segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Crise polìtica - Resultado de um desvio filosòfico

[.....] Nòs podemos também considerar a resposta que Rortry dava à nossa questão : o que o senhor faria se o senhor ensinasse a Téhéran ? " Eu procuraria as passagens liberais do Alcorão ", - (Do pragmatismo em polìtica", Le Banquet, n° 3, 2° semestre 1993, pg.14) - ressaltando todavia que seria uma atitude de "questão pràtica" . Sua resposta não era evidentemente filosòfica, mas sem dùvida polìtica. Sua preucupação não era de se pronunciar sobre o caràter liberal ou não do Alcorão, mas de tentar difundir os princìpios liberais em uma sociedade teocràtica. Se ele não agiu dessa maneira em filosòfo, sua resposta foi realmente filosòfica, pois a filosofia pode nos dizer que nòs sò podemos nos comportar dessa maneira se nòs temos uma preferência liberal e, mais amplamente, se em um dado momento e em circunstâncias particulares nòs colocamos nossa idéia de dever polìtico antes da preucupação da verdade. Essa leitura pragmàtica esclarece aquela que pode conduzir os filòsofos fundadores: ou eles acreditam no que eles pretendem realizar, e eles se enganam; ou eles não acreditam nisso e nòs podemos afirmar que eles têm uma estratégia. Todavia ela não é filosòfica, mas verdadeiramete polìtica. Cada um, por razões verdadeiramente conformes à democracia, pode desejar mostrar que é preciso ser tolerante, respeitar os direitos, repudiar o racismo, etc. Essas causas polìticas podem justificar (a nossos olhos ) que nòs utilizamos todos os meios a nossa disposição, e particularmente a retòrica, para fazê-los triunfar. Se o povo espera os fundamentos considerando uma necessidade antropològica de crença, o objetivo pode justificar que nòs façamos o esforço de fazer acreditar. Existe nisso mais do que um interesse de butique - , na realidade uma concepção da civilização. Nòs podemos então ao mesmo tempo respeitar politicamente essa atitude e desmascara-la filosoficamente ( em um livro de filosofia por exemplo que não tem vocação para ser lido publicamente nas reuniões eleitorais).
È também em virtude do princìpio de separação das ordens que nòs podemos esperar alcançar uma compreensão exata da especificidade do polìtico, que é o domìnio das paixões. Ele pode ser assaz razoàvel, considerando suas finalidades, para o polìtico procurar jogar no registro da emoção tentando convencer sobre a realidade de um escândalo, de chamar o povo ao combate contra a injustiça e lhe fazer conscientizar-se de males intoleràveis. Isto não poderia ser o registro do discurso do filòsofo. Nòs sò poderemos julgar, em um plano rigorosamente polìtico e não filosòfico, do fundamento positivo desse apelo à emoção em função de nossa apreciação dos fins dessa atitude. Se eles nos parecem ignòbeis, se a emoção é um artifìcio para dissimular realidades que não podem ser reveladas, se, em suma, ela é um instrumento de mentira, nòs não deveremos lhe conceder a mìnima consideração. È igualmente por essa razão que nòs percebemos melhor os diferentes aspectos da ação polìtica, que pode utilizar ora uma forma de racionalidade argumentativa, ora os movimentos populares, que nòs teremos uma melhor compreensão da realidade. Nòs então sò saberìamos a partir desse momento fazer da polìtica real, além dos ideais de educação, de luz e de razão que nòs desejamos promover, um decalque imitàvel da discussão filosòfica. Em suma, a filosofia impõe uma utilização moderada, quer dizer crìtica, da filosofia.

- Nicolas Tenzer - Pour une nouvelle philosophie politique - Cap. 2 - A crise polìtica, resultado de um desvio filosòfico.

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