domingo, 22 de abril de 2007

Filosofia grega

8. O que é contrário é útil e é daquilo que está em luta que nasce a mais bela harmonia; tudo se faz através da discórdia.

41. A sabedoria consiste em uma única coisa, conhecer o pensamento que governa tudo em todos os lugares.

45. Nós não podemos encontrar os limites da alma, seja qual for o caminho, tanto eles são profundos.

49. Nós descemos e não descemos no mesmo rio; nós somos e não somos.

- Héraclite, Fragments choisis -


Parménide


I

As fugas que me levam ao bem querer dos meus desejos, voaram no caminho famoso da Divindade, que conduz o homem instruído em todos os lugares. [...]

A Deusa me recebe com benevolência, pega a minha mão direita na sua mão e me diz essas palavras: Menino, [...] seja o bem vindo; não foi um mau destino que te conduziu nesse caminho afastado do caminho dos homens; foi a lei e a justiça. É preciso que você aprenda todas as coisas, e o coração fiel da verdade que se impõe, e as opiniões humanas que são fora da verdadeira certeza.

II

Vamos, eu vou te dizer e você vai ouvir quais são as únicas vias de pesquisas abertas a inteligência; uma, que o ser é, que o não-ser não é, caminho da certeza, que acompanha a verdade; a outra, que o ser não é, e que o não-ser é obrigatoriamente, caminho onde, eu te digo, você não deve de maneira alguma te deixar seduzir por ele. Você não pode ter conhecimento do que não é, você não pode apreendê-lo nem o exprimir.

III

Pois o pensar e o ser são uma mesma coisa.

VI

É preciso pensar e dizer o que é; pois existe o ser; não existe o não-ser; eis o que eu te ordeno de proclamar. Eu te desvio dessa via de pesquisa, onde os mortais que não sabem nada se perdem [...]. Eles vão surdos e cegos, estúpidos e sem julgamento; eles acreditam que ser e não ser é a mesma coisa.[...]

VII

Jamais você fará que o que não é seja; desvie então teu pensamento dessa via de pesquisa [...].

- Parménide, De la nature - Fragments B VIII -


Sextus Empiricus

"Na origem de todas as coisas, existem os átomos e o vazio"

"Existem duas formas de conhecimento: uma verdadeira, a outra obscura. Ao conhecimento obscuro pertencem: a vista, a audição, o odor, o gosto, o tocar. O verdadeiro conhecimento é todo diferente. Quando o primeiro se revela incapaz de ver o mais pequenino, ou de ouvir, ou de sentir, ou de provar, ou de tocar e que é preciso levar suas pesquisas sobre o que é mais dificilmente perceptível por causa de sua fineza, então intervem o conhecimento verdadeiro que, ele, possui um meio de conhecer mais fino."

- Sextus Empiricus, Contre les mathématiciens, fragment 11, VII, 138, In Ècoles Prèsocratiques -



(82)[...] Então assim, (segundo Gorgias), nós não podemos nem pensar nem apreender o ser.
(83) E mesmo admitindo que nós possamos apreendê-lo, ele é incomunicável a outrem. Pois o que é perceptível pela vista, pela audição, e em geral, pelos sentidos - ao mesmo tempo que ele é dado como exterior - e se o que é visível é apreendido pela vista, o que é audível pela audição - e não indiferentemente por um ou outro sentido, - como isso pode ser significado a outrem?
(84) Pois o meio para nós de significar, é a palavra, e a palavra não é o que é dado e o que é; então não é o que é que nós significamos aos outros, mas a palavra, que é diferente do que é dado. Da mesma maneira então que o que é visível não poderia tornar-se audível, e reciprocamente, da mesma maneira que o ser é dado como exterior, não poderia existir uma palavra verdadeiramente nossa.
(85) E por essa razão,ela não poderia ser comunicada a outrem. Pois, a palavra nasce através uma continuação de coisas que nos surpreendem do exterior, - " à savoir" ( para saber) - as coisas sensíveis; pois é após o encontro delas com o humor do corpo que nasce para nós a palavra que traduz essa qualidade; e é da introdução da cor que nasce a palavra que traduz a cor. Se é assim, não é a palavra que traduz o que está fora da gente, mas o que está fora da gente que torna-se revelador da palavra.
(86) Claro, não é possível de dizer que é igual para o que é visível e audível; é impossível do fato que ela é dada e que ela é, que a palavra nos revele o que é dado e o que é. Pois se a linguagem é dada, ela é diferente dos outros dados, e os corpos visíveis são, ao mais alto nível, diferentes das palavras. Pois o meio através do qual nós aprendemos o visível é diferente daquele através do qual nós aprendemos a palavra. Dessa maneira então a palavra não nos mostra a maior parte das coisas dadas, nem mais nem menos que estas não nos mostram a natureza delas umas as outras.

- Sextus Empiricus, Contre les Mathématiciens, Fragment 83, & 65-66, et & 82-86 -

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