"Minhas caras crianças, como o poder nos escuta hoje, eu quero reunir em poucas palavras o que eu tive a ocasião de vos dizer com relação à polìtica. O primeiro artigo, o mais antigo, o mais conhecido, é que é preciso obedecer aos poderes, eu compreendo voluntariamente, sem restrição e da melhor maneira possìvel. Isso vai longe. Obedecer as leis em primeiro lugar, mas também executar rapidamente as ordens recebidas. Seja na inundação, seja no incêndio, e sobretudo no estado de guerra, disso depende a vida talvez; mas eu não vejo de maneira alguma poderes possìveis sem essas condições, nem uma ação comum possìvel. O juramento de obedecer deve então sempre ser renovado em vossos corações. Quando ele serà renovado publicamente cada ano, eu verei nesse ato uma bela festa. A vossas ordens, César." È bom dizer que o homem que falava assim tinha um braço a menos, e uma fama de soldado exemplar. Seu discurso não soava oco.
O homem sem medo e exemplar ainda tinha alguma coisa para dizer." È preciso, ele diz, uma compensação. Esse contrato entre os cidadãos e o poder não pode ser feito de maneira que um tenha todos os direitos e que o outro não tenha nenhum. Nòs não devemos discutir sobre o direito de agir, de possuir, de louvar seu trabalho, de recusa-lo, e de exprimir o que nòs pensamos. Esses direitos, da mesma maneira que o direito de eleger, de criticar, de controlar, são regulados por leis que são as melhores possìveis. Mas eu deixo esse detalhe para poder falar do essencial que é o dever de pensar livremente. Assim que o cidadão é crédulo, todos os direitos são abolidos. È necessàrio não acreditar. È muito difìcil de não acreditar no que diz um homem eloquente e que ocupa o cargo mais elevado. Mas compreendam também que um tal homem defende sempre ele mesmo, que ele é juiz e parte civil, que ele é rodeado de lisonjeadores, que enfim ele exerce o poder, coisa embriagadora, e que provoca a cegueira. Ele serà enganado, ele se enganarà a ele mesmo.
A història dos povos, como eu vos mostrei, é a història dos erros onde cai naturalmente todo poder que governa também os pensamentos. Então examinem, estudem, se informem, e se escutem uns aos outros. Nos casos difìceis, saibam duvidar. A opinião reina sempre; ela se faz sentir através do voto, mas bem antes do voto. Cada um de vocês é parte da opinião e moderador do poder. O fato de recusar de acreditar é suficiente.
" Mais uma palavra sobre isso, meus amigos. Não aclamem de maneira alguma. A aclamação volta para vocês e toca vossos corações. O cidadão se encontra além de seu pròprio julgamento, o poder aclamado acredita ser amado e infalìvel, toda liberdade està perdida. O pesado dever de obedecer não é mais limitado nem equilibrado por nada. Eu descrevo aqui novos hàbitos; eu vos falo de um difìcil dever. Mas, meus amigos, se nòs queremos ser livres, é preciso querer. E nunca esqueçam que os poderes serão moderados, prudentes, circunspetos, preservados para sempre da suficiência, razoàveis enfim, e moderadores de vossos bens e de vossas vidas, se simplesmente vocês vos privarem de aplaudir."
O agradàvel é que o poder mais obscuro não pode encontrar nada para criticar nesse discurso; mais ele ferve ao escuta-lo; ele gostaria de chamar seus guardas; ele espera, ele chama do fundo do coração a desobediência, esse outro guarda dos reis.
- 3 de dezembro de 1923
-Alain - Propos sur les pouvoirs - pg 164, 166.
O homem sem medo e exemplar ainda tinha alguma coisa para dizer." È preciso, ele diz, uma compensação. Esse contrato entre os cidadãos e o poder não pode ser feito de maneira que um tenha todos os direitos e que o outro não tenha nenhum. Nòs não devemos discutir sobre o direito de agir, de possuir, de louvar seu trabalho, de recusa-lo, e de exprimir o que nòs pensamos. Esses direitos, da mesma maneira que o direito de eleger, de criticar, de controlar, são regulados por leis que são as melhores possìveis. Mas eu deixo esse detalhe para poder falar do essencial que é o dever de pensar livremente. Assim que o cidadão é crédulo, todos os direitos são abolidos. È necessàrio não acreditar. È muito difìcil de não acreditar no que diz um homem eloquente e que ocupa o cargo mais elevado. Mas compreendam também que um tal homem defende sempre ele mesmo, que ele é juiz e parte civil, que ele é rodeado de lisonjeadores, que enfim ele exerce o poder, coisa embriagadora, e que provoca a cegueira. Ele serà enganado, ele se enganarà a ele mesmo.
A història dos povos, como eu vos mostrei, é a història dos erros onde cai naturalmente todo poder que governa também os pensamentos. Então examinem, estudem, se informem, e se escutem uns aos outros. Nos casos difìceis, saibam duvidar. A opinião reina sempre; ela se faz sentir através do voto, mas bem antes do voto. Cada um de vocês é parte da opinião e moderador do poder. O fato de recusar de acreditar é suficiente.
" Mais uma palavra sobre isso, meus amigos. Não aclamem de maneira alguma. A aclamação volta para vocês e toca vossos corações. O cidadão se encontra além de seu pròprio julgamento, o poder aclamado acredita ser amado e infalìvel, toda liberdade està perdida. O pesado dever de obedecer não é mais limitado nem equilibrado por nada. Eu descrevo aqui novos hàbitos; eu vos falo de um difìcil dever. Mas, meus amigos, se nòs queremos ser livres, é preciso querer. E nunca esqueçam que os poderes serão moderados, prudentes, circunspetos, preservados para sempre da suficiência, razoàveis enfim, e moderadores de vossos bens e de vossas vidas, se simplesmente vocês vos privarem de aplaudir."
O agradàvel é que o poder mais obscuro não pode encontrar nada para criticar nesse discurso; mais ele ferve ao escuta-lo; ele gostaria de chamar seus guardas; ele espera, ele chama do fundo do coração a desobediência, esse outro guarda dos reis.
- 3 de dezembro de 1923
-Alain - Propos sur les pouvoirs - pg 164, 166.
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