sexta-feira, 23 de março de 2007

Governo de unidade da ANP reconhece Israel, diz Abbas


O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, disse que o novo governo de união nacional reconhece o Estado de Israel, e que espera um acordo de paz "em um ano, ou antes", em entrevista que será transmitida nesta sexta-feira, 23, pelo Canal 1 da televisão pública israelense.
Na entrevista ao correspondente de assuntos árabes do canal, Oded Granot, Abbas disse que o novo Executivo de união formado pelo nacionalista Fatah (do qual faz parte) e pelo islâmico Hamas, cumprindo os acordos assinados pela ANP com Israel, reconhece o Estado judeu.
Segundo Abbas, "há dois meses o Hamas não fala em destruir e não reconhecer o Estado de Israel", antecipou o jornalista israelense.
Abbas, contato palestino mais freqüente do primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, disse que é preciso diferenciar o novo governo da ANP da ideologia do movimento islâmico Hamas, ao qual pertence o primeiro-ministro Ismail Haniyeh.
Boicote israelense
No domingo, o Gabinete nacional de Israel decidiu - por 19 votos a favor contra duas abstenções - manter o boicote imposto há um ano ao primeiro governo de Haniyeh, formado por representantes do Hamas.
O novo Executivo "atua sob minhas ordens e sou eu o encarregado das negociações para um acordo (de paz) com Israel", afirmou o presidente da ANP e líder do Fatah, que tem o apoio da comunidade internacional para isso.
Segundo Abbas, Olmert - com quem se reuniu três vezes desde dezembro - comprometeu-se com ele e com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, a negociar com os palestinos.
O governo de Israel condiciona o começo das negociações ao cumprimento pelos palestinos das exigências do Mapa do Caminho, plano de paz do Quarteto de Madri (Estados Unidos, União Européia (UE), Rússia e ONU), entre elas o fim da violência.
Segundo a plataforma do novo governo da ANP, os acordos firmados com Israel terão que passar por votação no Conselho Legislativo ou consulta pública, inclusive entre os milhões de refugiados da primeira guerra árabe-israelense de 1948.
Segundo o jornalista, Abbas estaria "amarrado" por esta cláusula. No entanto, o presidente da ANP considerou correta a prática de levar os acordos ao Parlamento para aprovação, e disse acreditar que haverá acordo entre os 132 membros, a maioria do Hamas.
Abbas também disse ao correspondente que, atualmente, está reestruturando o Conselho Nacional Palestino, órgão vinculado à Organização para a Libertação da Palestina (OLP) no qual estão representados moradores da Cisjordânia, de Gaza e Jerusalém Oriental, além dos refugiados, a maioria concentrados em campos do Líbano e da Jordânia.
Hamas
O movimento Hamas, fundado em 1987 em Gaza, não pertence à coalizão da OLP, controlada pelo Fatah, mas poderia integrar-se Futuramente.
Segundo Abbas, "será natural" que o Hamas queira exercer sua influência e até mesmo tomar o controle do órgão, "o que não significa que vá conseguir".
Na noite de quinta-feira, o "Canal 1" antecipou as declarações de Abbas sobre a troca do soldado Gilad Shalit, capturado em junho do ano passado por comandos palestinos do Hamas e outras facções palestinas, que condicionam sua libertação à de centenas de prisioneiros dos cerca de 10 mil palestinos presos em Israel.
O presidente da ANP disse que chegou,junto com Olmert, a uma fórmula para realizar a troca, e que espera que esta seja concretizada muito em breve, embora não deu outros detalhes.

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