sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

A elite corrompida por sua seleção.

Nossa elite não vale nada; mas nòs não devemos nos surpreender; nenhuma elite vale nada; não por sua natureza, pois a elite é naturalmente o que tem de melhor; mas por suas funções. A elite, porque ela é destinada a exercer o poder, està destinada também a ser corrompida pelo exercìcio do poder. Eu falo em geral, existem exceções.
Vamos seguir o pensamento do filho de um lavrador, que mostra inteligência para o càlculo, e que obtem uma bolsa de estudos. Se, com sua aptidão às ciência, ele tem uma natureza de bruta apaixonada, nòs o veremos, aos dezesseis anos, pular o muro, ou chegar tarde, enfim perder seu tempo, zombar de seus mestres, cair em tristezas sem fundo, e beber para se consolar; vocês o encontrarão dez anos depois em algum emprego baixo onde nòs o deixamos por caridade.
Mas eu suponho que exista uma adolescência sem tempestades, porque todas as suas paixões se tornam ambições, ou que sua cabeça domina seu peito e sua barriga; voilà um homem jovem instruìdo de muitas coisas, capaz de aprender muito ràpido qualquer coisa, que tem hàbitos de ordem e de trabalho regular, e enfim, pela ùnica potência das idéia, uma moralidade superior. Tais são, muitas vezes, aqueles que nòs escolhemos através os concursos racionalmente instituìdos, para ser no futuro os auxiliares do poder, sob o nome de diretores, inspetores, controladores; na realidade eles serão os verdadeiros reis, porque os ministros passam; e esses futuros reis são muito bem escolhidos; realmente nòs designamos os melhores; os melhores dirigirão as coisas pùblicas, e tudo deveria ser positivo.
Simplesmente é preciso compreender que nessa elite vai existir uma corrupção inevitàvel e uma seleção das mais corrompidas. Eis algumas causas. Primeiro um nobre caràter, orgulhoso, vivo, sem dissimulação, é parado imediatamente, ele não tem o espìrito administrativo.
Em segundo aqueles que atravessam a primeira porta, se abaixando um pouco, não se levantam jamais completamente.
Eles fazem casamentos ricos, que os jogam em uma vida luxuosa e no embaraço do dinheiro; eles participam das coisas pùblicas; e ao mesmo tempo eles aprendem as astùcias pela quais nòs governamos o parlamento e os ministros; aquele que quer conservar alguma franqueza ou algum sentimento democràtico, ou alguma fé nas idéias, encontra mil obstàculos indefinìveis que o afastam e o atrasam; existe uma segunda porta, uma terceira porta onde sò passam as velhas raposas que compreenderam bem o que é a diplomacia e o espìrito administrativo; sò resta para eles, de suas antigas virtudes uma fidelidade inabalàvel nas tradições, no espìrito de corpo, na solidariedade burocràtica. A idade enfim gasta o que lhes resta de generosidade e de invenção. È assim que eles são reis. E não sem pequenas virtudes; mas suas grandes virtudes estão usadas. O povo não reconhece mais seus filhos. Esta é a Razão pela qual o Esforço Democràtico é uma Necessidade Rigorosa.

- 10 février 1911 -
- Alain - Propos sur les pouvoirs - .

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