segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Salomão, estórias, mitos e lendas


Salomão é o nome mais respeitado que existe no seio de um imenso número de religiões, seitas e Sociedades Secretas. Por que Salomão se tornou tão importante perante tão heterogêneos sistemas místico-religiosos? Por que tantas linhas de pensamentos, muitas vezes bem diferentes confluem até Salomão? Quando se fala de Salomão torna-se muito difícil separar o que é verdade do que é lenda, sendo assim quase impossível se estabelecer os limites onde termina a verdade histórica e onde começa a lenda. Quando Davi estava avançado em idade ele ansiava por cumprir uma promessa que não era somente dele, mas também de todo o povo hebreu: Edificar um grande templo dedicado ao deus de Abraão e que ele próprio não pudera construir em virtude das inúmeras guerra com que se ocupou em todos os anos de sua vida.

Afim de que tenhamos uma melhor compreensão do problema que tentamos evidenciar, é oportuna uma comparação entre acontecimentos relatados na Bíblia com os que são citados no Alcorão, livro sagrado dos islamitas, e ligados ao Rei Salomão, para que se tenha conhecimento de muitos pontos que são obscuros numa tradição e bastante clara na outra. Embora não esteja relatado na Bíblia, mesmo assim, é verdade que Salomão, quando da velhice de seu pai Davi, não estava presente na Palestina. Ele, segundo algumas informações contidas em documentos particulares de algumas ordens Iniciáticas, estava no Egito para onde fora a fim de tomar conhecimento do como estavam sendo dirigidas as Escolas Iniciáticas, e sobre a natureza do que, e de como, estava sendo ensinado lá, pois isso dizia respeito diretamente à sua principal missão na terra. Salomão tinha como primeiro objetivo expurgar as influências do lado negativo dentro das fontes de conhecimento de então. Sabe-se que em Memphis,

Salomão foi iniciado nos GRANDES MISTÉRIOS egípcios, numa Escola ligada diretamente à Grande Fraternidade Branca, naquela época sediada no Egito. Com a aproximação da morte de David, Salomão foi chamado do Egito e quando chegou à Palestina, o seu irmão Adonias estava praticamente no poder.
A Bíblia não traz referências quanto à vivência de Salomão no Egito. Aquele livro apenas cita que ele desposou uma filha do Faraó ( Reis I 3-1 ). Também em Reis 14.29 e seguintes é citado que a sabedoria de Salomão era maior do que a sabedoria de todos os reis do Oriente, e do que a sabedoria dos egípcios. Vê-se que Salomão estava de alguma forma ligado a várias fontes de conhecimentos, especialmente aos conhecimentos dos egípcios. Quando Salomão esteve no Egito, haviam transcorrido cerca de 482 anos desde a partida dos hebreus do Egito e de quando eles trouxeram grandes conhecimentos secretos, razão da contra ordem dada pelo Faraó para deter o êxodo. A sabedoria de Salomão derivava das próprias tradições de seu povo, mas, então aquela sabedoria, em parte, havia não apenas sido esquecida, mas principalmente adulterada pela Conjura e por influencia da natureza negativa, tendo a frente Jehová.

Naquele período as Escolas de Mistérios ainda estavam muito ativas e possuíam muita sabedoria. Por tal razão Salomão foi enviado ao Egito, a fim de se inteirar do como as verdades estavam sendo guardadas e ensinadas. Salomão mostrou ser uma pessoa de sabedoria incrível. Conhecia todos os segredos da história da humanidade, dominava todos os conhecimentos da sua época bem como do passado. Não era uma pessoa comum e nem “santa”, segundo os atributos dos santos da Igreja Católica. Essencialmente era uma pessoa sábia, de consciência clara, portanto. Na primeira fase de sua vida pública, o que ele tinha de especial era um conhecimento imenso, algo fora do comum; estava infinitamente adiante dos demais seres de sua época.

O que havia nele de especial era o saber, e não um caráter de bondade piegas. Foi àquele jovem rei, Salomão, a quem Davi deu a incumbência de construir um templo, onde deveriam ser guardadas a Arca da Aliança, juntamente com as Tábuas da Lei. A Maçonaria explica de forma muito especial e detalhada as diferentes etapas da construção daquele templo e praticamente baseia a sua ritualística nele. No que diz respeito a Salomão haver construído um templo, o qual era um compromisso do povo hebreu para com Jehová, é mais um paradoxo. Pois se Salomão tinha conhecimentos da infiltração do lado negativo da natureza no seio da cultura e da religião hebraica, por qual razão ele construiu aquele templo? Sendo Salomão sabedor da natureza de Jehová, não é fácil se entender como se dedicou àquela construção. Se Salomão não empreendesse a construção do templo, os hebreus continuariam inabalavelmente no propósito de construí-lo mais cedo ou mais tarde.

Assim sendo, Salomão preteriu ele mesmo empreender aquela obra. Construindo o templo, Salomão poderia dar-lhe um outro destino, e foi assim que aconteceu. Por um lado, atendeu aos anseios do povo, enquanto que por outro deu-lhe um objetivo bem diferente. Seguiu as especificações técnicas e arquitetônicas, mas a destinação prático dada foi bem diferente. O templo não era apenas um local de acendimento religioso, mas sim uma verdadeira universidade, apta a funcionar essencialmente como uma Escola de Mistérios, semelhante àquelas que existiam no Egito Antigo. Levado pelo seu imenso saber, e especialmente por haver sido membro destacado das Escolas de Mistérios no Egito, o rei Salomão construiu o Templo de Jerusalém de maneira a funcionar como uma Escola de Saber Oculto, e não apenas uma casa de devoção a Jehová. Salomão, o Rei de maior sabedoria entre todos os reis...

Qual o imenso saber de Salomão? - Já dissemos que ele foi um INICIADO nos Mistérios Menores e Maiores, da Escola Iniciativa de Memphis, no Egito. Os Mistérios Menores envolviam todos os conhecimentos históricos e científicos da humanidade, mas somente com os Mistérios Maiores é que o postulante aprendia o domínio da mente. Além do conhecimento, já existente nas Escolas de Mistérios de Memphis, Salomão dominava magistralmente os ensinamentos da Cabala Hebraica, especialmente pelo seu saber inato, que trazia consigo, pois sua consciência era uma projeção da Consciência Cósmica na terra. Foi exatamente essa capacidade natural o que motivou o seu pai, Davi, a enviá-lo para o Egito, afim de melhor tomar ciência do que ensinava-se lá; e assim, com mais habilidade, pudesse sucedê-lo como rei de Israel, mesmo que tal atitude viesse a ferir o direito de progenitura de Adonias. Adonias não tinha propensão para o saber oculto, era um espírito sem desenvolvimento algum, por isto nos bastidores da Conjura, ele era o tipo ideal para governante. Jamais alguém como Salomão poderia ser da simpatia da Conjura do Silêncio, e bem menos ainda ser aceito pela força negativa. Naquela disputa, entre Adonias e Salomão, havia um jogo tremendo entre os OBSCURANTISTAS, os INICIÁTICOS, e especialmente a FORÇA NEGATIVA.
Por ser detentor de conhecimentos ocultos, especialmente aqueles ligados à Cabala, Salomão foi aceito como o protetor dos magos. É tido como o rei da magia, das ciências ocultas, do hermetismo, entre outros. Através desses conhecimentos ele se impõe aos cultivadores das doutrinas secretas, das diferentes formas de magia, da maçonaria, e de quase todas as saciedades e doutrinas secretas do ocidente. Como um dos principais reis de Israel ele chegou a ponto das grandes religiões do ocidente, como o Islamismo e muitas Igrejas Cristãs, tê-lo no mais elevado conceito. Dizem, os cabalistas, que Salomão foi o maior entre os maiores conhecedores dessa ciência. Ele detinha, segundo todas as fontes de informações, um poder incrível sobre as forças da natureza. Assim, o grande poder de Salomão, dominava todos os gênios da natureza. Diz a tradição, que ele impunha a sua vontade sobre todos os “demônios” ( Não cabe nesta palestra discutir se os gênios, anjos, demônios, Djins, elementares e outras formas de existência são reais ou imaginários. Citamos essas entidades para justificar o porquê de Salomão ser reconhecido simultaneamente por cristãos, magos, feiticeiros, cabalistas, místicos, etc). Salomão é respeitado pelos magos e feiticeiros de todos os tempos. Seu nome aparece nos livros sagrados dos cristãos e dos islamitas, ou nos tratados de magia branca, assim como de magia negra; nos livros de Maçonaria e nos de inúmeras outras ordens iniciáticas e sociedades secretas. Apenas entendendo a problemática da humanidade, no que diz respeito aos obscurantistas e aos iniciáticos, é que se pode tirar as dúvidas, afastar as desconfianças. Do contrário se torna decepcionante ver o nome de Salomão ligada à seitas demoníacas, e a muitas formas de conhecimento oculto.

Passemos às lendas, aos mitos, e à algumas histórias ligadas a Salomão. O grande Rei, dizem, era detentor de um anel mágico, um anel cabalístico que lhe dava poderes maravilhosos, e no que existia desenhado o famoso SÍMBOLO DE SALOMÃO, também conhecido por SIGNO SALOMÃO, por ser usado pelo Rei como sinete, com o qual eram autenticados os documentos. Ainda existem alguns daqueles documentos, autenticados com o anel de Salomão, em arquivos de sociedades secretas e mesmo em museus. O anel de Salomão era um talismã valiosíssimo com o qual Salomão submetia, à sua vontade, todos os gênios e demônios. A Tradição Místicas dos árabes é riquíssima, no que diz respeito aos imensos poderes do REI no domínio de todas as forças da natureza. Pela Bíblia pode-se sentir o quanto era vasta a sabedoria do GRANDE REI.

Uma das tarefas de Salomão foi a construção do Templo de Jerusalém, promessa do povo hebreu ao deus de Abraão, e o principal desejo de Davi. Dizem as tradições de algumas doutrinas, que na construção do templo não se escutava qualquer ruído, embora ali, a pedra fosse trabalhada profusamente. Para explicar isto, muitos afirmam que as pedras foram trabalhadas em pedreiras distantes, transportadas já devidamente cinzeladas até o local da construção, onde somente montavam-nas. Mas os que assim afirmam, desconhecem a verdade. Uma verdade velada dos grandes mistérios das civilizações antigas. O fato dos blocos serem transportados não explica a falta de ruídos da construção, dos deslocamentos de blocos e da cooptação de uns nos outros. Mesmo numa de nossas construções atuais feita com pequenos tijolos de barro, para ajustá-los devidamente escutam-se batidas de ferramentas. Como, então, explicar que na construção do Templo em que foram utilizados blocos grande de pedra barulho algum fosse propagado? Para explicar isto, invoquemos o que está escrito nos livros religiosos islamitas. Salomão, na construção do templo, invocou o auxilio dos “gênios” graças aos poderes cabalísticos que possuía. Assim, os gênios se submeteram a vontade de Salomão, e foram obrigados a trabalhar como escravos. Mesmo construído por gênios, Salomão tinha o sossego quebrado pelos ruídos da lapidação das pedras, pelo ajustamento dos blocos nas paredes. Incomodado por isso, o rei indagou um dos “gênios” se aquele trabalho não poderia ser feito em silêncio, e assim exigiu que a obra fosse trabalhada sem ruído algum. Os “gênios” disseram que tal fato era impossível para eles, mas que existia um “gênio” que possuia tal conhecimento, porém fugira à convocação de Salomão. Este, por meio de processo mágico localizou o “gênio” rebelde e usando o poder do seu anel submeteu-o, e este foi obrigado a revelar o segredo dizendo: “Oh Rei. Cobre o ninho daquele corvo com uma campânula de pedra e descobrirás aquilo que desejas”. Salomão assim procedeu e verificou que o corvo, ao regressar para o ninho, e encontrar os ovos cobertos voou e regressou com um certo tipo de erva, que depositou sobre a campânula de pedra sob a qual estavam os ovos.

A erva libertava uma seiva, e esta amolecia completamente a pedra, e assim o corvo conseguiu com o bico, libertar os ovos. Imediatamente o Rei ordenou que aquela seiva fosse utilizada para tornar os blocos de pedra amolecidos, o que proporcionou tudo ser construído em silêncio. Depois dos blocos cortados, moldados, e ajustados novamente eram solidificados. Isto, por certo, é uma das lendas sobre Salomão, mas na verdade o Rei tinha conhecimento do como amolecer a pedra, pois a técnica de amolecimento da pedra é uma realidade, que na história de Salomão aparece em uma forma lendária. Sobre esse mito repousa uma grande verdade, tanto a técnica de amolecimento de rocha existia no passado, como também o Rei submeteu muitos “gênios” da natureza, especialmente “gênios” servidores da força negativa. Com certeza, Salomão não aprendeu a amolecer pedra da maneira como diz a lenda, mas sendo detentor de Consciência Cósmica, ele sabia de todas as técnicas e ciências, sem falar nos conhecimentos a que teve acessos nas Escolas de Mistérios. Este é um dos grandes segredos da antigüidade, que explica os grandes paradoxos das construções megalíticas da pré-história. Assim, pode-se saber como os egípcios, que só dispunham de serra e brocas de bronze, executavam monumentais trabalhos em pedras.
Não são apenas as lendas islamitas e maçônicas que falam da construção do Templo de Salomão. Existem inúmeras outras que se completam e cada uma guarda em si, ensinamentos e lições morais interessantíssimas. Com o término da construção do templo, Salomão cumpriu a promessa feita pelo seu pai Davi, e paralelamente o povo hebreu cumpriu a promessa feita a Jehová. Durante a construção, Salomão começou a mostrar, que uma obra arquitetônica pode simbolizar a via de desenvolvimento e evolutiva de uma pessoa. Tudo pode ser construído, moldado, lapidado, polido, e ajustado na vida do ser humano, tal qual numa edificação de pedras. Assim, a construção moral do ser pode ser simbolizada pela construção de um edifício material. Mas, a construção do ser humano, em suas qualidades espirituais é uma obra mais importante que qualquer templo material, algo bem mais imperecível, pois que jamais pode ser destruída. A estrutura física do edifício do Templo de Jerusalém não condiz de forma alguma com as linhas clássicas de um templo religioso e sim com as de uma universidade. Com a criação daquele templo destinado ao aperfeiçoamento do ser humano o Rei Salomão quis criar algo eterno, um templo imaterial para que o homem pudesse se desenvolver e evoluir em saber. Para que ele pudesse ascender no cumprimento daquilo para o que está destinado, o desenvolvimento cósmico de sua natureza.

O templo material era o cumprimento de uma promessa feita, pelo povo hebreu àquele ser que se intitulava Jeová, o senhor dos exércitos, mas o imaterial, a Escola Arcana de Sabedoria, visava homenagear o Ser Superior, a Consciência Cósmica, Supremo Criador de todas as leis universais, Criador de bilhões de sistemas plenos de vida. À este, o rei Salomão dedicou paralelamente, não um templo material, uma escola de mistérios, em termos atuais. Nas Escolas de mistérios e no Templo de Salomão se aprendia muito sobre ciências altamente adiante da época.

Lendo-se os antigos filósofos vemos claramente que eles conheciam muitos princípios científicos atuais. Por exemplo, a idéia de que a matéria era constituída de estrutura que os gregos chamaram átomos e cujo enunciado é atribuído a Demócrito, a Leucipo e a Epícuro, na realidade a idéia não partiu daqueles filósofos. Demócrito recebeu-a de Moschus, o Fenício, a informação precisa de que o átomo era indivisível (quimicamente). Galileu confessou claramente que suas afirmativas a respeito do movimento da terra ele a colhera dos antigos, Copérnico, considerado o criador da teoria heliocêntrica, no prefácio de sua obra dedicada ao Papa Paulo III, diz textualmente que descobriu o movimento da terra nos escritos dos antigos. Na realidade não foi Newton quem descobriu a “Lei da Gravidade Universal”, também conhecida como “Lei do quadrado das distâncias”. Antes dele, Pitágoras já havia afirmado isto, e antes deste, Plutarco disse que havia uma atração recíproca ente os corpos, que o sol atraia a terra. Uma magnífica indagação é sobre o que constava nos milhares de manuscritos da Biblioteca de Alexandria que foi totalmente destruída. Também nas 200.000 obras da Biblioteca de Pérgamo? Seriam apenas historietas? A realidade é que havia muitos conhecimentos científicos, históricos filosóficos tudo sobre a gênese da terra, dos espíritos e do universo. Como Salomão esteve ligado a diversas fontes, que tinham esse tipo de conhecimento, é de se admitir que ele tinha um conhecimento abrangente de tudo quanto havia naquela época.

Ir.-. José Laércio do Egito - F.R.C.

Doutrina Geral de Martinez de Pasqually

Como todo o Esoterismo, a doutrina Martinista, tal como foi definida por Martinez de Pasqually no seu “Tratado de Reintegração dos Seres”, necessariamente recorre ao Esoterismo para exprimir verdades metafísicas, que é pouco perceptível e pouco exprimível por sua natureza. É assim que ela está integralmente vinculada à tradição Ocidental, e mais particularmente à cristã.

Símbolo dos Elu-Cohen
Loja Ocidente - Símbolo dos Elu-CohenEm relação ao problema da Causa Primeira (Deus), o Martinismo torna suas as conclusões a que chegaram os teólogos cristãos e os cabalistas hebreus, ao menos quanto aos princípios sobre os quais as diversas escolas estão sempre em acordo: o ternário divino, “pessoas divinas”, emanação, e etc…

Relativamente ao restante, é particularmente gnóstico - se bem que o que é apresentado nesta tese tem uma conotação diferente das escolas associadas a esse nome - porque coloca em princípio a igual necessidade do Conhecimento e da Fé, e o facto de que a graça deve, para actuar efectivamente, ser completada pela acção inteligente, compreensiva e livre do homem.

É por estes motivos que Martinez de Pasqually apresenta o esoterismo de sua escola sob o aspecto da tradição judaico-cristã. A lenda, que teve o Mestre muito certamente como autor, decorre de documentos tradicionais de propriedade de sua família desde que um avô, membro de um tribunal de Inquisição, os obteve de heréticos árabes ou judeus na Espanha. Esses documentos eram constituídos por manuscritos latinos, cópias dos originais árabes, derivados de clavículas hebraicas.

O que quer que seja, eis aqui um resumo do “Tratado de Reintegração dos Seres”, obra tão rara quanto obscura para quem não está familiarizado com as tradições gerais que a têm inspirado.

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O mundo, considerado tanto como “o domínio material”, submetido aos nossos sentidos, e as “regiões espirituais” do além, não foi obra de Deus em si mesmo, considerado como Absoluto. E é o Evangelho de João que nos ensina:
“No começo (ou seja, quando iniciavam “os tempos”, períodos nos quais se manifestavam os entes relativos), era o verbo (o Logos, a Palavra Divina)”.
“O verbo estava próximo de Deus (expressão literal, correspondendo ao texto grego, melhor do que “com Deus” das versões ordinárias)”.
“O Verbo era deus… (e não deus maiúsculo; no texto grego não tem o artigo: o verbo era portanto um dos elohim ou filho-de-Deus: a palavra elohim significando em hebreu, ‘Ele-os-deuses’)”.
“Todas as coisas foram feitas por ele, e nada foi feito sem ele…” (João - cap. I).

Esse Logos, é aquele que a Cabala denomina de Adão Kadmon, aquele que, em todas as tradições religiosas antigas, cria os seres inferiores pela sua palavra, ao chamá-los (subentendendo-se “à Vida real, manifesta”): “E Adão deu seu nome a todas as bestas e aves do céu, a todos os animais dos campos, mas para o Homem, não encontrou auxiliar que se assemelhasse…”, (Génesis-II, 20)

Esses “animais dos campos”, esses “pássaros dos céus”, não são seres ordinários com esse nome. O sentido esotérico designa as criaturas, inferiores ao Homem-Arquetípico, que habitam os “planos” ou mundos do além, “regiões espirituais” às quais faremos alusão mais adiante.

Aquando dessa criação, Deus serviu-se, portanto, de um intermediário. O que nos é confirmado pelo capítulo I do Génesis (I-2,3): “A terra, (a matéria primordial, o caos) era informe e vazia, e o Espírito-de-Deus movia-se sobre as águas” (o Nous egípcio, o elemento mais subtil dessa matéria). O termo “Espírito-de-Deus”, maiúsculo, designando assim um Espírito, distinto de Deus, e não espírito dele: o que seria um contra-senso, Deus sendo necessariamente o espírito de si mesmo! E o Génesis não nos diz que “Deus se movia sobre as águas…”. É por isso que ele nos ensina mais adiante que: “O eterno Deus tomou então o Homem, e colocou-o no Jardim do Éden, para guardá-lo e cultivá-lo…”, (Génesis-II,15).

O Jardim é um símbolo, significando o conhecimento divino, acessível aos seres relativos. Com efeito, a Cabala, tradição secreta, é frequentemente designada como o “Pomar” místico. Em hebreu, pomar é guineth, palavra formada por três letras (guimel, noun, tau) iniciais das três ciências secundárias, chaves da Cabala: Guematria, Notarikon, e Temurah.

O Homem primitivo do qual o Génesis fala, no seu discurso puramente simbólico, não é um ser formado por carne como nós, mas um espírito, emanado de Deus, composto de “forma”, que é o que o Génesis chama ao “corpo”, análogo ao “corpo glorioso” definido pelos teólogos, criado pelo Deus eterno, e de uma centelha animadora, que é, ela, integralmente divina, pois o Génesis diz-nos que esse foi o “sopro” de Deus. O nosso Homem-Arquetípico é portanto semi-divino. Ele é proveniente da Matéria primordial (do caos, composto de terra e de água - simbólicas), pela sua “forma”, ele é proveniente de Deus por esse sopro divino que anima, sopro vindo de Deus.

Adão e o Verbo Criador são semelhantes porque o Homem-Arquetípico continua, no simbólico “Jardim” do Éden, a obra iniciada pelo Espírito-de-Deus. Entretanto o Verbo Criador e o Verbo Redentor são diferentes. É certo, e é indiscutível, que Cristo (que Martinez chama de o Reparador) é simultaneamente Deus (pela sua origem) e homem (pela sua encarnação). A Teologia já o demonstrou. Mas, da mesma forma que uma criança de dez anos e um ancião que virá a ser mais tarde, são um só e o mesmo ser (com características e aspectos diferentes)!

Há entre eles continuidade de consciência absoluta, apesar de não haver semelhança de aspecto ou de reações inferiores. Num grau similar, a alma tendo animado um corpo humano comum, depois animando outro, vinte séculos após, será sempre identicamente a mesma nas suas duas manifestações diferentes, já que as ditas manifestações podem ser aparentemente opostas, em razão do “jogo” oscilante definido na expressão usual do “Karma”.

Paralelamente a Adão Kadmon (o Homem-Arquetípico ou Cósmico), há outros seres, provenientes de uma Criação anterior, diferentes em natureza e em “plano”, sem relação àqueles que nos detalha a tradição do Génesis. Essa é a criação dita dos “Anjos”, que outras tradições nos referem e que é analisada por todas as teologias. São essas duas criações diferentes que o Génesis subentende no seu primeiro versículo: “No começo Deus criou o céu e a terra”. Assim o Génesis descarta a primeira Criação (sobre a qual parece que Moisés não possuía nenhuma informação) e passa à segunda: “A terra era informe e vazia, as trevas estavam na superfície do abismo…” (Génesis - I,2).

Outros elementos da tradição judaico-cristã ensinam-nos o que são os seres dessa criação primitiva (simbolizados pelo céu), ou seja, os Anjos, que por uma prova efectuada pela Vontade de Deus se dividiram em duas categorias, os Anjos fiéis e os Anjos rebeldes. Isso tem sido mal interpretado. Deus, princípio de infinita perfeição, não poderia tentar os Anjos após emaná-los, nem rejeitá-los, após a sua involução. Ao contrário, certas entidades, chegadas ao término da Missão para a qual Deus as tinha emanado (quer dizer, libertado, dotando-as assim, necessariamente, de Livre-Arbítrio), recusaram-se a reintegrar-se no Absoluto, no Plano Divino, na fonte do Bem Supremo. Elas têm, assim, preferido o eu momentâneo, perecível e ilusório, ao eterno, real, e imperecível. Elas têm preferido viver “fora” de Deus a serem re-absorvidas, e a beneficiarem, assim, das suas perfeições infinitas.

Portanto, são elas que estão momentaneamente distanciadas de Deus, por um acto livre, porém errado. Não foi o Absoluto que as rejeitou injustamente, nem é Ele a causa do exílio delas. Entretanto, o retorno à condição anterior e a redenção permanecem possíveis, quando a entidade celeste consentir em retomar o caminho do Divino.

Mas, na espera desse retorno à luz e à verdade imanentes, elas permanecem devido às suas atitudes egoístas: rebeladas (da oferta divina primitiva e permanente); desgarradas (porque estão fora do seu destino legítimo); perversas (pois vivem fora do Bem Supremo e portanto “no mal”).

Ora, toda a coisa corrompida tende, por sua natureza, a corromper o que é sadio. E, no domínio dos seres espirituais, e sobretudo naquele dos seres que possuem corpos materiais, porque nele se combinam: a inveja e o ciúme (consciência, apesar de tudo, de uma inferioridade real), o orgulho (vontade de ter a última palavra) e a inteligência (que permanece a mesma, mas na manifestação activa do máximo de seus defeitos).

É por isso que a tradição nos diz que a Colectividade dos Seres espirituais pervertidos (a Egrégora do mal), designada pela imagem da Serpente, ficou enciumada desse ser, superior a eles, e “imagem” de Deus ao qual essas entidades decaídas pretendiam subtrair.
Elas agem portanto (telepaticamente, sem dúvida) sobre Adão Kadmon, incitando-o a ultrapassar os limites de suas possibilidades naturais.
Ser misto por sua natureza, meio espiritual e meio formal, andrógino no qual a Forma e o Espírito se penetravam mutuamente, o Homem-Arquetípico deveria manter uma certa harmonia, um equilíbrio necessário, nesse Domínio no qual Deus o tinha situado. Ele devia respeitar a sua ordem e fazer a sua obra, continuar a tarefa desse “Espírito-de-Deus” do qual ele era o reflexo, o intendente, o “Mestre-de-Obras” celeste imediato… É a esse papel, o de Arquitecto do Universo, que Adão Kadmon tinha sido candidato, mas de um Universo mais subtil que o nosso, o “Reino que não é deste mundo”, do qual falam os Evangelhos.

Sob o impulso de entidades metafísicas pervertidas, o Homem-Arquetípico converteu-se em demiurgo independente. Reiterando a sua falta, ele modificou e perturbou as leis que tinha por tarefa fazer cumprir. Ele tentou, audacioso e rebelde, fazer-se criador por sua vez, e igualar por suas obras o próprio Deus. Ele só logrou modificar o seu Destino primitivo.

É o que as duas lendas idênticas, a de Lúcifer, primeiro dos Anjos, e aquela de Adão primeiro dos homens, nos informam em seus desenvolvimentos paralelos. É talvez dessa tradição que decorre o costume de consagrar aos deuses ou a Deus as primícias de uma colheita ou o primogénito das manadas. E é um facto que na simbólica história da Humanidade que nos conta o Génesis, todos os descendentes: Caim, Cam, Ismael, Esaú, etc… são misteriosamente marcados por um destino contrário.

Mas enquanto Deus, com suas possibilidades infinitas, pode tirar qualquer coisa do Nada, o homem, criatura com possibilidades limitadas, pode apenas modificar o que já existe, sem nada extrair desse mesmo Nada. O Homem-Arquetípico querendo criar seres espirituais como Deus havia criado os Anjos, só conseguiu objectivar os seus próprios conceitos. Desejoso de lhes dar corpos, ele nada pôde além de integrá-los na matéria mais grosseira. Querendo animar o caos (as trevas exteriores) como Deus havia animado o mundo metafísico que lhe tinha sido primitivamente confiado, ele nada fez além de se enterrar a si próprio.

Com efeito, Deus “sendo”, no sentido mais absoluto da palavra (”eu sou aquele que é”, disse a Moisés no Monte Sinai), não existe coisa nenhuma pré-existente. Para criar a matéria primitiva, Deus tem simplesmente reconstruído uma parte das suas infinitas perfeições, a partir de uma porção da sua essência infinita. Essa reconstrução parcial da perfeição espiritual mais absoluta tem inevitavelmente conduzido à criação da imperfeição material relativa. Isso justifica que a Criação, qualquer que seja, não possa jamais ser perfeita. Ela é necessariamente imperfeita pelo facto que ela não é Deus. Em imitação do Absoluto, Adão Kadmon vai portanto tentar criar uma “matéria primeira”. Alquimista inexperiente, isso será a origem de sua Queda.

O Homem-Arquetípico é um ser andrógino. O Génesis (cap. I, 27, 28) diz-nos que “Deus criou o Homem à sua imagem: macho e fêmea, ele criou-os”. É o elemento negativo, feminino, que Adão vai objectivar fora de si mesmo. É esse “lado” esquerdo, feminino, passivo, lunar, tenebroso, material que se vai separando do “lado” direito, masculino, activo, solar, luminoso, espiritual, dando nascimento a Eva. A Fêmea-Arquetípica é portanto extraída de um dos dois “lados”do andrógino, e não de uma das suas “costelas”…(todas as religiões antigas conheceram um ser divino, original, que era simultaneamente macho e fêmea).

Lê-se no Génesis (cap. II,23, 24): “E Adão disse: Esta é enfim os ossos dos meus ossos e a carne da minha carne”, ele conserva portanto o espírito, a alma. Ela será chamada Fêmea - em hebraico Isha -, porque ela foi tirada do Homem - em hebraico Ish.

É essa Matéria nova, a Eva do Génesis, a Fêmea simbólica, que Adão “penetra” para criar nela a Vida. O Homem-Arquetípico degradou-se, assim, tentando igualar-se a Deus. O seu novo domínio, é o mundo hílico da Gnose, o nosso universo material, mundo pleno de imperfeições e de maldades. O pouco de bem que nele reside provém das antigas perfeições do Homem-Arquetípico.Cindidas, pois, em dois seres diferentes, a soma dessas perfeições originais não pode ser total em nenhum deles… Houve, portanto, uma queda.

É por isso igualmente que a natureza tem sido deificada pelos cultos antigos. Ela era, portanto, a Mãe de tudo que é, mas de tudo isso que está “sob os Céus”, simplesmente Ísis, Eva, Deméter, Rhéa, Cibele, não são mais do que símbolos da natureza Material, emanada de Adão Kadmon, personificada pelas Virgens Negras, símbolos da Matéria prima.

A essência superior de Adão Kadmon, integrado no seio da matéria nova, tornou-se o Sopro, expressão alquímica que designa a alma do mundo. A essência secundária, o mediador plástico, e que constituía a “forma” do Adão, o seu duplo superior, tornou-se o Mercúrio, outra expressão alquímica designando o Astral dos ocultistas, o plano intermediário. A matéria vinda do Caos secundário, é o Sal alquimista, o suporte, o receptáculo, a prisão. Paralelamente, podemos dizer que Adão se tornou o Sopro, que Eva doou o Sal, e que o Caim do Génesis é o Mercúrio dessa tríade simbólica. Temos o que a alquimia conhecia também pelos nomes de Rei, de Rainha e de Servidor dos sábios…

Compreende-se também porque é que, em todos os seus graus, a Matéria Universal é vivente, assim como o admite a antiga alquimia e a moderna química, e como, nas suas manifestações, ela pode ser mais ou menos consciente e inteligente. Através dos quatros reinos da Natureza, mineral, vegetal, animal, hominal (entre os quais não há qualquer solução de continuidade), é o Homem-Arquetípico, o Adão Kadmon, a Inteligência demiúrgica, que se manifesta, dispersa, esbanjada, aprisionada. É esse o revestimento das “peles de besta” de que nos fala o Génesis: “E Deus fez para o Homem e para a Mulher ‘vestes de peles’ e os revestiu delas…” (III,21). Esse Universo novo tem-se igualmente tornado o refúgio das Entidades decaídas. Elas têm-se refugiado aí para se distanciar ainda mais do Absoluto, na quimérica esperança de escapar das Leis eternas, omnipresentes.

Os Seres maléficos têm assim um interesse primordial em que esse Homem, disperso mas omnipresente no seio da Matéria constitutiva do Universo visível, continue a organizar e animar esse domínio, desde então o deles. Como a alma do Homem-Arquetípico é prisioneira da Matéria universal, a alma do homem individual é prisioneira do seu corpo material. E a morte física (o único efeito significativo que ele ganhou, como nos diz o Génesis….) e as reencarnações que se sucedem são os meios pelos quais as Entidades decaídas manifestam a sua ascendência sobre o Homem. Compreende-se melhor a palavra do Redentor, “ouvida” pelos Profetas, com Isaías: “Ó morte, onde está tua vitória? Ó morte onde está teu aguilhão?” (o aguilhão dos sentidos, que incita a alma separada a se reencarnar em seu corpo material).

O Poder, a Sabedoria, a Beleza que se manifestam ainda neste Universo material, são esforços do Homem-Arquetípico para retornar ao que era antes da sua Queda. As qualidades contrárias são provenientes das entidades decaídas, a fim de manter o “clima” que elas quiseram fazê-lo criar, para substituir aí tal como elas quiseram anteriormente, quando deliberadamente interromperam seu retorno ao Absoluto.

O Homem-Arquetípico não retomará a posse do seu primitivo Esplendor e da sua Liberdade a não ser que se separe dessa matéria que o engolfa por todos os lados. Para isso, é necessário que todas as células que o compõem (ou seja, os homens individuais) possam, após as suas mortes naturais, reconstituir o Arquétipo, reintegrar-se aí definitivamente, escapando assim dos ciclos de reencarnação.

Assim, os Microcosmos reconstituirão o Macrocosmos. Os Homens-Arquetípicos, reflexos materiais do Arquétipo, são, portanto, igualmente (alguns degraus abaixo) reflexos divinos. Como o Arquétipo é, ele também, o reflexo de Deus, do primitivo Verbo Criador ou Logos, do “Espírito-de-Deus” do qual fala o Génesis.

Nisto consiste portanto o “Grande Arquitecto do Universo”. Todo o culto de adoração dedicado a este último é portanto um culto “satânico”, porque é prestado ao homem e não ao Absoluto. É por isso que a Maçonaria o invoca sem o adorar. Mas, porque o Homem mergulhado na atmosfera demoníaca do mundo Material onde respira a cada instante o intelecto maléfico, diz-nos Martinez de Pasqually, e porque parece estar em má posição para aí resistir, o criador reestabeleceu o equilíbrio destacando do seu Círculo Espiritual Divino um Espírito Maior para ser o guia, o conselheiro e o companheiro do Menor que foi emanado e desceu da Imensidade Celeste para ser incorporado no Mundo Material (ou centro da matéria elementar) para seguir actuando, segundo o seu Livre-arbítrio, na esfera terrestre.

Mas, o conselho de um Espírito Maior não é suficiente. É necessário ainda o socorro operativo de um Eleito Menor. A capacidade que lhe confere a sua “reconciliação” é dupla. Ele transmite directamente as instruções do Criador acerca do culto teúrgico que deve ser prestado; ele comunica aos “homens de desejo” aos quais são enviado os dons que ele próprio recebeu, marcando no carácter deles o “selo” místico sem o qual nenhum Menor pode ser reconciliado.

Essa ordenação misteriosa é a condição essencial de sua “reconciliação”, pois sem ela, quaisquer que seja seus méritos pessoais, um Menor permanece “na privação”, quer dizer, sem comunicação com Deus.

a) Os seres espirituais são os Eons da gnose, as Ideias-Matrizes que vivem no seio da Divindade.
b) Os Espíritos Superiores, ditos ainda Espíritos Denários, ou Espíritos Divinos, são as entidades sephiróticas da Cabala, os Nomes Divinos.

Os Espíritos Maiores asseguram a correspondência do homem com Deus, limitando o domínio inferior, composto pelos mundos celestes e terrestres. Agentes das Leis do Universo, estes seres Supra-celestes são responsáveis pela conservação do “tempo”, ou seja, da Energia Vital no Mundo Material, mas eles não têm poder de produzir essências materiais.

Os Espíritos Inferiores garantem a existência da Matéria. São as Forças dos Elementos, os Seres da Região Celeste astral Superior, os Génios Planetários, estelares, etc.

Os Espíritos Menores, ou Menores Espirituais asseguram a Terrestre edificação do Mundo Material. São principalmente as Almas Humanas.
Esta última classe subdivide-se em quatro séries:

a) Menores Eleitos: são dez grandes guias da Humanidade - Abel, Enoque, Noé, Melquisedek, José, Moisés, David, Salomão, Zorobabel, Jesus.
b) Menores Regenerados: os Adeptos, os Mestres na doutrina espiritual. Este estágio é aquele a que chegam os Rosa-Cruzes.
c) Menores Reconciliadores: os iniciadores da ordem, dos graus inferiores.
d) Menores em Privação: os Profanos.

* * * * * * * * *

Para escapar dos ciclos das reencarnações sucessivas neste mundo infernal (inferno: lugar baixo), é necessário que o Homem individual se dissocie de tudo o que o arremessa na Matéria, livrando-se assim da escravidão das sensações materiais. É-lhe necessário também elevar-se moralmente. Contra essa tendência rumo à Perfeição, as Entidades decaídas lutam sem cessar, tentando de mil maneiras, a fim de atirá-lo no seio do mundo visível e de conservar sobre ele o seu império oculto.

O homem individual deve lutar contra elas, desmascarando-as e rejeitando-as para fora do seu domínio. Ele assim chegará, por um lado, à Iniciação - que o re-liga aos elementos do Arquétipo já reunidos e constituindo a esotérica “Comunhão dos Santos” -, por outro lado, pelo Conhecimento Libertador, que lhe ensina os meios de apressar, para o resto da Humanidade cega, e pelo seu trabalho pessoal, a ultrapassagem definitiva.

Nessas últimas possibilidades, então principalmente as grandes Operações Equinociais, que tendem a purificar a Aura terrestre pelo meio de exorcismo e de conjurações, submetidos aos ritos de Alta Magia e que os Elu-Cohens denominavam os “Trabalhos” ou o “Culto”.

Somente aquando desta definitiva liberação individual ocorrerá enfim a grande liberação colectiva, a única a permitir a reconstituição dos arquétipos, e a sua posterior reintegração no Divino que a emanou outrora. Abandonada a si mesma pelo seu animador, o Mundo da matéria dissolver-se-á, não sendo mais vivificado, harmonizado, conduzido, pelo Arquétipos. Sob o impulso, naturalmente anárquico, das Entidades decaídas, esta desagregação das partes do Todo acelerar-se-á. O Universo acabará então; será o “fim do Mundo” anunciado pelas tradições universais.

“Como um livro que viramos, o céu e a terra passarão…”. A essência divina recuperará gradualmente as “regiões” da sua essência de onde ela foi primitivamente retirada. As ilusões momentâneas, baptizadas com o nome de criaturas, de seres, de mundos, desaparecerão porque Deus é tudo, e Tudo está em Deus, embora nem Tudo seja Deus! O Absoluto nada tirou de um Nada ilusório, que somente tivesse existido fora de Si, sem ser Ele-mesmo.

Nada além desta reconstrução da divina essência, teria permitido a Criação dos Mundos, angélicos, materiais, etc… Como foi também a reconstrução desta mesma essência, que permitiu a emanação dos Seres espirituais. E desta maneira efectuar-se-á a simbólica “vitória” do Bem sobre o Mal, da Luz sobre as Trevas, por um simples retorno das coisas ao Divino, por uma re-assimilação dos seres purificados e regenerados.

Este é o esotérico desenvolvimento da Grande Obra Universal.

Robert Ambelain

Traduzido originalmente de Ambelain, Robert : Le Martinisme: história et Doutrine, Paris, Editions Niclaus, 1946, pp 30-40

Adaptado do original em http://www.martinismo.hpg.ig.com.br/pasqually.htm


sábado, 6 de setembro de 2008

Os Templários e a Santa Inquisição



No século IV, quando o Cristianismo se propagava, a Igreja Católica se apropriou de santuários e templos sagrados de povos pagãos, para implantar sua religiosidade e erigir suas igrejas. Nos primórdios do Catolicismo, acreditavam que os pagãos continuariam a freqüentar estes lugares sagrados para reverenciar seus Deuses. Mas com o passar do tempo, assimilariam o cristianismo substituindo o paganismo, através da anulação. Mesmo assim, por toda a parte, havia uma constante veneração às divindades pagãs. Ao longo dos séculos, a estratégia da Igreja Católica não funcionou, e através da Inquisição, de uma forma ensandecida e sádica, as autoridades eclesiásticas tentaram apagar de uma vez por todas a figura da Grande Deusa Mãe, como principal divindade cultuada sobre todos os extremos da Terra. O Catolicismo medieval transformou o culto à Grande Deusa Mãe, num culto satânico, promovendo uma campanha de que a adoração dos deuses pagãos era equivalente à servidão a satã.

Inquisição é o ato de inquirir, isto é, indagar, investigar, interrogar judicialmente. No caso da Santa Inquisição, significa “questionar judicialmente aqueles que, de uma forma ou de outra, se opõem aos preceitos da Igreja Católica”. Dessa forma, a Santa Inquisição, também conhecida como Santo Ofício, foi um tribunal eclesiástico criado com a finalidade “oficial” de investigar e punir os crimes contra a fé católica. Na prática, os pagãos representavam uma constante ameaça à autoridade clerical e a Inquisição era um recurso para impor à força a supremacia católica, exterminando todos que não aceitavam o cristianismo nos padrões impostos pela Igreja. Posteriormente, a Santa Inquisição passou a ser utilizada também como um meio de coação, de forma a manipular as autoridades como meio de obter vantagens políticas.


A caça às bruxas

A Santa Inquisição teve seu início no ano de 1184, em Verona, com o Papa Lúcio III. Em 1198, o Papa Inocêncio III já havia liderado uma cruzada contra os albigenses (hereges do sul da França), promovendo execuções em massa. Em 1229, sob a liderança do Papa Gregório IX, no Concílio de Tolouse, foi oficialmente criada a Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício. Em 1252, o Papa Inocêncio IV publicou o documento intitulado Ad Exstirpanda, que foi fundamental na execução do plano de exterminar os hereges. O Ad Exstirpanda foi renovado e reforçado por vários papas nos anos seguintes.
Em 1320, a Igreja (a pedido do Papa João XXII) declarou oficialmente que a Bruxaria, e a Antiga Religião dos pagãos constituíam um movimento e uma “ameaça hostil” ao cristianismo. Os inquisidores, cidadãos encarregados de investigar e denunciar os hereges, eram doutores em Teologia, Direito Canônico e Civil. Inquisidores e informantes eram muito bem pagos. Todos os que testemunhassem contra uma pessoa supostamente herege, recebiam uma parte de suas propriedades e riquezas, caso a vítima fosse condenada. Os inquisidores deveriam ter no mínimo 40 anos de idade. Sua autoridade era outorgada pelo Papa através de uma bula, que também podia incumbir o poder de nomear os inquisidores a um Cardeal representante, bem como a padres e frades franciscanos e dominicanos. As autoridades civis, sob a ameaça de excomunhão em caso de recusa, eram ordenadas a queimar os hereges. Camponeses eram incentivados (ludibriados com a promessa de ascenderem ao reino divino ou através de recompensas financeras) a cooperarem com os inquisidores. A caça às Bruxas tornou-se muito lucrativa. Geralmente as vítimas não conheciam seus acusadores, que podiam ser homens, mulheres e até crianças. O processo de acusação, julgamento e execução era rápido, sem formalidades, sem direito à defesa. Ao réu, a única alternativa era confessar e retratar-se, renunciar sua fé e aceitar o domínio e a autoridade da Igreja Católica. Os direitos de liberdade e de livre escolha não eram respeitados. Os acusados eram feitos prisioneiros e, sob tortura, obrigados a confessarem sua condição herética. As mulheres, que eram a maioria, comumente eram vítimas de estupro. A execução era realizada, geralmente, em praça pública sob os olhos de todos os moradores. Punir publicamente era uma forma de coagir e intimidar a população. A vítima podia ser enforcada, decapitada, ou, na maioria das vezes, queimada.


Malleus Maleficarum

Em 1486 foi publicado um livro chamado Malleus Maleficarum (Martelo das Bruxas) escrito por dois monges dominicanos, Heinrich Kramer e James Sprenger. O Malleus Maleficarum é uma espécie de manual que ensina os inquisidores a reconhecerem as bruxas e seus disfarces, além de identificar seus supostos malefícios, investigá-las e condená-las legalmente. Além disso, também continha instruções detalhadas de como torturar os acusados de bruxaria para que confessassem seus supostos crimes, e uma série de formalidades para a execução dos condenados. Ainda, o tratado afirmava que as mulheres deveriam ser as mais visadas, pois são naturalmente propensas à feitiçaria. O livro foi amplamente usado por supostos “caçadores de bruxas” como uma forma de legitimar suas práticas.

Alguns itens contidos no Malleus Maleficarum que tornavam as pessoas vulneráveis à ação da Santa Inquisição:

• Difamação notória por várias pessoas que afirmassem ser o acusado um Bruxo.
• Se um Bruxo desse testemunho de que o acusado também era Bruxo.
• Se o suspeito fosse filho, irmão, servo, amigo, vizinho ou antigo companheiro de um Bruxo.
• Se fosse encontrada a suposta marca do Diabo no suspeito.
Hecatombe

Gradativamente, contando com o apoio e o interesse das monarquias européias, a carnificina se espalhou por todo o continente. Para que se tenha uma idéia, em Lavaur, em 1211, o governador foi enforcado e a esposa lançada num poço e esmagada com pedras; além de quatrocentas pessoas que foram queimadas vivas. No massacre de Merindol, quinhentas mulheres foram trancadas em um celeiro ao qual atearam fogo. Os julgamentos em Toulouse, na França, em 1335, levaram diversas pessoas à fogueira; setecentos feiticeiros foram queimados em Treves, quinhentos em Bamberg. Com exceção da Inglaterra e dos EUA, os acusados eram queimados em estacas. Na Itália e Espanha, as vítimas eram queimadas vivas. Na França, Escócia e Alemanha, usavam madeiras verdes para prolongar o sofrimento dos condenados. Ainda, a noite de 24 de agosto de 1572, que ficou conhecida como “A noite de São Bartolomeu”, é considerada “a mais horrível entre as ações inquisidoras de todos os séculos”. Com o consentimento do Papa Gregório XIII, foram eliminados cerca de setenta mil pessoas em apenas alguns dias. Além da Europa, a Inquisição também fez vítimas no continente americano. Em Cuba iniciou-se em 1516 sob o comando de dom Juan de Quevedo, bispo de Cuba, que eliminou setenta e cinco hereges. Em 1692, no povoado de Salem, Nova Inglaterra (atual E.U.A.), dezenove pessoas foram enforcadas após uma histeria coletiva de acusações. No Brasil há notícias de que a Inquisição atuou no século XVIII. No período entre 1721 e 1777, cento e trinta e nove pessoas foram queimadas vivas.

No século XVIII chega ao fim as perseguições aos pagãos, sendo que a lei da Inquisição permaneceu em vigor até meados do século XX, mesmo que teoricamente. Na Escócia, a lei foi abolida em 1736, na França em 1772, e na Espanha em 1834. O pesquisador Justine Glass afirma que cerca de nove milhões de pessoas foram acusadas e mortas, entre os séculos que durou a perseguição.

http://www.revistauniversomaconico.com.br/pagina/materia_54.html

Conheça a Magia Divina


Em 6 de abril de 1830, Joseph Smith Jr., Oliver Cowdery, Hyrum Smith, Peter Whitmer Jr., Samuel H. Smith e David Whitmer estabeleceram de forma oficial, conforme registrado em ata, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Seus seguidores posteriormente vieram a ser reconhecidos simplesmente como mórmons, isto aconteceu em função do Livro de Mórmon, um livro que relata a existência de povos que habitaram nas Américas por voltar de 600 a.C.

A Magia Divina não tem um “lado negativo” e os seus praticantes não recorrem aos mistérios opostos aos mistérios da luz. Ela não é “dual” e não tem nenhuma possibilidade de ser invertida e usada para prejudicar a quem quer que seja. Aliás, condena-se veementemente o uso das “magias negras” por pessoas que têm nela um meio de extravasar de forma covarde e traiçoeira seus sentimentos de ódio, ciúme, inveja e afins, já que elas estão afrontando as Leis de Deus e os princípios da Vida e devem ser vistas com piedade porque ainda não desenvolveram uma consciência e são pessoas emotivas e instintivas.

Nela, evocam-se apenas os poderes Divinos sustentadores da Vida e dos meios onde ela se sustenta e evolui e, justamente por esse caráter, a Magia Divina é um refreador poderoso de todas as formas de “magias negativas”. Seus praticantes não se intimidam diante dos supostos poderosos magos das trevas encarnados ou não.

A Magia Divina traz em si os meios (forças e poderes) capazes de purificar de forma positiva os espíritos à margem da Lei Maior e, também, de anular gradativamente o negativismo e a maldade das pessoas que a praticam, pois as livra das hordas trevosas que tanto auxiliam com têm nessas pobres pessoas seus portais encarnados. Mas a Magia Divina não se destina só ao combate incessante às investidas dos espíritos trevosos, já que um Mago iniciado usa dos conhecimentos que lhe foram transmitidos durante as suas aulas iniciatórias e usa dos poderes Divinos perante os quais se iniciou para plasmar no lado etérico toda uma aura luminosa e protetora das pessoas que a ele recorrem.

Aos magos iniciados também é ensinado como curar espíritos sofredores “encostados” nas pessoas, realizando isso unicamente através de procedimentos magísticos, dispensando o “transporte” ou incorporação deles para que sejam beneficiados com o auxílio indispensável para que retomem suas evoluções. Os espíritos mestres da Magia Divina acolhem todos os espíritos curados e abrigam todos eles em moradas espirituais destinadas ao amparo e ao esclarecimento deles.

Mas um mago iniciado na Magia Divina realiza mais que isso e tem o conhecimento indispensável e outorga Divina necessários para atuar nos corpos espirituais das pessoas atendidas por ele, e é capaz de alcançar seus níveis mais profundos e realizar “cirurgias espirituais” durante as quais são retirados desses corpos profundos “inclusões” nocivas ao bem-estar delas. Todo o trabalho magístico realizado por um Mago praticante da Magia Divina visa ao benefício das pessoas atendidas por ele.

Assim, a Magia Divina é um bem Divino, colocada à disposição de todos os que desejarem praticá-la com fé, amor, respeito, confiança e determinação. Com sua dinâmica própria, adapta-se às necessidades dos seus praticantes, não obrigando ninguém a renunciar ao seu modo de ser, pensar ou agir.

No estudo da Magia Divina, o iniciado é “apresentado” a Deus e às suas divindades, e na sua iniciação consagra-se a Ele como Seu servo, Mago e instrumento de Sua Lei Maior e da Sua Justiça Divina, sempre pronto para serví-lO quando for necessária a sua atuação magística.

O Mago praticante de Magia Divina é um servo de Deus, da Sua Lei Maior e da Sua Justiça Divina e, consciente disso, não espera para si maiores benefícios que os que Ele concedeu-lhe quando o criou. E não alimenta o sentimento de superioridade porque sabe que não o é em momento algum ante os olhos de Deus.

Um praticante da Magia Divina sente-se um irmão da humanidade e trabalha magisticamente em benefício dela, não esmorecendo em momento algum e não se deixando abater ante as dificuldades e os infortúnios que visam prová-lo e a desenvolver a boa têmpera, indispensável a todo servo de Deus e instrumento da Sua Lei Maior e da Sua Justiça Divina.

A Magia Divina é a manifestação de uma poderosa vontade superior, emanada pelo Divino Criador e por Suas Divindades, vontade essa que foi trazida dos mais elevados níveis vibracionais da criação por um grupos de espíritos ascencionados liderados pelos amados mestres Magos da Luz, sempre amparados pelas Divindades emanadoras dessa vontade superior, e que são os sagrados Tronos de Deus!

O Mago praticante da Magia Divina é alguém que trabalha onde deseja, já que ele é o elemento ativo dessa Magia. Ele é o seu depositário; é o seu ativador e é o instrumento da Lei Maior e da Justiça Divina, praticando-a onde e quando achar necessário.


http://www.revistauniversomaconico.com.br/pagina/esoterismo.html