O taoísmo é uma grande corrente de pensamento que influencia profundamente desde a Antiguidade toda a cultura chinesa. Ele deu origem a uma religião ritualista fundada no culto de Lao-tse, filósofo que foi transformado em deus.
Ensinamento da Via
Dois termos em chinês correspondem à palavra taoísmo em francês: daojia e daojiao, literalmente "família da Via" e "ensinamento da Via". O primeiro designa o taoísmo filosófico associado aos livros de Lao-tse e de Tchouang-tseu, e de quais o essencial remonta ao século IV antes de nossa era. O segundo se refere ao taoísmo religioso que começa como movimento sectário no século II. Esse movimento várias vezes chamado "Via dos Mestres celestes" preconizava a recitação do único texto de Lao-tse.
Se o aprendizado dos clássicos confucéens que se sucedem do século VIII ao século XII antes de nossa era, sempre constituiu a base da educação dos letrados na China, também havia, em todas as épocas, membros dessa elite que se interessava ao pensamento de Lao-tse e de Tchouang-tseu, e os comentários sobre esses dois textos são abundantes. A partir do século III de nossa era, alguns letrados começaram igualmente a se interessar ao budismo, as vezes para "sair desse mundo" tornando-se monge, mas sobretudo para procurar a unidade profunda dos "três ensinamentos": budismo, confucionismo e taoísmo. Desde o século V, a corte organizou debates entre os representantes dessas três "doutrinas" e, muitas vezes, esses debates conduziram à supressão sempre fugaz, ou do budismo ou do taoísmo, mas nunca do confucionismo, no qual os clássicos fundavam os sacrifícios dos antepassados e o sacrifício supremo dos "Filhos do céu" - o Imperador - no Céu.
A religião taoístas se encontrava então em concorrência com o budismo, pois todas duas apresentavam vias de salvação para os indivíduos: todas duas criavam também comunidades que, deixando aos antepassados seus lugares, se construíam sobretudo em torno do culto de divindades.
Para os taoístas, o deus supremo era o antigo filósofo Lao-tse ("Velho Mestre") convertido em Laojun ("Velho Senhor"). Do Velho Mestre, a história só conservou lendas que o faziam ora o mestre de Confúcio ele mesmo, ora um especialista de prática conduzindo à imortalidade.
Essas lendas eram alimentadas também pelo fato que o Lao-tse contem passagens sobre o caráter misterioso e transcendente do Tao. Antigos comentários se apoiavam nele para fazer um manual esotérico das práticas de conduta do sopro (tchi) e de meditação dos "adeptos do Tao" (daoshi) - A Via dos Mestres celestes fez dele um texto central, destinado a ser recitado pelos adeptos e a ser explicado pelos chefes do movimento. Fundada mais ou menos no meio do século II após J. C., essa Via se organiza em teocracia no norte de Sichuan. Em 215, Tchan hu, terceiro "Mestre celeste" e neto do fundador, Tchang Tao Ling, se rendeu ao chefe de guerra Cao Cao em troca de títulos para ele e seus cinco filhos. Do detalhe da integração da Igreja no Estado, nós ignoramos quase tudo, menos que a Igreja começou a se espalhar na China e a fazer adeptos na elite.
Qual era a proposição dela? Regras de vida; um panthéon de deuses administradores; um método de cura através a confissão e o envio de requerimentos escritos modelados nessa administração imperial; uma via em direção da salvação através a meditação sobre os espíritos interiores: enfim, uma comunidade de entreajuda.
Toda pessoa que ficava doente devia primeiro se confessar. Em seguida sua confissão redigida em três exemplares, era "enviada" aos Três Oficiais que presidiam o Céu, a Terra e o mundo subterrâneo das Águas. Para cada doença ou transtorno, havia também um funcionário divino a quem o padre devia enviar um requerimento. Para se proteger contra as infelicidades o adepto recebia, desde a idade de 7 anos, uma série de "listas" (lu) de generais divinos. Meninos e meninas recebiam listas complementarias que eram "conjugadas" na idade adulta em um ritual de união sexual presidido por um padre. Em uma China onde se desenvolviam os monges budistas, esses ritos sexuais tornaram-se rápido o objeto de polêmicas que contribuíram ao desenvolvimento de formas monacais do taoísmo desde o século V.
Os Mestres celestes
Se a Via dos Mestres celestes jogou dessa maneira as bases do ritual da religião taoísta, ela não sobreviveu como Igreja. A concorrência budista, as críticas contra suas práticas e, sobretudo, o caráter decidido confucéen do Estado chinês acabaram com a organização eclesiástica, que só subsiste nas suas fileiras de padres.
Em todo lugar na China atualmente, mais no sul do que no norte, ainda se encontram famílias de padres que fazem sob encomenda rituais comunitários: cura dos doentes, obtenção de méritos para os defuntos ou oferendas ao Tao para as comunidades organizadas em torno de seus deuses e de seus templos. A primeira dessas fileiras é a de Tchang Tao Ling, de quem o descendente da 64ª geração vive em Taiwan: existem dois pretendentes para a sucessão na China.
O taoísmo tem poucos adeptos na China atualmente, mais várias práticas "taoístas" se espalham no mundo. Entre elas, o tai chi tchuan, ou boxe chinês, é de origem taoísta, e as artes marciais e sexuais, assim que o tchi kong ("trabalho do sopro") são em parte de inspiração taoísta. A geomancia e a adivinhação ligada ao Yijing, não teem rigorosamente nada em comum com o taoísmo.
- John Lagerwey, diretor de estudos na Escola de Altos estudos (EPHE), autor, entre outros, do Continent des esprits: la Chine dans le miroir du taoïsme (La Renaissance du Livre, 1991).
Ensinamento da Via
Dois termos em chinês correspondem à palavra taoísmo em francês: daojia e daojiao, literalmente "família da Via" e "ensinamento da Via". O primeiro designa o taoísmo filosófico associado aos livros de Lao-tse e de Tchouang-tseu, e de quais o essencial remonta ao século IV antes de nossa era. O segundo se refere ao taoísmo religioso que começa como movimento sectário no século II. Esse movimento várias vezes chamado "Via dos Mestres celestes" preconizava a recitação do único texto de Lao-tse.
Se o aprendizado dos clássicos confucéens que se sucedem do século VIII ao século XII antes de nossa era, sempre constituiu a base da educação dos letrados na China, também havia, em todas as épocas, membros dessa elite que se interessava ao pensamento de Lao-tse e de Tchouang-tseu, e os comentários sobre esses dois textos são abundantes. A partir do século III de nossa era, alguns letrados começaram igualmente a se interessar ao budismo, as vezes para "sair desse mundo" tornando-se monge, mas sobretudo para procurar a unidade profunda dos "três ensinamentos": budismo, confucionismo e taoísmo. Desde o século V, a corte organizou debates entre os representantes dessas três "doutrinas" e, muitas vezes, esses debates conduziram à supressão sempre fugaz, ou do budismo ou do taoísmo, mas nunca do confucionismo, no qual os clássicos fundavam os sacrifícios dos antepassados e o sacrifício supremo dos "Filhos do céu" - o Imperador - no Céu.
A religião taoístas se encontrava então em concorrência com o budismo, pois todas duas apresentavam vias de salvação para os indivíduos: todas duas criavam também comunidades que, deixando aos antepassados seus lugares, se construíam sobretudo em torno do culto de divindades.
Para os taoístas, o deus supremo era o antigo filósofo Lao-tse ("Velho Mestre") convertido em Laojun ("Velho Senhor"). Do Velho Mestre, a história só conservou lendas que o faziam ora o mestre de Confúcio ele mesmo, ora um especialista de prática conduzindo à imortalidade.
Essas lendas eram alimentadas também pelo fato que o Lao-tse contem passagens sobre o caráter misterioso e transcendente do Tao. Antigos comentários se apoiavam nele para fazer um manual esotérico das práticas de conduta do sopro (tchi) e de meditação dos "adeptos do Tao" (daoshi) - A Via dos Mestres celestes fez dele um texto central, destinado a ser recitado pelos adeptos e a ser explicado pelos chefes do movimento. Fundada mais ou menos no meio do século II após J. C., essa Via se organiza em teocracia no norte de Sichuan. Em 215, Tchan hu, terceiro "Mestre celeste" e neto do fundador, Tchang Tao Ling, se rendeu ao chefe de guerra Cao Cao em troca de títulos para ele e seus cinco filhos. Do detalhe da integração da Igreja no Estado, nós ignoramos quase tudo, menos que a Igreja começou a se espalhar na China e a fazer adeptos na elite.
Qual era a proposição dela? Regras de vida; um panthéon de deuses administradores; um método de cura através a confissão e o envio de requerimentos escritos modelados nessa administração imperial; uma via em direção da salvação através a meditação sobre os espíritos interiores: enfim, uma comunidade de entreajuda.
Toda pessoa que ficava doente devia primeiro se confessar. Em seguida sua confissão redigida em três exemplares, era "enviada" aos Três Oficiais que presidiam o Céu, a Terra e o mundo subterrâneo das Águas. Para cada doença ou transtorno, havia também um funcionário divino a quem o padre devia enviar um requerimento. Para se proteger contra as infelicidades o adepto recebia, desde a idade de 7 anos, uma série de "listas" (lu) de generais divinos. Meninos e meninas recebiam listas complementarias que eram "conjugadas" na idade adulta em um ritual de união sexual presidido por um padre. Em uma China onde se desenvolviam os monges budistas, esses ritos sexuais tornaram-se rápido o objeto de polêmicas que contribuíram ao desenvolvimento de formas monacais do taoísmo desde o século V.
Os Mestres celestes
Se a Via dos Mestres celestes jogou dessa maneira as bases do ritual da religião taoísta, ela não sobreviveu como Igreja. A concorrência budista, as críticas contra suas práticas e, sobretudo, o caráter decidido confucéen do Estado chinês acabaram com a organização eclesiástica, que só subsiste nas suas fileiras de padres.
Em todo lugar na China atualmente, mais no sul do que no norte, ainda se encontram famílias de padres que fazem sob encomenda rituais comunitários: cura dos doentes, obtenção de méritos para os defuntos ou oferendas ao Tao para as comunidades organizadas em torno de seus deuses e de seus templos. A primeira dessas fileiras é a de Tchang Tao Ling, de quem o descendente da 64ª geração vive em Taiwan: existem dois pretendentes para a sucessão na China.
O taoísmo tem poucos adeptos na China atualmente, mais várias práticas "taoístas" se espalham no mundo. Entre elas, o tai chi tchuan, ou boxe chinês, é de origem taoísta, e as artes marciais e sexuais, assim que o tchi kong ("trabalho do sopro") são em parte de inspiração taoísta. A geomancia e a adivinhação ligada ao Yijing, não teem rigorosamente nada em comum com o taoísmo.
- John Lagerwey, diretor de estudos na Escola de Altos estudos (EPHE), autor, entre outros, do Continent des esprits: la Chine dans le miroir du taoïsme (La Renaissance du Livre, 1991).
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