quarta-feira, 9 de abril de 2008

La Kabbale - Introdução

Compreender.

A kabbale começou no século XII em reação contra uma tradição julgada demasiadamente abstrata, ela infundiu uma parte de sonho no judaìsmo. Uma aproximação esotérica que soube falar ao coração dos fiés. Por isso sua grande influência.


Kabbale.

Para compreender o nascimento da kabbale no judaìsmo rabbinique e para apreender corretamente sua difusão, é importante de se interrogar sobre a terminologia e a maneira pela qual os adeptos dessa corrente esotérica se definiam eles mesmos.
O termo kabbale, derivado do hebreu kabbala, significa recepção de uma transmissão, legs espiritual transmitido pela gerações precedentes. Os adeptos dessa corrente que apareceu no curso do século XII, mas que tinha raìzes remontando à Antiguidade, se consideravam investidos pela autêntica tradição do judaìsmo original e se chamavam os meqbbalim, os kabbalistes.
Atràs dessa afirmação identitària, nòs podemos perceber um processo de ilegitimidade contra os partidàrios da filosofia de Maïmonide ( 1135 - 1204 ), que parecia se afastar da pràtica religiosa para se consagrar à contemplação pura. A evacuação sistemàtica de todos os anthropomorphismes bìblicos de qual se dedica Maïmonide no seu livro Guide des égarés fazia recear a emergência de um judaìsmo abstrato e desencarnado. Além de sua essência profunda que continha desde suas origens grandes riquezas, o movimento kabbaliste foi então principalmente uma reação de defesa face a uma formulação intelectualista do judaìsmo.
Se nòs procuramos os traços dessa corrente na literatura judia tradicional, por exemplo o Talmud, nòs descobrimos poucos elementos, o que não quer dizer que eles nunca existiram. Uma mão editorial pode ter censurado elementos muito mìsticos, dificilmente assimilàveis para o judeu crente comum.
Se nòs deixamos de lado a primeira obra da cosmogonia judia, o Sefer yetsira ( " Livro da criação ou da formação", mais ou menos em 946), a principal compilation francamente mytique é o Sefer-ha-Bahir, o " Livre de l'éclat", de qual o tìtulo é uma reminiscência do livro de Job. Esse texto apresenta novas concepções com relação à teologia rabbinique. Nòs podemos ler nele uma referência à teoria das transmigrações das almas, se bem que o termo especìfico, guilgoul, não seja nunca pronunciado....
Seus primeiros folhetos começaram a ser citados mais ou menos em 1170-1180, mas é um século mais tarde que a kabbale ia receber suas " lettres de noblesse" com O Zohar, o " Livre de la splendeur". Ele se tornou a Bìblia da kabbale, ele constitue o indispensàvel " arrière-plan" religioso de todos os movimentos que " prirent leur essor dans son sillage", e particularmente as especulações mìsticas do falso messias Sabbataï Zewi.
O termo Zohar serve de tìtulo a um corpus literàrio composite de qual a redação se estende sobre vàrias décadas. Na realidade, ele sò designava a parte principal, de qual o autor é identificado: Moïse de Léon, que no Zohar recorre ao aramaico afim de fazer acreditar na paternidade literària de um sàbio talmudique do século II, Siméon bar Yohai.



Uma leitura mìstica da Torah.

O que não deixa de surpreender mesmo os sàbios atuais, é a força com a qual o corpus zoharique triunfou com relação a todas as crìticas destruindo suas pretensões à Antiguidade. Mesmo os talmudistes sensatos acabaram se colocando " sob a bannière" de um texto que recebeu a estampilha canônica. Dois eventos històricos militaram objetivamente a seu favor: a propagação no meio judeu das teses do filòsofo muçulmano Averroès ( 1126 - 1198) - que provocaram, ao que parece, uma epidemia de conversões ao cristianismo - e a expulsão dos judeus da Espanha ( 1492).
Desde sua emergência como uma nova tradição mas que se considerava como a transmissão autêntica da religião de Israel, o corpus zoharique se enriqueceu de constribuições positivas literàrias novas, de quais as mais importantes são Le Berger fidèle ( uma anàlise simbòlica dos preceitos bìblicos), os Additifs du Zohar e Le Nouveau Zohar.
Como definir o Zohar ? Trata-se de um comentàrio mìstico da Torah. O Zohar retoma quase sempre as interpretações tradicionais elevando-as com um sabor mìstico. Comparada à exégèse bìblica inspirada por Maïmonide, que inseria no Pentateuque dados da filosofia grega, a interpretação zoharique fala ao coração do judeu crente e povoa seu universo mental de noções e de figuras familiares ( os sefirot ).
No plano doutrinal, nòs podemos evocar todavia duas noções rigorosamente idênticas na teologia rabbinique anterior: a concepção de uma unidade dinâmica da divindade, que se articula em torno de dez sefirot, que é proibido de isolar umas das outras excepto para analisa-las. E a noção do mal apresentada como um domìnio quasi autônomo com relação à vontade divina, e que o autor do Zohar chama estranhamente " o outro lado". Uma tal designação do mal acreditou a idéia de uma "gnose judia" onde dois princìpios se apoiam.....
Quando aconteceu a expulsão dos judeus da Espanha, eles não podiam dar ao decreto funesto que caiu sobre eles uma resposta de mesma natureza, eles a trasporam ao plano mìstico. O drama que se abateu sobre Israel havia tocado à divindade ela mesma pois essa ùltima, por intermédio dos sefirot, compartilhava as alegrias e as tristezas dos judeus. O drama de um ùnico povo tornava-se então um drama còsmico. Assim nasceu no meio do século XVI a "kabbale de Safed", dita lourianique, do nome de seu fundador, Isaac Louria.Ela se articula em torno de três temas: Deus, que ocupava o espaço virtual precedendo a criação, se autocontracte para liberar um espaço no seio do qual o mundo criado se coloca: é a doutrina do tsimt-soum. Para manter esse mundo na vida, Deus lhe insufla um élixir dentro de vasos. Por infelicidade, eles explodem sob o peso do fluxo divino, espalhando a preciosa semente nos quatro cantos do universo. È a doutrina do " bris des vases ", que lembra o modo de acasalamento do masculino e do feminino. Louria passa em seguida desse simbolismo sexual ao simbolismo da luz: trata-se de recolher as divinas parcelas de luz em um universo mergulhado na obscuridade da impureza. È a missão assignada ao orant judeu de quem as preces fazem remontar essas centelhas em direção das regiões superiores originais. È o princìpio do tikkun, a restauração da harmonia còsmica anterior.....Nòs estamos aqui muito longe das prescripções talmudiques de quais todo simbolismo estava ausente.


Mìstica contra filosofia

Essa kabbale lourianique, tão mal compreendida por Sabbatai Zewi, é inseparàvel da heresia do falso messias: com efeito, ele chegou a conclusão que a melhor maneira de realizar a Lei era de viola-la.....
Mas através de uma virtude de autoregeneração de qual a història do judaìsmo tem o segredo, a seita dos hassidim do século XVIII "descontaminou" de uma certa maneira a àrvore sabbaïte. Ela a livrou de um elemento messianico explosivo e que foi substituìdo por uma atitude mais progressiva e individual: a devékut, a adesão a Deus.Como explicar essa estranha carreira da mystique no seio do judaìsmo ?
Quando nòs analisamos os ingredientes da kabbale, nòs constatamos que a corrente esotérica se inspirou do exterior e da corrente filosòfica. O problema é que a kabbale ganhou a batalha do livro das orações onde ela soube inserir suas concepções e suas idéias. Os filòsofos, herdeiros de Maïmonide, se desinteressaram dela. Mas a verdadeira razão da emergência e da predominância da kabbale, ainda hoje, é relativa talvez ao fato que, de uma maneira incompreensìvel, a alma judia escolheu o sonho....


- Maurice-Ruben Hayoun, diretor do Centro de pesquisas e estudos hebraìcos da universidade de Strasbourg, especialista de Maïmonide. Ele publicou La Philosophie Juive ( Armand Colin, 2004 ).

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