!"
" - Devolva o lápis do coleguinha!"
" - Esse apontador não é seu, minha filha!"
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem!
Dirão:
“ - Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba.”
E eu vou dizer:”
- Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.
”Dirão:"
- É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”.
E eu direi:”
- Não admito!
Minha esperança é imortal!”
E eu repito, ouviram?
IMORTAL!!!
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.


http://www.youtube.com/watch?v=yuJmuTeDDTU&feature=related


Video Corrupção
http://www.youtube.com/watch?v=V4xn2m7UXUc&feature=related


Como disse Gabriel o pensador
A miséria sò Existe porque tem Corrupção ! ! !

O universalismo soufi

" Meu lugar é em nenhum lugar, meu sinal é o não-sinal "


Gratificado pelo dom imenso de ter recebido a verdade das verdades, e revelado mistérios e arcanos da religião verdadeira dos soufis, [Dârâ Shokûh] decidiu fazer a mesma coisa com a doutrina dos monistas da India. Ele discutiu e conversou vàrias vezes com alguns Doutores e Perfeitos dessa comunidade que haviam alcançado o apogeu da ascese, da Intuição espiritual e da compreensão, assim que o extremo limite da gnose e da teosofia; mas, com exceção de algumas divergências verbais, ele não encontrou nenhuma diferença quanto a maneira deles de compreender e de conhecer Deus. Em seguida, ele começou a comparar os argumentos das duas tradições e a reunir àquelas de quais o conhecimento era ùtil e absolutamente necessàrio aos aspirantes da verdade. Depois ele fez um ensaio, e como este era uma coleção das verdades e das ciências esotéricas pertecendo às duas comunidades, ele o intitulou O Encontro dos dois Oceanos. Segundo a palavra dos grandes (entre os soufis), "o sufismo, é a justiça e o abandono dos deveres, [apenas exotéricos]". È por isso que qualquer pessoa - possuindo alguma justiça - pertencendo às Pessoas da Intuição espiritual saberà a que ponto foi preciso que nòs aprofundassemos essas matérias antes de revela-las. È uma certeza que aqueles que compreendem e são Pessoas da Intuição espiritual terão amplas satisfações com a leitura dessa obra; mas aqueles de quem a inteligência é opaca não terão nenhuma participação nesses benefìcios.
Empreendidos na fé de minha descoberta intuitiva e de meu sabor (espiritual), eu escrevi essa revelação das verdades para os membros de minha familia, não ligando para os homens ordinàrios de uma ou outra comunidade.

Dârâ Shokûh, La Rencontre des Deux Océans, D'après Daryush Shayeqan, Hindouisme et Soufisme, Albin Michel, 1997.




O que fazer, ô muçulmano ? Pois eu mesmo não me reconheço. Eu não sou nem cristão, nem judeu, nem mazdéen, nem muçulmano. Eu não sou nem do Oriente, nem do Ocidente, eu não venho nem da natureza, nem dos céus em revolução, eu não sou nem da terra, nem do ar, nem do fogo, nem do reino do Irak, nem do paìs do Khorâssan. Eu não sou nem desse mundo nem do outro, nem do paraìso, nem do inferno. Eu não sou nem de Adão nem de Eva. Meu lugar é lugar nenhum, meu sinal é o não-sinal; eu não sou nem corpo nem alma pois eu pertenço à Alma do Bem amado.

Rûmi, Divân - È Shams - È Tabriz, Trad. Èmile Dermenghem, L'Èloge du Vin, Véga, 1931.




Existem vàrios caminhos de pesquisa, mas a pesquisa é sempre a mesma. Você não vê que os caminhos que conduzem à Mecque são diversos, um que vem de Byzance, outro da Sìria, e outros ainda passando pela terra ou pelo mar ? A distância desses caminhos a percorrer é cada vez diferente, mas quando eles se concretizam, as controvérsias, as discussões e as divergências de pontos de vista desaparecem, pois os corações se unem....Esse impulso do coração não é nem a fé, nem a infidelidade, mas o amor.

Rûmi, Le Livre Du Dedans, Actes Sud, 1975.




Aquele que se apega a uma adoração particular nega por conseguinte necessariamente outras formas de crenças. Se ele conhecesse o senso da palavra de Junayd: " A cor da àgua, é a cor do seu recipiente", ele admitiria a validade de toda crença, e ele reconheceria Deus em toda forma e em todo objeto de fé. È que ele não tem o conhecimento de Deus mas ilustra apenas essa palavra divina; "Eu me conformo à opinião que Meu servidor se faz de Mim", o que quer dizer: "Eu sò me manifesto a Meu adorador sob a forma de sua crença [....]. " A divindade como ela se apresenta na crença é necessariamente definida pois Deus sò pode ser contido pelo coração humano em uma forma particular, segundo a palavra divina: "Nem meus céus, nem Minha terra podem me conter, mas o coração de Meu servidor fiel Me contem." Ao contràrio, a divindade absoluta não pode ser contida por nada, porque Ela é a essência mesmo das coisas e Sua pròpria essência.

Ibn Arabi, La Sagesse Des Prophètes, Albin Michel, 1974.





O universalismo soufi.


Do ponto de vista exterior, o sufismo foi vàrias vezes qualificado de "estrangeiro" ao islam, verdadeiramente "marginal", "herético" ou "syncrétique" por causa de seus encontros com a kabbale judia, a mìstica cristã, o neoplatonismo, o hinduismo, até mesmo o budismo.....verdadeiros e fecundos, esses encontros permanecem perceptìveis através vàrios poemas soufis, semelhantes aos de Rûmi, o fundador dos derviches tourneurs. Ùnico até o século XX por sua afirmação inter-religiosa e o rigor de sua demonstração, o livro surpreendente o Encontro dos dois Oceanos do prìncipe moghol Dârâ Shokûr (India, 1615-1659) leva ainda mais longe essa abertura.




O islam, religião aberta ?


Mas esse universalismo é islâmico ? Complexo e polêmico, a questão leva à questão das relações do islam com a alteridade, em particular religiosa. Mas nòs somos obrigados de constatar que o sufismo é "intimamente ligado ao Corão e ao modelo de Mohammed". Como repetiu o Bagdadi Junayd (morto mais ou menos em 911), um de seus representantes mas respeitados. Aos olhos de seus partidàrios, o esoterismo islâmico constitue mesmo o "coração do islam", de qual ele contribuiu com certeza a fazer desabrochar suas flores mais belas. Ao lado de outros argumentos mais ambìguos e até violentos, o Corão não é o ùnico Livro santo monoteìsta que afirma claramente e vàrias vezes o valor das outras religiões do Deus ùnico ? Dizendo de outra maneira, o sufismo parece ser o fruto de um universalismo consubstantiel à revelação muçulmana, mas ignorado ou rejeitado por outras leituras mais fechadas do islam. Contradição interna ? Não, complémentarité entre os pontos de vista esotérico - a abertura soufi - e exotérico - o fechamento da Sharia - que formam uma tradição religiosa completa.




A unidade transcendente das tradições


O universalismo transcendente soufi não é o resultado de uma vaga tolerância humanista ou de uma atenuação sentimental da validade do islam mas o resultado da compreensão ùltima da "doutrina da Unidade do Ser", seu pinàculo. Se a Verdade é uma, ela não saberia ser dividida: é então sempre ela que funda e coroa os diferentes caminhos espirituais autênticos.
De uma maneira filosòfica ou poética, esses textos expõem todos essa idéia de uma "unidade trancendente" das tradições religiosas verdadeiras, diferentes na superfìcie mas unidas pelo "centro" metafìsico delas, como explicarà no século XX o Francês René Guénon, que tornou-se ele mesmo soufi.
Se existem "vàrios caminhos de pesquisa, a pesquisa sendo sempre a mesma", como canta Rûmi, porquê então uma tal diversidade ? Para adaptar a revelação da Verdade às particularidades de diversos grupos e caràteres humanos, afim de melhor fazê-la compreender. Pois o Absoluto sò pode se manifestar no mundo relativo através os limites especìficos das lìnguas, històrias ou culturas que fazem o homem concreto. Dessa maneira, as diferentes religiões constituem a base "pedagògica" - parcial mas necessària - a partir da qual se desenha um caminho progressivo em direção da Verdade plena. Quando os soufis aproximam as mùltiplas tradições espirituais ou pretendem ter ultrapassado elas, é então para ressaltar essa irredutibilidade do Absoluto divino às crenças particulares. Uma compreensão inacessìvel - até mesmo revoltante - para o "homem comum". Reservada pelas circunstâncias às "Pessoas da Intuição espiritual", segundo as palavras de Dârâ Shokûh, ela é com efeito de essência esotérica e depende da mais alta realização espiritual. Contrariamente à opinião confortàvel de muitos admiradores modernos do sufismo, a ultrapassagem das formas religiosas constitue para ele o termo da Via, e não seu começo....

Réza Moghaddassi et Èric Vinson.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Nota de S.S. o Dalai Lama à Imprensa

Gostaria de aproveitar essa oportunidade para expressar minha gratidão aos líderes mundiais e à comunidade internacional por sua preocupação com relação aos eventos recentes no Tibet e por suas tentativas em persuadir as autoridades chinesas no exercício da moderação ao lidar com os protestos.

Uma vez que o governo chinês tem me acusado de orquestrar tais protestos no Tibet, eu clamo por uma completa investigação da parte de algum órgão respeitável, o que deve incluir representantes chineses, a fim de investigar tais alegações. Tal órgão precisará visitar o Tibet, as áreas tradicionais tibetanas fora da Região Autônoma do Tibet e também a Administração Tibetana Central aqui na Índia. De forma que a comunidade internacional, e especialmente os mais de um bilhão de chineses que não têm acesso à informação não-censurada, possam saber o que realmente está acontecendo no Tibet seria de extrema ajuda que representantes da imprensa internacional também realizassem tais investigações.

Se intencional ou não, acredito que uma forma de genocídio cultural tem lugar no Tibet, onde a identidade tibetana passa por constante ataque. Os tibetanos foram reduzidos a uma insignificante minoria em sua própria terra como resultado da imensa transferência de não-tibetanos ao Tibet. A distinta herança cultural tibetana, com sua linguagem costumes e tradições características está desaparecendo. Ao invés de trabalhar pela unificação de suas nacionalidades, o governo chinês realiza uma discriminação contra as nacionalidades minoritárias, entre elas a dos tibetanos.

É conhecimento comum que os mosteiros tibetanos, os quais constituem nossos principais lugares de saber, além de serem repositórios da cultura budista tibetana, têm sido severamente reduzidos em número e população. Naqueles mosteiros que ainda existem, o estudo sério do Budismo Tibetano não mais é permitido; de fato, mesmo a admissão em tais centros de saber é estritamente regulada. Na realidade, não há liberdade religiosa no Tibet. Mesmo um chamado por um pouco mais de liberdade torna-se um risco de ser rotulado como separatista. Nem mesmo há qualquer real autonomia no Tibet, mesmo apesar de tais liberdades básicas serem garantidas na constituição chinesa.

Acredito que as demonstrações e protesto que ocorrem agora no Tibet são uma explosão espontânea do ressentimento popular acumulado por anos de repressão em reação a autoridades que são cegas aos sentimentos do povo local. Elas erroneamente acreditam que mais medidas repressivas são o caminho para conquistar seu objetivo declarado de unidade e estabilidade a longo prazo.

De nossa parte, permanecemos compromissados em seguir a abordagem do Caminho do Meio e buscar um processo de diálogo a fim de encontrar uma solução mutuamente benéfica para a questão tibetana.

Com tais pontos em mente, busco também o apoio da comunidade internacional em nossos esforços para resolver os problemas do Tibet por meio do diálogo, e incentivo que clamem às lideranças chinesas para que exerçam a máxima moderação em lidar com a situação turbulenta atual e tratem aqueles que têm sido presos de maneira apropriada e justa.

Dalai Lama
Dharamsala
18 de Março 18 de 2008

Testemunho sobre a situação indígena brasileira

Ao Relator Especial da ONU sobre Formas Contemporâneas de Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância relacionada à questão racial - Sr. Doudou Diène

A partir de CONSULTA PRÉVIA aos povos indígenas brasileiros e democratizando as informações com Organizações de apoio aos povos indígenas para a elaboração deste testemunho para o Relator Especial da ONU sobre Formas Contemporâneas de Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância relacionada à questão racial - Sr. Doudou Diène, o Grumin/Rede de Comunicação Indígena, através de sua editoria política, que já havia relatado com destaques as formas de racismo às mulheres indígenas e a seus povos há 10 anos atrás, quando da outra vinda do Relator, vem agora e novamente dar continuidade a esse compromisso. Esse compromisso fora antes assumido publicamente em nossos slogans contra a discriminação racial e social aos povos indígenas, em nossos jornais, materiais didáticos, publicações e assembléias e projetos em geral, à época do GRUMIN/ Grupo Mulher –Educação Indígena quando integrávamos o Programa de Combate ao Racismo/CMI/Genebra há vários anos, o mesmo PROGRAMA que por muito apoiou a luta de Nelson Mandela.


Existe racismo aos povos indígenas no Brasil?

Apesar da ratificação da Convenção 169 da OIT, que busca melhorar a situação indígena e representa o cumprimento dos direitos indígenas, ainda assim, dois lados permeiam o contexto histórico, político, social e econômico da sociedade brasileira: de um lado, os que sofrem impactos seculares ocasionados pela discriminação social e racial, e aí estão inseridos toda a população pobre e os povos indígenas do Brasil. Do outro, os que potencializam direta ou “indiretamente” para tornar real essa discriminação. No entanto, neste “indiretamente” existe um terceiro elemento obscuro, maquiavélico, “desintensional”: Os que se mostram solidários, mas dão desculpas econômicas e políticas, apresentam propostas e promessas e não cumprem, os que confundem a mídia e a massa, apesar de saberem que direitos indígenas precisam ser respeitados. É como considerar e olhar uma estátua como bela, saber que ela está lá vulnerável ao predador, vê-la quebrar, anunciar e prometer restaurações e vê-la transformar-se em pó, justificando a impotência histórica diante da sua destruição e morte.E povos indígenas continuam invisíveis e excluídos.
Assim é o Estado brasileiro e todas as máquinas que se dizem responsáveis pelos povos indígenas desde 1759, com a criação do cargo “diretor dos índios”, prenúncio da tutela e da discriminação étnica, passando pelo SPI (Serviço de Proteção ao índio)/1910, desembocando na Lei 5.371 que cria a Funai (Fundação Nacional do Índio) em plena ditadura militar, objetivando “integração e proteção”, conceitos altamente racistas na sua essência filosófica.

A situação fica pior justamente nos tempos atuais, quando o regime democrático tem sido restaurado e políticas mais justas foram implantadas e povos indígenas nunca contemplados de forma ampla.Todos esses fatos impõem uma inferioridade biológica, cultural, moral, espiritual a que os povos indígenas estão acorrentados desde a invasão dos europeus em 1500, no Brasil. Primeiro a escravidão vergonhosa e literal, agora a escravidão moral!

Desde o impacto causado por Sepé Tiaraju, no século XXVIII (1756), que lutou pela sobrevivência do povo Guarany, passando pelas palavras desesperadas de socorro do líder indígena Marçal Tupã-Y, por ocasião da visita do Papa João Paulo II ao Brasil(1980), e após esse líder ter sido assassinado com um tiro na boca, em 1983; passando ainda, por todas as vergonhas e desumanidades públicas ou anônimas, como o assassinato do índio Galdino, cujos jovens burgueses e racistas atearam fogo ao seu corpo e finalmente, retomando a todas as Assembléias indígenas brasileiras reivindicatórias _ nacionais e internacionalmente_ que lutaram pelos direitos indígenas, até a data de hoje, a verdade é o descaso, a falta de vontade política de eleger essa demanda como prioridade histórica, tem sido a tônica crua e real.

É a destruição de um dos maiores patrimônios da Humanidade, os guardiões da natureza, nós os povos indígenas! Mas somos guerreiros e guerreiras e sobreviveremos porque temos os ancestrais como esteio cultural e espiritual e que derramaram seu sangue nessa terra amada.

O Governo brasileiro, na gestão de Presidente Fernando Henrique Cardoso, assumiu diversos compromissos perante a Onu, por ocasião da Conferência Mundial contra o Racismo, em Durban/2002.Esses compromissos deveriam ser cumpridos por qualquer governo, inclusive do Presidente Lula da Silva.Os pontos assumidos naquele documento fizeram parte do Programa de Ações para Povos Indígenas do Partido dos Trabalhadores, partido do Governo e estão amparados pela Constituição Brasileira.Isso significa que o partido e o governo Lula estão conscientes desses compromissos.Esse é um forte ponto que o Governo tem desrespeitado, apesar de informado, mesmo tendo realizado a Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, em junho deste ano, onde solicitamos a aprovação da proposta da criação de uma Secretaria Especial para Povos indígenas, que não foi aceita pela Ministra Matilde Ribeiro, justificando que este fato enfraqueceria as lutas e promoveriam divisões entre movimentos negro e indígena. Precisamos de ações concretas e emergenciais para povos indígenas, porque somos povos diferenciados e daremos continuidade à reivindicação sobre a implantação dessa importante Secretaria.

Vamos relembrar aqui o Programa de Ação da Conferência de Durban que adotamos em nossas reivindicações e que insta aos Estados a:

1-adotar e seguir aplicando medidas constitucionais, administrativas, legislativas e judiciais, e todas as disposições necessárias para promover o exercício pelos povos indígenas de seus direitos;

2-trabalhar com os povos indígenas para estimular o desenvolvimento de suas economias, apoiando–lhes com serviços de capacitação, assistência técnica e crédito financeiro;

3-cooperar com o trabalho do Relator Especial da Comissão de Direitos Humanos da ONU responsável por relatar a situação dos direitos humanos e liberdades fundamentais dos povos indígenas.

4-O Programa de Ação ainda incentiva os Estados a garantirem recursos financeiros para o funcionamento do Fórum Permanente sobre Questões Indígenas da ONU e a aprovação imediata do Projeto de Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

5-Merece destaque o empenho dos diplomatas do Itamaraty e dos membros do Ministério da Justiça para aprovar os capítulos referentes aos índios desde as reuniões preparatórias da Conferência Mundial ocorridas no Chile e em Genebra, bem como na ocasião de sua realização em Durban. Passada a Conferência, faz-se necessário garantir junto ao governo federal que se cumpra a Declaração, o Plano de Ação e a proposta aprovada internamente pelo governo brasileiro para combater o racismo.

Vale ressaltar que o Presidente Fernando Henrique Cardoso assumiu o compromisso de aprovar com regime de urgência o Projeto de Lei n º 2.057/91, que regulamenta o Estatuto do índio, que se encontra paralisado na Câmara dos Deputados desde 1994.

Nada disso foi cumprido, Senhor Relator. É a palavra sagrada da mulher indígena, como bem disse o cacique tradicional Aniceto Xavante para 200 guerreiras em 1991, na Conferência Mulher, Meio Ambiente e Direitos indígenas, organizado pelo Grumin/Grupo Mulher –Educação Indígena, preparatória par participarmos da Conferência Mundial do Meio Ambiente em 1992, quando povos indígena vinham sofrendo com os impactos ambientais.

Quais as expressões de racismo que afetam
diretamente aos povos indígenas?

A utilização e roubo dos conhecimentos tradicionais indígenas pelo mundo científico, empresarial; pelo grande e pequeno latifúndio, pelo capital nacional e estrangeiro, pela mídia tem afetado diretamente a sobrevivência indígena e é a pior forma de racismo, porque em nome desses avanços político-econômicos, tecnológicos e científicos, se mata, se estupra, se vilipendia a dignidade humana indígena.

1-Nos temas Educação, território e biodiversidade indígenas o racismo está expresso das seguintes formas:

Apesar do grande passo dado na Educação que hoje se apresenta de forma diferenciada e atendendo filosoficamente aos professores e alunos indígenas, temos como contra-ponto todas as necessidades básicas e materiais para implementar tal política.São escassos os materiais bilíngües, rádios comunitárias, tecnologias de informação e comunicação, cds, livros, materiais escolares, salários dos professores, etc. A demarcação das terras indígenas não foi concluída, ou mesmo quando as terras estão demarcadas o governo não adota medidas suficientes para protegê-las e falta apoio para o desenvolvimento sustentável dos povos indígenas.Ver dados em anexo.

As aldeias Guaranis do Morro dos Cavalos e Biguaçu em Santa Catarina afirmam que podem perder sua cultura por não ter disponibilizado tais veículos.A falta de políticas de ação afirmativa para a Educação diferenciada causará o enfraquecimento da identidade cultural.

A participação dos povos indígenas nas instâncias que tratam dos seus direitos é bastante limitada. Podemos constatar que a elaboração e execução das políticas públicas acontecem sem a devida participação dos povos indígenas. E quando há discussões com os povos indígenas, as nossas propostas não são devidamente apreciadas e muito menos aplicadas. A reunião recente dos indígenas com presidentes dos Distritos Sanitários, na qual não compareceu o presidente da Funasa e nem o diretor responsável pela pasta, foi um desastre. O diretor substituto compareceu apenas na abertura da reunião, e por isso os indígenas se retiraram do evento. (site da Coiab).

A falta de políticas consistentes por parte do governo permite que grupos contrários aos direitos indígenas atuem fortemente contra os direitos indígenas, causando insegurança quanto aos direitos territoriais. Exemplo, o Estatuto das Sociedades Indígenas encontra-se paralisado no Congresso Nacional desde 1994.

Os Guaranys estão perdendo suas terras pela falta de demarcação e sentem-se excluídos, como no caso da menor aldeia indígena chamada Jaraguá YTÚ, em Jaraguá, Estado de S. Paulo que possui 1.7 alqueires de terra. Também a terra indígena Baú, dos Kaiapós, no Pará, sofreu diminuição esse ano, assim como no caso das terras dos Krahô-Kanela, que possui terra tradicional, mas o Presidente da Funai, não aprovou o relatório que justifica tradicionalidade, causando uma grande injustiça a esse povo.Dessa forma, sofrem os Caxixós e os grupos do baixo-Amazonas, segundo a Anaí. Povos indígenas e comunidades tradicionais têm sofrido diretamente o impacto e racismo ambiental do desmatamento, das mudanças climáticas, das queimadas, do aquecimento global, da destruição da flora e fauna, da seca no Pará. A fome ameaça cerca de oito mil índios que moram em áreas de influência das calhas de rios que estão secos no Amazonas. Em Manaus, a Funai alertou recentemente, que os Sateré-Maué já passam fome. Além deles, pelo menos mais seis tribos estão ameaçadas. Os Mura, Mundurucus, Parintintins, Porá, Apurinã e Tenharim também estão afetados pela seca. No nordeste indígena a seca causada pelo capitalismo selvagem e pelo aluguel de florestas para terceiros tem deixado povos à revelia. Povos indígenas deveriam ter a “preferência” para cuidar das florestas, já que são natos.

Segundo o site do Inbrapi, as comunidades indígenas do semi-árido divulgaram recentemente um documento em que se manifestam contra o projeto de integração do São Francisco às bacias do Nordeste setentrional, também conhecido como transposição do São Francisco. Os índios manifestaram sua posição no documento intitulado Carta Aberta dos Povos Indígenas Ribeirinhos de Pernambuco, Sergipe, Alagoas e” Bahia: “Queremos afirmar nosso repúdio ao Projeto de Transposição do Rio São Francisco, pois a nossa sobrevivência econômica e cultural depende do rio. É deste que irrigamos a terra para plantar e pescamos o peixe para comer. Nossos rituais sagrados têm tudo a ver com o rio, nossas ciências estão nas águas do Velho Chico", diz o texto.O documento é assinado pelas lideranças dos povos indígenas ribeirinhos, Tuxá de Rodelas, Tuxá de Ibotirama, Tumbalalá, Kiriri de Muquém do São Francisco, Pankararu, Xocó e Truká, e várias lideranças dos povos indígenas de Pernambuco, Bahia, Paraiba e Alagoas: Xukuru, Kambiwá, Pankararu, Pankará, Pipipã, Kapinawá, Pataxó Hãhãhãi, Potiguara e Geripankó.

O Povo Potiguara, que ocupa tradicionalmente a terra indígena Jacaré de São Domingos, localizada nos municípios de Rio Tinto e Marcação, Paraíba, e preocupado com a importância da garantia do cumprimento dos direitos dos povos indígenas, pede atenção para o julgamento do Mandado de Segurança que solicita a anulação do Decreto do Presidente da República, que, em 1993, homologou a demarcação da terra indígena Jacaré de São Domingos.

Irregularidades envolvendo o licenciamento da empresa Rodoanel tem afetado Ternode Porã, Tekoa Krukutu e Tekoa Piau, aldeia dos Guaranys o que tem prejudicado sua sobrevivência. A população Guarani da região do Jaraguá sofre com a questão da saúde, com a falta de terra, de espaço para manter seu modo de vida. Com a construção do Trecho Oeste e Sul do Rodoanel, que dista apenas 4 km, sofreram todo o impacto da implantação, tendo as áreas próximas transformadas em asfalto, o que gerou aumento do tráfego na Rodovia dos Bandeirantes e na Anhanguera e exterminando plantas e animais da região, sendo que tal construção foi realizada sem um estudo apropriado da área e da aldeia.

2- Nos temas gênero e saúde indígena o racismo de expressa das seguintes formas:

Mortalidade materna e infantil, por desnutrição, fome e miséria são assuntos que ainda rondam povos indígenas, apesar da diminuição dos casos em Dourados, depois que a mídia divulgou amplamente a morte de crianças.A exemplo disso vemos ainda o caso de uma criança de um ano e nove meses e dois bebês recém-nascidos morreram neste mês de outubro/2005 na aldeia indígena guarani Tekoa Pyau, no Jaraguá, na zona oeste da cidade de São Paulo.Mães que entram em hospitais para terem seus bebês e saem mortas, é um caso muito grave em pleno século XXI.

Percebemos o aumento de casos de câncer de colo de útero, associado ao vírus HPV, por relações sexuais, devido aos homens circularem nas cidades grandes e pequenas, buscando sobrevivência. Mudanças de costumes e comportamentos como parto tradicional, por intervenção externa, através de órgãos públicos de saúde (relato das mulheres Xinguanas).Grande incidência de malária, tuberculose e DST/aids, hepatites e rotavírus.Falta de medicamentos, equipamentos, falta de saneamento básico.Inserção de interesses políticos e ingerência política. Povos indígenas reivindicam saúde diferenciada, denunciam órgãos governamentais como a Funasa, coniventes com políticos, apadrinhados, despreparados para lidar com a questão, denunciam os indígenas do Vale do Javari/Am.

3- No tema sobre ocupação de empresas, implantação de projetos alheios aos povos indígenas e invasão de igrejas o racismo de expressa da seguinte forma:

Centenas de empresas estão afetando a sobrevivência indígena, como por exemplo, a Aracruz Celulose/ES, maior produtora de celulose do mundo, denunciam os Guaranys.Outra é a Veracel Celulose que desrespeita os Pataxós da Bahia, mas eles resistem. Os projetos econômicos de exportação como a fábrica de criação de camarão em cativeiro; 2) projeto de turismo industrial (implantação de uma cidade turística internacional em terras indígenas, por um grupo de empresários espanhóis, franceses e brasileiros); 3) projeto de irrigação dentro de terra indígena (através do DNOCS), nas terras dos Tremembés.A grande dificuldade desse povo e de mais outros 13 Povos no Ceará é a não regularização das terras indígenas por parte da FUNAI, assim como centenas de terras indígenas pelo país.No Ceará, já são 17 Povos e somente uma terra indígena está regularizada, oficialmente. Já são cerca de 30.000 indígenas. Isto significa que poucos povos têm direito ao programa de atenção à saúde indígena e também um suporte organizado de apoio e defesa dessas terras.Um dossiê já foi encaminhado à Brasília.
A questão da carcinicultura é muito forte. Os empresários compram uma pequena terra e se localizam aí, desmatam tudo que encontram, manguezais, carnaubais, mangueirais. Utilizam a força policial local, dividem as famílias, cercam tudo que podem. O litoral do Ceará está sendo destruído de forma muito violenta.

O Ministério Público Federal tem promovido algumas ações e até os juízes tem atendido com liminares impedindo o funcionamento dos empreendimentos, mas as decisões judiciais não são executadas.
Tem cercamento de olhos dágua, medição das terras com auxilio de GPS, ameaças de morte e muita perseguição às lideranças mais expressivas que estão à frente da resistência
Também existe um pequeno grupo Potiguara em Fortaleza, imprensado na cidade grande. Não tem só eles. São Potiguara de Paupina, na área metropolitana de Fortaleza.
Recentemente aqui aconteceu uma "CPMI-Comissão Parlamentar Mista de Inquérito" sobre a terra no Ceará. Os indígenas estiveram presentes e foram feitas essas e outras denúncias.O Ministério Público Federal realizou em 08 de setembro uma audiência pública em Fortaleza para tratar desse assunto da regularização das terras indígenas no Ceará, denuncia COPICE-Coordenação das Organizações dos Povos Indígenas no Ceará, Fernando Marciano Santos, Tremembé).
As igrejas evangélicas dos Grupos Missões Novas Tribos atuam na Amazônia e desconfiguram a cultura e tradições indígenas, denunciam os indígenas da Amazônia.

4-Racismo e discriminação aos indígenas urbanos, intelectuais e desaldeados são expressos da seguinte forma:

O preconceito étnico impôs também que indígenas são os ”índios puros”. Isso nasceu de uma ideologia antropológica e burguesa, inclusive institucional e/ou acadêmica que ainda vê povos indígenas como objetos de estudos e de teses para livros.Se o indígena não estiver dentro desses padrões são observados como oportunistas e não mais como vítimas da sociedade racista. Assim também são considerados os indígenas e seus familiares de segunda ou terceira geração que adotam o êxodo de suas terras indígenas para as cidades, fugindo das violências colonizadoras e néocolonizadoras. Instituições como algumas igrejas, universidades e organizações ainda dividem a opinião pública indígena sobre seus próprios parentes que um dia, ou no passado tiveram que deixar suas aldeias em busca de sobrevivência e incitam colocar em dúvida a identidade indígena desses imigrantes.Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro Histórico e Geográfico), há 700 mil indígenas no Brasil, entre adiados e desaldeados e segundo o Cimi (Conselho Indígena Missionário), mais da metade vivem nas cidades.

A Ação Cultural Indígena Pankararu denuncia a favelização dos índios urbanos e as péssimas condições de moradia, saúde e educação.Na Grande Rio (RJ), as etnias Fulni-ô, Potiguara, Pankararu, Guarani, Pataxó, Terena, Kaingang, Xavante e Pankararé, em Vitória da Conquista (Bahia) os Fulni-ô, em Mogi Mirim (região de Campinas) e Rio Preto os Pankararu e Tapeba estão vivendo situação de precariedade.Segundo Opção Brasil, hoje existem 14 etnias morando no ABC, 9 em Guarulhos e 32 etnias morando na grande SP. Pelo IBGE no abc existem 3700 indígenas e na grande SP seriam 35mil.Nas grandes cidades da Amazônia, Nordeste, Centro-Oeste e Sul também se encontra um número altíssimo de etnias indígenas vivendo situação de precariedade, excluídos, por ser um povo pobre e racialmente discriminado por seu biotipo. Finalmente, Brasil!

BRASIL, Rio de Janeiro, 24 de outubro de 2005. Nações Unidas

Brasil

O que faço com minha cara de india ?

E meus cabelos
E minhas rugas
E minha história
E meus segredos?

Que faço com a minha cara de índia?

E meus espíritos
E minha força
E meu Tupã
E meus círculos?

Que faço com a minha cara de índia?

E meu Toré
E meu sagrado
E meus "cabôcos"
E minha Terra

Que faço com a minha cara de índia?

E meu sangue
E minha consciência
E minha luta
E nossos filhos?

Brasil, o que faço com a minha cara de índia?

Não sou violência
Ou estupro
Eu sou história
Eu sou cunhã
Barriga brasileira
Ventre sagrado
Povo brasileiro
Ventre que gerou
O povo brasileiro
Hoje está só...
A barriga da mãe fecunda
E os cânticos que outrora cantava
Hoje são gritos de guerra
Contra o massacre imundo


Declaração do Comitê Indígena Brasileiro contra o legado continuado de Discriminação e Racismo contra os povos indígenas do Brasil: DECLARAÇÃO DE DURBAN/2002/ÁFRICA DO SUL. Também em anexo, Diretrizes dos Povos Indígenas, Quilombolas e Comunidades tradicionais para a proteção dos Conhecimentos Tradicionais/Inbrapi

(*) Eliane Potiguara é remanescente Potyguara, nasceu num gueto indígena no Rio de Janeiro. Tem 55 anos, é escritora e professora. Foi indicada no Projeto Mil Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz. Coordena o Grumin/Rede de Comunicação Indígena e criou a primeira organização de mulheres indígenas do país, o Grumin/Grupo Mulher-Educação Indígena, em 1989. É Diretora do Inbrapi (Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual) e Conselheira e uma das fundadoras do Comitê Intertribal. É autora do livro Metade cara, metade máscara, S.Paulo, Editora Global, Série Visões Indígenas, 2004.A série é coordenada por Daniel Munduruku, escritor indígena.

http://www.elianepotiguara.org.br/documento1.html


Eliane Potiguara- Texto do livro METADE CARA, METADE MÁSCARA

As lutas do povo potiguara

por Eliana Potiguara

Eu lembro perfeitamente em 1984, há 18 anos atrás, quando lia e assistia as palavras do inesquecível Prof. Darcy Ribeiro referindo-se ao Povo Potiguara como uma nação extinta culturalmente, eu olhava para minha mãe, para minha avó, que cedo ficou órfã, mirava minhas tias, coincidentemente,todas mulheres que por ação violenta da família Ludgren escravizou os Potiguara da Paraíba no início do séc.XX objetivando criar a falida, super falida Casas Pernambucanas. Graças a Tupã esse Império, que deixou marcas históricas, tendo como testemunhas noss@s avós, sucumbiu assim como sucumbirão todos os Impérios que surgirem nos tempos atuais, porque qualquer individuo de origem indígena no Brasil - Hoje- já tem consciência de suas raízes históricas, identificam seus direitos humanos, assim como o Povo ressurgido Poruborá.

Esse assunto de Povo Ressurgido me fascina, porque é a vitória , a conquista, o reconhecimento, a conscientização e o "ASSUMIR SEM MEDOS". O conceituadíssimo Procurador Geral do Estado da Paraíba, após meu depoimento na Polícia Federal, me perguntou porque eu incitava aos potiguaras a chamarem-se, Marcos Potiguara, Maria de Fátima Potiguara, Caboquinho Potiguara, João Batista Potiguara, enfim Tod@s Potiguara, eu respondi que existiam Marcos Terena,Ailton Krenak, Paulo Bororo,Mário Juruna, Lino Miranha, Álvaro Tucano, Eliane Potiguara, Mirian, Jupira Terena, Chiquinha Pareci, Darlene, Estevão, Doroti Taukane _ não nos interessam seus defeitos, faltas de técnicas ou estratégias para lidar ou fazer crescer o movimento indígena no Brasil. Mas esses e outr@s anônim@s construíram a vitória que é hoje a luta indígena que cresceu em duas décadas. Diacronicamente falando, estamos atrasad@s no tempo, mas sincronicamente tudo está no seu lugar. O Procurador, Dr. Luciano Maia, com seu olhar crítico, mas justo compreendeu a luta do Povo Potiguara, cuja dança era referida nas rádios da Paraíba como a dança da galinha, referência extremamente racista e preconceituosa.

Hoje os Potiguara foram reconhecidos culturalmente na TV GLOBO, não que eu esteja dando um super valor à aldeia Global , mas considero a penetração na massa popular brasileira importante. Em duas décadas de esforços, aí reforçando a participação indígena na Assembléia Constituinte de 1988, a atuação das Ongs de apoio aos P.I., a atuação dos deputados no Congresso Nacional e o apoio da mídia internacional é que vemos crescer Os Povos Ressurgidos, os Quilombolas, a luta do movimento indígena brasileiro pela Demarcação das Terras e constituição de seus Direitos. Mas a luta continua porque é necessário ainda construir um estatuto do índio à altura da realidade dos P.I. com direitos à saúde, educação, desenvolvimento, participação e trabalho não esquecendo a questão de gênero.O Povo Ressurgido Poruborá de Rondônia está de parabéns, que essa luta seja mais uma testemunha na reconstrução oficial e no resgate e preservação da cultura, tradições e espiritualidade indígenas. Continuemos...

Eliana Potiguara - Um pensamento brasileiro

Eliane é escritora indígena, professora, mãe, avó, 54 anos, remanescente Potiguara. É Conselheira do Inbrapi, (Instituto Indígena de Propriedade Intelectual) e Coordenadora da Rede de Escritores Indígenas na Internet e o Grumin/Rede de Comunicação Indígena.

Eliane foi indicada para o Projeto internacional Mil Mulheres Para o Prêmio Nobel da Paz.É uma das 52 brasileiras indicadas.

Formada em Letras (Português-Literatura), licenciada em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, participou de vários seminários sobre Direitos Indígenas na Onu, organizações governamentais e Ongs nacionais e internacionais.

Eliane Potiguara foi nomeada uma das “Dez Mulheres do Ano de 1988”, pelo Conselho das Mulheres do Brasil, por ter criado a primeira organização de mulheres indígenas no país: Grumin (Grupo Mulher-Educação Indígena), e por ter trabalhado pela Educação e integração da mulher indígena no processo social, político e econômico no país e por ter trabalhado na elaboração da Constituição Brasileira. Com a bolsa que conquistou da ASHOKA em 1989 (Empreendedores Sociais) mais seu salário de professora e o apoio de Betinho/IBASE e os recursos do Programa de Combate ao Racismo, (o mesmo que apoiava Nelson Mandela ), ela pôde prosseguir sua luta, além de sustentar e cuidar de seus três filhos, hoje adultos.

Em 1990, foi a primeira mulher indígena a conseguir uma PETIÇÃO no 47º. Congresso dos Índios Norte-Americanos, no Novo México, para ser apresentada às Nações Unidas. Neste Congresso, havia mais de 1500 índios. Por isso, participou durante anos, da elaboração da ”Declaração Universal dos Direitos Indígenas”, na ONU, Genebra, por essa razão recebeu em 96 , o título “Cidadania Internacional”, concedido pela filosofia Iraniana “Baha´i”, que trabalha pela implantação da Paz Mundial.

Defensora dos Direitos Humanos, além de vários Encontros, e criadora do primeiro Jornal Indígena e Boletins conscientizadores e cartilha de alfabetização indígena no método Paulo Freire com apoio da Unesco, organizou em Nova Iguaçu/RJ, em 91 outro Encontro inédito e histórico, onde participaram mais de 200 mulheres indígenas de várias regiões, tendo como convidados especiais a cantora Baby Consuelo e vários líderes indígenas internacionais. Organizou vários cursos referentes à Saúde e Diretos reprodutivos das mulheres indígenas e foi consultora de outros encontros sobre o tema.

Em 92 foi Co-Fundadora/Pensadora do Comitê Inter-Tribal 500 Anos (kari-oka), por ocasião da Conferência Mundial da ONU sobre Meio-Ambiente, junto com Marcos Terena, Idjarruri Karajá e muitos outros líderes do país, além de ter participado de dezenas de Assembléias indígenas em todo o país.

Discutiu a questão dos Direitos Indígenas em vários fóruns nacionais, e internacionais, governamentais e não governamentais, diversas diretrizes, estratégias de ordem político-econômica, inclusive no fórum sobre o Plano Piloto para a Amazônia, em Luxemburgo/1999.

No final de 92, por seu espírito de luta, traduzido em seu livro “A Terra é a Mãe do Índio”, foi premiada pelo PEN CLUB da Inglaterra, no mesmo momento em que Caco Barcelos (“Rota 66”) e ela estavam sendo citados na lista dos “Marcados para Morrer”, anunciados no Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão, para todo o Brasil, por terem denunciado esquemas duvidosos e violação dos direitos humanos e indígenas.

Em 95, na China, no Tribunal das Histórias não contadas e Direitos Humanos das Mulheres/Conferência da ONU, Eliane Potiguara narrou a história de sua família que emigrou das terras paraibanas nos anos 20 por ação violenta dos neo-colonizadores e as conseqüências físicas e morais desta violência à dignidade histórica de seu bisavô, avós e descendentes. Contou também o terror físico, moral e psicológico pelo qual passou ao buscar a verdade, além de sofrer abuso sexual, violência psicológica e humilhação por ser levada pela polícia federal, por estar defendendo os povos indígenas, seus parentes, do racismo e exploração. Seu nome foi jogado na lama nos jornais do Estado da Paraíba. Tudo isso à frente de suas três crianças na época.

Eliane no último governo foi Conselheira da Fundação Palmares/Minc, é FELLOW da organização internacional ASHOKA, dirigente do Grumin e membro do Women´s Writes World. Eliane participou de 56 fóruns internacionais e para mais de 100 nacionais culminando na Conferência Mundial contra o Racismo na África do Sul, em 2001 e outro fórum sobre Povos Indígenas em Paris, 2004.

Eliane é do Comitê Consultivo do Projeto Mulher_ 500 anos atrás dos panos que culminou no Dicionário Mulheres do Brasil.

É autora de seu mais recente livro ‘Metade cara, metade máscara, Global, pela GLOBAL EDITORA que aborda a questão indígena no Brasil.

http://www.elianepotiguara.org.br/aautora.html

domingo, 27 de abril de 2008

QUERIA FALAR DE FLORES, MAS NÃO DEIXAM!

Texto:Eliane Lima dos Santos ( escritora Eliane Potiguara)

Há uns 15 anos atrás atrás, conversei com uma mulher pajé que me informou ao pé do ouvido, não ser reconhecida como tal na aldeia. Explicou que praticava os ensinamentos de seus avós, sigilosamente. Disse-me que devido à colonização religiosa, os costumes de seu povo foram considerados demoníacos, tendo adesão de muitos membros da comunidade. E essa concepção discriminatória perdurou por muitos séculos, como sabemos.

Os padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta chegaram com tuberculose no Brasil. O vírus foi propagado de forma massiva. A escarlatina matou milhares de indígenas. As mulheres foram obrigadas a vestirem roupões brancos contra a chamada maledicência feminina. As cartas dos colonizadores diziam que os indígenas eram selvagens e praticavam feitiçarias. Escrevi uma cartilha em forma de livro americano, em 1989, chamado A TERRA É A MÃE DO ÍNDIO, onde conto tantas e tantas discriminações contra indígenas.E tenho passado a vida falando a mesma coisa.

Passado alguns anos em minhas peregrinações, observei que eram poucas as mulheres pajés em relação ao nº de homens que exerciam essa função. Mas, observando melhor e conversando bem intimamente com as mulheres, algumas me relataram que eram pajés e não eram reconhecidas pelo lado masculino, mas que elas faziam rezas, curas, orações para prosperidade, assim como feitiços contra o mal que faziam a seu povo, ou a um membro da comunidade.

Retomando às minhas origens, fui no fundo do baú e me lembrei que aos 6 anos fui curada de dois tumores, um no mamilo e outro na pálpebra direita pelas velhas de minha desaldeada e triste família indígena, minha avó e minha tia-avó, hoje falecidas. Elas rezavam, falavam coisas que eu não entendia e não me lembro. Só me lembro de uma combinação de minhoca amassada, visgo de jaca e teia de aranha que elas faziam e aplicavam nesses tumores sob uma folha verde, por muitas semanas. Eu convivi com aquele cheiro e eu o tenho em minha memória. Se eu pudesse personificar esse cheiro, disponibilizaria, com certeza, até na Internet, na defesa do conhecimento ancestral e da propriedade intelectual.

Verdadeiramente, eu me choquei quando vi uma matéria no dia 14 de março de 2007, no Jornal on line O Progresso, sobre um jovem indígena de 15 anos que matou uma senhora com três facadas, também indígena de 34, por ela estar fazendo feitiçaria. A imprensa e a polícia chamam de feitiçaria. Eu chamaria de cosmovisão, pajelança, mesinha, como falava minha avó paraibana. O Brasil não conhece um milímetro do poder espiritual de uma pajelança. O malefício da imposição cultural dominadora, opressora e tendenciosa colonizou e neocolonizou concepções, cosmovisões indígenas no ÂMAGO da tradicionalidade étnica. Por isso esse infeliz jovem, desconhecedor de sua cultura ancestral cometeu essa barbaridade.

Esse jovem assassino intolerante, NÃO PORQUE QUEIRA, mas porque aprendeu dessa forma, das mentes retrógradas e que discriminam a espiritualidade indígena, mesmo no seio étnico. Ele sem saber, vai paulatinamente multiplicando centenas de intolerâncias morais, éticas pelo Brasil a fora, porque o mal, corre mais que o bem.

Já não chega a violência cometida pelo poder da cruz e da espada?

Alguns meses atrás recebi de um ex-cacique X um pedido de ajuda a uma escola indígena X. Como havia sido convidada para falar HISTORICAMENTE e como ESCRITORA , numa novela X da TV X,em novembro de 2006, aproveitei o espaço para pedir auxílio a essa determinada escola. Eu apostava que ia conseguir essa ajuda. Qual foi a minha surpresa? Cinco Meses depois vi meu nome num site rolar na lama por jovens que mal tiraram as fraldas e mal compreendem que seres humanos merecem respeito e que pessoas mais velhas precisam ser respeitadas.

E é por essa razão que o AUXÍLIO DIVINO não vem


Porque a tesoura cósmica corta qualquer prosperidade, quando há intolerância e falta da paz e diálogo!

Eu me lembro que quando estive na Conferência sobre a hidrelétrica de Kararaô, no Pará, só havia indígena da Amazônia. E nós lembramos dos indígenas de outras regiões. Isso foi há quase 20 anos atrás. Esses jovens ESPECÍFICOS que discriminam, nem eram nascidos.Mas são seus pais que não contam o lado construtivo,empreendedor, humano e planetário.As mentes dessas pessoas não mudaram. Mostram apenas a questão da competição, do poder. Fulana quer ser política, é o que dizem. E digo que Fulana não quer ser nada, Fulana quer apenas ter o direito de educar, conscientizar, porque Fulana não precisa desses canais.É uma cidadã do mundo.Já é uma senhora e pode encostar-se na tumba eterna porque para ela o materialismo não existe mais.

Fulana construiu sua trajetória com a força da mulher, com o testemunhos dos que sofreram e derramaram suas lágrimas e deram duro no seio do racismo para ser o que é. Só não enxerga quem não quer mesmo. E o pior cego é aquele que não quer ver.Pau que nasce torto, não tem jeito, morre torto.As pessoas intolerantes precisam mergulhar no mar do amor e abrirem seus corações para a amizade e a cooperação.A evolução começa dentro de cada um.

Me lembro também que indígenas brasileiros não participavam do processo de direitos humanos nas Nações Unidas, há muitos anos atrás. Indígenas também eram invisíveis no governo Collor. E nos governos anteriores, muito pior. Indígenas sofreram com a ditadura militar em 1964. Mas algumas insensíveis criaturas apostam nas intrigas.Peço que leiam Fim da Intolerância Interseccional em http://www.elianepotiguara.org.br/textos1.html

É por isso que assassinatos, desrespeitos, intrigas, violações aos direitos humanos, violências interpessoais, ocorrem, como ocorreu o assassinato do jovem indígena de 15 anos à senhora indefesa de 34 anos por INTOLERÂNCIA INTERSECCIONAL, ensinada por terceiros, que não possuem ética. Esse é apenas um caso.

Eliane Lima dos Santos, 56 anos, professora, ( escritora Eliane Potiguara )/Fundadora do GRUMIN/REDE GRUMIN DE MULHERES INDÍGENAS/ www.grumin.org.br

" A violação aos Direitos Indígenas
divide famílias. O respeito as suas tradições, identidade, cosmovisão, espiritualidade e ancestralidade
perpetuam o AMOR entre povos e entre homem e mulher”.
Texto: Eliane Potiguara
Visite esses 03 SITES
www.grumin.org.brhttp://www.elianepotiguara.org.br (site oficial da escritora)http://fotolog.terra.com.br/elianepotiguarahttp://groups.yahoo.com/group/literaturaindigena

NOSSA CASA ANCESTRAL

Em que corpo estás?/Estás no ar, no sol, na luz/ Estás no infinito/Estás nos séculos/Tão poucos séculos, diante da nossa eternidade/E quando nos veremos?/Te sinto sempre/Na música, no sol, nas águas/No calor, no frio, nos ventos/Em cada Estado, país ou continente/Te sinto sempre meu amor/Apesar do que fizeram conosco!/ Mostra-me o caminho/Mostra-me em sonhos/Em cânticos, a nossa libertação./
Intocável é a nossa Casa/Nossos filhos cresceram, morreram e renasceram. /Tornaram a morrer/ Nossos filhos indígenas/Quase estão cegos pelo que aconteceu naquele dia/Muitos não reconhecem mais a sua mãe/Até as costas lhe deram/Pouco restou das cerimônias/Somente a dança com fé./ E não reconhecem mais a filha do pajé/ Lembra-te das cerimônias sagradas/Quando banhávamos nus?/E que nossos corpos penetravam as profundezas do Planeta Terra?/Mergulhávamos e trazíamos /Dezenas de crianças/Filhas Dela! / Mas meu amor/Dá--me tuas fortes mãos/Leva-me em tuas grandes asas sagradas/E dá-me força e poder/Porque o implacável Criador/Manda-me voltar séculos e séculos/E a ele levar a sagrada Raiz da Lagoa Akujutibiró./ A sagrada Raiz?/ Está coberta de lama endurecida
Pelo peso da opressão dos séculos/E minhas mãos indígenas de mulher/Ainda estão frágeis e sangram/E se ferem nos espinhos dos pântanos!/
Tento me esconder na barriga da Mãe-Terra/E esquecer nossos filhos/Mas vejo Nhendiru chorar/ Vejo nossos filhos sofrerem/Então... O espírito do mar/ Uma grande névoa azulada/Envolve-me, seduz-me, encanta-me/E levanta-me na chama guerreira/E faz-me falar, cantar e gritar.../
Até que um dia/Os nossos filhos mortos, nascidos, e renascidos Possam relembrar do olhar, docemente, /Da luz envolvente/E da tinta de jenipapo/ Cravada pelo Grande Espírito em nossa cara.

( Texto de Eliane Potiguara em “METADE CARA, METADE MÁSCARA”, Global Editora, Visões Indígenas editadas por Daniel Munduruku).

A IMPORTÂNCIA DA BONDADE E DA COMPAIXÃO



Gostaria de falar a vocês sobre a importância da bondade e da compaixão. Ao discutir esses temas, não me vejo como budista, Dalai Lama ou tibetano, mas sim como um ser humano e espero que vocês, no auditório, pensem em si mesmos dessa maneira. Não como americanos, ocidentais ou membros de um determinado grupo, pois essas condições são secundárias. Se interagirmos como seres humanos, podemos chegar a esse nível. Caso eu diga "sou monge" ou "sou budista", as afirmações serão, em comparação com a minha natureza de ser humano, temporárias. Ser humano é básico. Uma vez nascido assim, não se poderá mudar até a morte. Outras condições, ser ou não instruído, rico ou pobre, são secundárias.

Hoje, enfrentamos muitos problemas. Alguns são criados essencialmente por nós mesmos, com base em diferenças de ideologia, religião, raça, situação econômica ou outros fatores. Chegou, portanto, o momento de pensarmos em níveis mais profundos. Em nível humano - condição essa que deveremos apreciar e respeitar em todos os que nos cercam. Devemos construir relacionamentos baseados na confiança mútua, na compreensão, no respeito e na solidariedade, independentemente de diferenças culturais, filosóficas ou religiosas.

Todos os seres humanos são iguais. Feitos de carne, ossos e sangue. Todos queremos a felicidade e evitar o sofrimento e temos direito a isso. Em outras palavras, é importante compreender a nossa igualdade. Pertencemos todos a uma família humana. O fato de brigarmos uns com os outros deve-se a razões secundárias e todas essas discussões são inúteis. Infelizmente, durante muitos séculos, os seres humanos usaram todos os métodos para ferir uns aos outros. Muitas coisas terríveis aconteceram, resultando em mais problemas, mais sofrimento e desconfiança. E, consequentemente, em mais divisões.

O mundo hoje está cada vez menor em vários aspectos, particularmente o econômico. Os países estão mais próximos e interdependentes e, nesse quadro, torna-se necessário pensar mais em nível humano do que em termos do que nos divide. Assim, falo a vocês apenas como um ser humano e espero, sinceramente, que vocês estejam escutando com o pensamento: "Sou um ser humano e estou ouvindo outro ser humano falar".

Todos queremos a felicidade; nas cidades, no campo, mesmo em lugares remotos, as pessoas trabalham com o objetivo de alcançá-la, entretanto, devemos terem mente que viver a vida superficialmente não solucionará os problemas maiores.

Há muitas crises e medos à nossa volta. Por meio do grande desenvolvimento da ciência e da tecnologia, atingimos um estado avançado de progresso material, que é necessário. Não podemos, no entanto, comparar o progresso externo com nosso progresso interior. As pessoas queixam-se do declínio da moralidade e do aumento da criminalidade, mas esses problemas não serão resolvidos se não procurarmos desenvolver nosso interior.

No passado remoto, se houvesse uma guerra, os efeitos seriam geograficamente limitados, porém hoje, em função do progresso, o potencial de destruição ultrapassou o concebível. No ano passado estive em Hiroshima, no Japão. Mesmo tendo informações a respeito da explosão nuclear lá ocorrida, era muito diferente estar no local, ver com meus próprios olhos e encontrar pessoas que realmente sofreram com aqueles acontecimentos. Fiquei profundamente emocionado. Uma arma terrível tinha sido usada. Embora possamos considerar alguém como inimigo, temos de levar em conta que essa pessoa é um ser humano e que tem direito a ser feliz. Olhando para Hiroshima e refletindo a respeito, fiquei ainda mais convencido de que a raiva e o ódio não são meios para solucionar problemas.

A raiva não pode ser superada pela raiva. Quando uma pessoa tiver um comportamento agressivo com você e a sua reação for semelhante, o resultado será desastroso. Ao contrário, se você puder se controlar e tomar atitudes opostas - compaixão, tolerância e paciência -, não só se manterá em paz, como a raiva do outro diminuirá gradativamente. Do mesmo modo, problemas mundiais não podem ser solucionados pela raiva ou pelo ódio. Sentimentos como esses devem ser enfrentados com amor, compaixão e pura bondade.

Pensem em todas as terríveis armas que existem, mas que, por si mesmas, não podem iniciar uma guerra. Por trás do gatilho há um dedo, movido pelo pensamento, não por sua própria força. A responsabilidade permanece em nossa mente, de onde se comandam as ações. Portanto, controlar em primeiro lugar a mente é muito importante. Não estou falando de meditação profunda, mas apenas de cultivar menos raiva e mais respeito aos direitos do outro. Ter uma compreensão mais clara da nossa igualdade como seres humanos.

Ninguém quer a raiva, ninguém quer a intranquilidade, mas por causa da ignorância somos acometidos por sentimentos como esses. A raiva nos faz perder uma das melhores qualidades humanas, o poder de discernimento. Temos um cérebro bem desenvolvido, coisa que outros mamíferos não têm. Esse órgão nos permite julgar o que é certo e o que é errado. Não apenas em termos atuais, mas em projeções para daqui dez, vinte ou mesmo cem anos. Sem nenhum tipo de pré-cognição, podemos utilizar nosso bom senso para determinar o certo e o errado. Imaginar as causas e seus possíveis efeitos. Contudo, se nossa mente estiver ocupada pela raiva, perderemos o poder de discernimento e nos tornaremos mentalmente incompletos. Devemos salvaguardar essa capacidade e, para tanto, temos de criar uma companhia de seguros interna: autodisciplina, autoconsciência e uma clara compreensão das desvantagens da raiva e dos efeitos positivos da bondade. Se refletirmos a respeito dessas questões com frequência, podemos incorporar a idéia e, então, controlar a mente.

Por exemplo: pode ser que você seja uma pessoa que se irrita facilmente com pequenas coisas. Com desenvolvida compreensão e conscientização, isso pode ser controlado. Se você fica geralmente zangado por dez minutos, tente reduzi-los para oito. Na semana seguinte, reduza para cinco e, no próximo mês, para dois. Depois, passe para zero. É assim que desenvolvemos e treinamos nossa mente. É o que penso e também o que pratico.

É perfeitamente claro que todos necessitam de paz interior, que só pode ser alcançada por meio da bondade, do amor e da compaixão. O resultado é uma família em paz, felicidade entre pais e filhos, menos brigas entre casais. Em uma nação, essa atitude pode criar unidade, harmonia e cooperação com saudável motivação. Em nível internacional, precisamos de confiança e respeito mútuos, discussões francas e amistosas, com motivações sinceras e um esforço conjunto no sentido de resolver problemas. Tudo isso é possível. Precisamos, porém, mudar interiormente. Nossos líderes têm feito o melhor que podem para resolver nossos problemas, mas, quando um é resolvido, surge outro. Tenta-se solucionar este, surge mais um em outro lugar. Chegou o momento de tentar uma abordagem diferente.

É certamente difícil realizar um movimento mundial pela paz de espírito, mas é a única alternativa. Caso houvesse outro método mais fácil e prático, seria melhor, porém não há. Se com armas pudéssemos chegar à paz duradoura, muito bem. Transformaríamos todas as fábricas em produtoras de armamentos. Gastaríamos todos os dólares necessários, se conseguíssemos a definitiva paz, mas tal é impossível.

As armas não permanecem empilhadas. Uma vez desenvolvidas, alguém irá usá-las. O resultado é a morte de criaturas inocentes. Portanto, a única maneira de atingirmos uma paz mundial duradoura é por meio da transformação interior. E, mesmo que essa transformação não ocorra durante esta vida, a tentativa terá sido válida. Outros seres humanos virão; a próxima geração e as seguintes. E o progresso pode continuar. Sinto que, apesar das dificuldades práticas, e mesmo correndo o risco de que tal visão seja considerada pouco realista, vale a pena o esforço. Assim, aonde quer que eu vá, expresso essas idéias e sinto-me muito motivado porque as pessoas têm sido receptivas a elas.

Cada um de nós é responsável por toda a humanidade. Chegou a hora de pensarmos nas outras pessoas como verdadeiros irmãos e irmãs e nos preocuparmos com seu bem-estar. Mesmo que você não possa se sacrificar inteiramente, não deverá esquecer-se das dificuldades dos outros. Temos de pensar mais sobre o futuro em benefício de toda a humanidade. Se você tentar dominar seus sentimentos egoístas e desenvolver mais bondade e compaixão, em última análise, você é quem irá sair beneficiado. É o que chamo de egoísmo sábio. Pessoas egoístas tolas só pensam em si mesmas, e o resultado é negativo. Egoístas sábios pensam nos outros, ajudam da melhor forma e também colhem os benefícios. Essa é minha simples religião. Não há necessidade de templos ou de filosofias complicadas. Nosso próprio cérebro, nosso coração são nossos templos. A filosofia é a bondade.

A Policy of Kindness. New York, Snow Lion, 1990, p.52.

EXCLUSIVO: Ano Internacional do Planeta Terra

Fernanda Machado / AmbienteBrasil (*)

Por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), foi realizado nesta semana, em Brasília, o seminário “Planeta Terra em nossas Mãos”. O evento abre oficialmente a programação do “Ano Internacional do Planeta Terra (AIPT), com o objetivo de incentivar estudos e pesquisas e, principalmente, divulgar a importância das Ciências da Terra”.

Este ano, a idéia para a proclamação do AIPT partiu da premissa de que a sociedade em geral desconhece a importância das “Ciências da Terra” para o bem-estar e a sobrevivência da humanidade. A tragédia da tsunami no Oceano Índico, em dezembro de 2004, reforçou a necessidade de se discutir medidas para evitar os problemas que atingem o planeta.

As atividades do Ano Internacional do Planeta Terra vão se estender até dezembro de 2009. A iniciativa está sendo lançada em todos os continentes: Europa (Áustria), Ásia (Japão), África (Tanzânia), Oceania (Austrália), América do Norte (Canadá) e América Latina e Caribe (Brasil).

No Brasil, as atividades são coordenadas por um comitê nacional formado por representantes de instituições científicas, de órgãos do Governo e de empresas de área geocientífica.

Na abertura do seminário, o presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) da Câmara Federal, deputado André de Paula (DEM/PE), lembrou que as ciências ainda precisam avançar muito, em razão dos desastres ambientais que acontecem em todo mundo, e que a defesa do meio ambiente pode significar um futuro mais seguro.
“Temos de diferenciar os desastres que podemos evitar daqueles que são potencializados pelo homem, como, por exemplo, o aquecimento global”.

O ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, antecipou algumas ações do Governo voltadas à Ciência e Tecnologia no sentido de alertar a população para as possíveis conseqüências do modelo de desenvolvimento atual. Entre elas, o Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação 2007-2010, com a participação de vários Ministérios. O Plano contempla a expansão do sistema nacional de Ciência e Tecnologia; desenvolvimento tecnológico das empresas; Ciência e Tecnologia para o desenvolvimento social, e pesquisa e desenvolvimento em áreas estratégicas, relacionadas à conservação do planeta. Esse último com o objetivo de atuar nas áreas de preservação, biocombustíveis, recursos naturais e biodiversidade, desenvolvimento sustentável na Amazônia, energia renovável, programa espacial brasileiro e mudanças climáticas.


Clima

De acordo com o climatologista do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), Carlos Nobre, o aquecimento global é inevitável, porém, com chances de diminuir. Para que isso aconteça, seria necessário que as emissões de gases para atmosfera fossem reduzidas entre 60% e 70% até 2050. Caso contrário, o aumento da temperatura da Terra pode provocar, entre outras coisas, o fim dos corais, alterações climáticas e causar graves danos à agricultura.

Segundo Nobre, a humanidade acelerou 50 vezes o ritmo natural das mudanças no planeta no último milhão de anos. Ele explicou que o que levava uma era glacial (100 mil anos) para mudar, hoje se transforma em 200 anos, em decorrência da ação humana. “O Brasil pode contribuir de duas formas para reduzir o aquecimento global: modernizando as práticas agrícolas, que respondem por 25% das emissões do País; e reduzindo o desmatamento, responsável por cerca de 50% das emissões”, avaliou.

Em entrevista exclusiva a AmbienteBrasil, Carlos Nobre disse que essas medidas, porém, não podem ser desenvolvidas sem os conhecimentos científicos. “Precisamos entender, de fato, o que são mudanças climáticas no Brasil, como elas se manifestam, como elas afetam os recursos hídricos, a agricultura, as zonas costeiras, a biodiversidade, e tantos outros. Precisamos ainda de muitos estudos, além de medidas práticas emergenciais”, disse.

Nobre destacou ainda que o Brasil não tem planos nacionais para enfrentar as alterações climáticas. “O Brasil precisa de adaptações para as cidades baixas, uso do espaço do litoral, além de adaptações na agricultura de subsistência, pois 15 milhões de pessoas dependem dela para sobreviver, e essa é a parte menos desenvolvida dos planos de Governo. Certamente nos próximos cinco anos já teremos um mapa de vulnerabilidades”, prevê.


Oceanos

O capitão-de-mar-e-guerra Carlos Frederico Serafim, da Secretaria da Comissão Interministerial sobre os Recursos do Mar, destacou no evento o papel dos mares e oceanos para a segurança nacional, especialmente no caso do Brasil, devido à grande extensão da costa.

O professor Jefferson Cardía Simões, do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, afirmou que as áreas geladas são importantes para todas as regiões do planeta. "A cobertura de gelo tem papel fundamental no sistema ambiental global, pois é uma das principais controladores do sistema climático terrestre e está ligada intimamente à circulação das correntes oceânicas", explicou.

Jefferson falou com exclusividade a AmbienteBrasil sobre a importância de estudos realizados na Antártida e de como o ambiente brasileiro se integra com as regiões polares. “As friagens que chegam fortemente durante o inverno na parte sul do País são formadas no oceano congelado;
as freqüências dessas friagens são controladas basicamente pela variação do mar congelado”.

O professor lembrou ainda que o Brasil está pagando caro por ter vivido durante 40 anos o mito do País tropical isolado. “Nós temos que entender que o ambiente brasileiro se integra com as regiões polares, com as regiões temperadas e com o hemisfério norte”, adverte.

O representante da Unesco no Brasil, Vicent Defourny, disse que o Ano Internacional do Planeta Terra pretende chamar a atenção da sociedade para os problemas ambientais e, acima de tudo, motivar e incentivar pesquisadores do mundo, principalmente os geocientistas, no sentido de articular suas pesquisas para um conhecimento mais profundo do planeta.

“A Unesco tem um papel fundamental na valorização da Ciência para o desenvolvimento da humanidade e para a criação de uma sociedade sustentável”, disse Defourny a AmbienteBrasil.*

Correspondente em Brasília (DF).

http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=37814