terça-feira, 21 de agosto de 2007

A filosofia como sistema

" Exprimir o Verdadeiro, não como substância, mais também como sujeito "

.Segundo minha maneira de ver, que serà justificada apenas na apresentação do sistema, tudo depende desse ponto essencial: apreender e exprimir o Verdadeiro, não como substância, mas precisamente também como sujeito. [.....]
O verdadeiro é o todo. Mais o todo é apenas a essência se desenvolvendo e se realizando na medida do seu desenvolvimento. Do Absoluto é preciso dizer que ele é essencialmente Resultado, quer dizer que no fim ele é apenas o que ele é na verdade.[....]A verdadeira figura na qual a verdade existe sò pode ser o sistema cientìfico dessa verdade. Colaborar nessa tarefa, aproximar a filosofia da forma da ciência - esse objetivo alcançado, ela poderà depositar seu nome de " amor do saber " para ser efetivamente real - eis a minha proposta

.- A Fenomenologia do Espìrito, Prefàcio, Trad. J. Hyppolite, Aubier - Montaigne, 1941

Estética

[.....] Pois todas [ as ciências], fazendo parte de um sistema que tem por objeto o conhecimento do universo como formando um todo organizado, estão em uma relação contìnua e se supõem reciprocamente. Elas são como os grilhões de uma corrente que volta sobre ela mesma e forma um cìrculo.

- Estética, Tome I, Trad. C. Bénard, Germer - Baillère, 1875.



Enciclopédia das Ciências Filosòficas

Filosofar sem sistema não tem nada de cientìfico. Ainda mais que uma tal filosofia sò exprime vistas subjetivas, ela é acidental no conteùdo. Um conteùdo sò tem valor como um momento do conjunto: fora disso, ele é apenas uma suposição gratuìta ou uma certeza puramente pessoal. Por outro lado, està errado de dar o nome de filosofia a uma filosofia fundada em um princìpio limitado e distinto, o princìpio de uma filosofia verdadeira, é de encerrar todos os princìpios particulares.
[.....]
A enciclopédia das ciências filosòficas se distingue das Enciclopédias ordinàrias no fato que estas são em geral apenas um agregado de diversas ciências que nòs reunimos de uma maneira arbitrària e empìrica, e entre as quais existem aquelas que sò tem o nome de ciência, e sò oferecem elas mesmas uma reunião de conhecimentos.
[......]
Cada uma das partes da filosofia é um todo sistemàtico, uma esfera a parte; mais a idéia filosòfica se encontra em uma determinação particular, em um elemento especial. Todavia, precisamente porque cada cìrculo é uma totalidade em si, ele sai dos limites de seu elemento e torna-se a base de uma esfera mais vasta.
O todo se apresenta em consequência como um cìrculo dos cìrculos, dos quais cada um é um elo necessàrio, de tal maneira que o sistema de todos os elementos respectivos exprime a idéia total, que se encontra ao mesmo tempo em cada idéia particular.

- Hegel, Enciclopédia das Ciências Filosòficas ( 1817), 14 sq., Trad.A.Véra, Germer - Baillière, 1867 - 1869.


A Ciência da lògica


[....] A relação do conhecimento especulativo [ a filosofia] com as outras ciências consiste no que estas tiram da experiência, mais a filosofia admite e emprega essa relação; que consiste, em outros termos, no fato que ela reconhece o geral, as leis, os gêneros que as ciências contêm, e de fato o seu conteùdo, mais introduzindo ao mesmo tempo nessas categorias outras categorias, e comunicando dessa maneira às primeiras o valor e a significação pròpria delas. A diferença entre ela e essas ciências sò consiste nessa ponto de vista na mudança dessas categorias.

- Hegel, A Ciência da lògica ( 1812 - 1816 ), IX, Trad. A.Véra, Germer - Baillière, 1874.

A filosofia como sistema

Hegel é considerado nos dias de hoje como o filòsofo do sistema. Seguindo o exemplo de Spinoza, ele construiu sua filosofia na forma de um sistema cientìfico de qual todas as partes são ligadas entre elas pela razão. Elas se inscrevem em " uma relação mùtua e que se supõem reciprocamente". Essa alta idéia da razão se situa na herança do pensamento moderno. Hegel não vê mais com efeito na filosofia um simples " amor da sabedoria" - filosofia, em grego, vem das palavras philo, amor, e sophia, sabedoria - mais um " saber efetivamente real".


O ser e o pensamento


Seu estìmulo é um problema que atormenta o pensamento de Kant, que é o mestre incontestàvel do Aufklärung, o Iluminismo alemão. Kant com efeito estabeleceu um abismo entre o pensamento e o ser, entre o entendimento e a inacessìvel coisa em si. Na qualidade de idealista alemão, ao contràrio, Hegel afirma a identidade do ser e do pensamento. Sua originalidade consiste a pensar que essa reconciliação é o resultado de um trabalho progressivo do espìrito, trabalho que se inscreve no tempo da història do mundo.
Em 1817, dez anos apois a publicação do livro A Fenomenologia do espìrito, ele publica o livro " Précis de l'encyclopédie des sciences philosophiques", no qual ele mostra como os conceitos fundamentais das ciências se organizam racionalmente em um todo orgânico e evolutivo. A lògica se ocupa dos conceitos fundamentais do pensamento puro, aplicàveis a todo objeto: ser, não-ser, qualidade, quantidade,substância, etc. A filosofia da natureza desenvolve os conceitos do que é objetivo e exterior: espaço, tempo, corpo, gênero, especie, etc. Enfim, a filosofia do espìrito mostra o percurso pelo qual o espìrito vem reconciliar-se com ele mesmo.
Para isso, o espìrito deve ultrapassar sua subjetividade e tornar-se objetivo. O "espìrito objetivo" é dessa maneira o Estado dotado de uma constituição na qual as leis são ao mesmo tempo produções do espìrito e das realidades objetivas.
Enfim, sua Encyclopédia se encerra nas três manifestações do "espìrito absoluto" que são, segundo ele, a arte, a religião e a filosofia.
Destas manifestações a filosofia é a ùltima expressão na medida em que seus objetos, os conceitos, são puras produções do espìrito, enquanto que na arte e na religião o espìrito ainda se mistura com a matéria ( o bronze, o tecido, etc.) ou as representações exteriores ( por exemplo, a vida do Cristo hà dois mil anos ).Com a filosofia, a identidade do sujeito e do objeto se encontra perfeitamente realizada. O sistema no fim, " alcança" seu pressuposto idealista.


Circularidade e encerramento

A palavra encyclopédia ela mesma implica essa circularidade: não vem ela do grego Kirklos, cìrculo ? Hegel concede com efeito seu sistema como "um cìrculo dos cìrculos".Essa circularidade permite ao sistema de voltar aos seus pròprios pressupostos para funda-los. Para Kierkegaard, pai do que nòs chamaremos o existencialismo e detrator de Hegel, essa idéia de sistema fechado projeta a filosofia fora da vida como ela é vivida, com suas dùvidas, suas esperanças, suas vontades. Ela supõe também que nòs possamos dominar os conceitos fundamentais de todas as ciências, o que parece muito ambicioso, sobretudo nos dias de hoje.
Por essa razão, os filòsofos fizeram uma cruz na pretensão hiperbòlica de Hegel. Mas, como nòs podemos ver no pensamento de Wittgenstein, Heidegger e seus herdeiros, a filosofia permanece no seu caminho: ela quer menos constituir um edificio conceitual sobre fundamentos seguros, como queria Descartes, do que cavar cada vez mais profundamente os pressupostos que determinam nosso pensamento.

- F.G -



Wittgenstein, Ludwig (1889-1951)

Figura filosòfica de grande importância do século XX, esse filòsofo britanico de origem austrìaca é antes de tudo um pensador da lògica e da linguagem. No seu primeiro perìodo, em Cambridge ao lado de Bertrand Russel, ele mostrou a impossibilidade do pensamento filosòfico ou mais precisamente, da linguagem filosòfica. No seu segundo perìodo, ele se interessou a linguagem ordinària e a seus "jogos" nos quais a vida social se organiza. A filosofia corresponde, para ele, a interferências entre as diferentes formas de vida ( e da linguagem ), que é preciso descobrir. Wittgenstein não procura mais fundar a linguagem mais a aprofundir os pressupostos de nossas " formas de vida".

Existencialismo

Trata-se menos de uma doutrina estabelecida do que de temas comuns a vàrios filòsofos ( Heidegger, Jaspers, Kierkegaard, Gabriel Marcel, Sartre....) que todos concedem uma grande importância a subjetividade e a anàlise concreta da vivência. Cada um està sozinho diante ele mesmo para decidir do sentido que ele darà a sua vida. Para o existencialismo cristão (Kierkegaard), a angùstia exprime sobretudo a transcendência absoluta de Deus no homem confrontado as escolhas éticas e religiosas. Para Heidegger, a angùstia não pode ser ultrapassada. Para Sartre, a absoluta contigência da existência torna impossìvel a existência de Deus mais permite ao homem de ser livre.

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