A prioridade do indivíduo
O individualismo, que é o fundo do radicalismo, é atacado de todos os lados. Monarquistas e socialistas o desprezam, e o sociòlogos também, em nome de uma ciência imparcial. Isso vem principalmente de uma inversão de perspectiva de qual os sociòlogos deveriam portanto nos curar. Nòs acreditamos muito tempo que o homem primitivo estava isolado, e que ele não conhecia nem as leis nem os costumes, mas que ele seguia suas pròprias necessidades, como nòs vemos fazer muitos animais. A civilização não seria outra coisa, então, que a història das sociedades como elas são. A medida que o homem teria aprendido, por necessidade, o respeito dos contratos e o preço da fidelidade, nòs terìamos visto nascer as virtudes no sentido exato, a justiça, o direito dos fracos, a caridade, a fraternidade. Seria então viver sobretudo como cidadão, de agir e de pensar com os outros, religiosamente no sentido pleno da palavra, para escapar cada vez mais ao destino animal, e fazer a verdadeira profissão de homem.
Nòs deverìamos refletir que existem sociedades de abelhas e de formigas onde os pensamentos e as ações são rigorosamente comuns, onde a salvação pùblica é adorada sem càlculo e sem hipocrisia, e onde nòs não percebemos portanto nem progresso, nem justiça, nem caridade. Mas, bem melhor, os sociòlogos provaram, com mil documentos concordantes, que os homens primitivos, na medida que nòs podemos saber, formam sociedades com castas, costumes, leis, regulamentos, ritos, formalidades que mantêm os indivìduos em uma rigorosa escravidão; escravidão aceita, melhor ainda, religiosamente adorada; mais ainda é muito pouco dizer; o indivìduo não se pensa ele mesmo; ele não se separa de maneira alguma, nem em pensamento nem em ação, do grupo social, no qual ele està ligado como meu braço està ligado a meu corpo.
A palavra religião exprime mesmo muito mal esse pensamento rigorosamente comum, ou melhor essa vida rigorosamente comum, em que o cidadão não se distingue mais da cidade da mesma maneira que a criança não se distingue de sua mãe durante o tempo em que ela a carrega no colo. Um pensador disse: "Como a roseira brava sempre foi lande, o homem sempre foi sociedade."
Nòs poderìamos adivinha-lo; nòs sabemos, é ainda melhor. Isso faz compreender o poder da religião e dos instintos sociais; mas como a sociedade mais solidamente ligada rejeita de todas as suas forças tudo o que se parece com a ciência, a invenção, as conquistas das forças, e tudo o que assegura a dominação do homem no planeta. E é muito verdadeiro que o homem, nesse estado de dependência, não tinha vìcios no sentido exato; mas nòs podemos dizer com razão que a sociedade tinha todos os vìcios, pois ela agia como um animal sem consciência; por isso as guerras e os sacrifìcios humanos, uma formigueira humana, uma colmeia humana em suma. Então o motor do progresso deve ter sido alguma revolta do indivìduo, em algum livre pensador que foi sem dùvida queimado. Ora a sociedade é sempre poderosa e sempre cega. Ela produz sempre a guerra, a escravidão, a superstição, através seu pròprio mecanismo. E é sempre no indivìduo que a Humanidade se encontra, sempre na Sociedade que a barbaridade se encontra.
- 17 avril 1911-
- Alain - Propos sur les pouvoirs -
O individualismo, que é o fundo do radicalismo, é atacado de todos os lados. Monarquistas e socialistas o desprezam, e o sociòlogos também, em nome de uma ciência imparcial. Isso vem principalmente de uma inversão de perspectiva de qual os sociòlogos deveriam portanto nos curar. Nòs acreditamos muito tempo que o homem primitivo estava isolado, e que ele não conhecia nem as leis nem os costumes, mas que ele seguia suas pròprias necessidades, como nòs vemos fazer muitos animais. A civilização não seria outra coisa, então, que a història das sociedades como elas são. A medida que o homem teria aprendido, por necessidade, o respeito dos contratos e o preço da fidelidade, nòs terìamos visto nascer as virtudes no sentido exato, a justiça, o direito dos fracos, a caridade, a fraternidade. Seria então viver sobretudo como cidadão, de agir e de pensar com os outros, religiosamente no sentido pleno da palavra, para escapar cada vez mais ao destino animal, e fazer a verdadeira profissão de homem.
Nòs deverìamos refletir que existem sociedades de abelhas e de formigas onde os pensamentos e as ações são rigorosamente comuns, onde a salvação pùblica é adorada sem càlculo e sem hipocrisia, e onde nòs não percebemos portanto nem progresso, nem justiça, nem caridade. Mas, bem melhor, os sociòlogos provaram, com mil documentos concordantes, que os homens primitivos, na medida que nòs podemos saber, formam sociedades com castas, costumes, leis, regulamentos, ritos, formalidades que mantêm os indivìduos em uma rigorosa escravidão; escravidão aceita, melhor ainda, religiosamente adorada; mais ainda é muito pouco dizer; o indivìduo não se pensa ele mesmo; ele não se separa de maneira alguma, nem em pensamento nem em ação, do grupo social, no qual ele està ligado como meu braço està ligado a meu corpo.
A palavra religião exprime mesmo muito mal esse pensamento rigorosamente comum, ou melhor essa vida rigorosamente comum, em que o cidadão não se distingue mais da cidade da mesma maneira que a criança não se distingue de sua mãe durante o tempo em que ela a carrega no colo. Um pensador disse: "Como a roseira brava sempre foi lande, o homem sempre foi sociedade."
Nòs poderìamos adivinha-lo; nòs sabemos, é ainda melhor. Isso faz compreender o poder da religião e dos instintos sociais; mas como a sociedade mais solidamente ligada rejeita de todas as suas forças tudo o que se parece com a ciência, a invenção, as conquistas das forças, e tudo o que assegura a dominação do homem no planeta. E é muito verdadeiro que o homem, nesse estado de dependência, não tinha vìcios no sentido exato; mas nòs podemos dizer com razão que a sociedade tinha todos os vìcios, pois ela agia como um animal sem consciência; por isso as guerras e os sacrifìcios humanos, uma formigueira humana, uma colmeia humana em suma. Então o motor do progresso deve ter sido alguma revolta do indivìduo, em algum livre pensador que foi sem dùvida queimado. Ora a sociedade é sempre poderosa e sempre cega. Ela produz sempre a guerra, a escravidão, a superstição, através seu pròprio mecanismo. E é sempre no indivìduo que a Humanidade se encontra, sempre na Sociedade que a barbaridade se encontra.
- 17 avril 1911-
- Alain - Propos sur les pouvoirs -
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