"Os objetivos socialistas são logicamente impossíveis"
Esse livro afirma que nossa civilização depende não somente por sua origem, mas também para sua sobrevivência, do que não se pode precisamente descrever como a ordem extensiva da cooperação humana, uma ordem bem mais conhecida, mesmo se o termo gera confusão, sob o nome de capitalismo.
Se nós queremos compreender nossa civilização, é preciso discernir que a ordem extensiva não nasceu de uma intenção ou de uma decisão humana, mas de um processo espontâneo: ela é o fruto de uma conformação não intencional a certas práticas tradicionais, e de caráter profundamente moral, que os homens têm tendência a rejeitar e a não compreender - e de quais eles não podiam provar a validade, mas que foram, contudo rapidamente difundidas através uma seleção evolutiva (o crescimento da população e das riquezas) dos grupos que se conformaram a ela. A adoção não voluntária, reticente, e às vezes dolorosa dessas práticas manteve a coesão dos grupos interessados, facilitou para eles o acesso a informações diversas, e lhes permitiu de "crescer, de se multiplicar, de povoar a terra e de submetê-la" (Gênese 1, 28). Esse processo é a parte mais mal compreendida da evolução humana.
Os socialistas têm uma visão totalmente diferente dessas coisas. Eles não chegam simplesmente a conclusões diferentes, eles vêem os fatos de uma outra maneira. Que os socialistas se enganem quanto aos fatos é um aspecto muito importante que eu desenvolverei nas páginas seguintes. Eu estou pronto para admitir que se as análises socialistas do funcionamento da ordem econômica existente e de suas alternativas possíveis fossem corretas no plano dos fatos, nós poderíamos ser obrigados de nos assegurar que a repartição dos recursos seja conforme a certos princípios morais e que a distribuição deles se faça pela entrega a uma autoridade central do poder de dirigir a alocação dos recursos disponíveis, o que poderia pressupor a abolição da propriedade individual dos meios de produção.
Se fosse verdade, por exemplo, que uma administração central dos meios de produção pudesse chegar a um produto coletivo tendo pelo menos a mesma importância daquele que nós produzimos hoje, encontrar-se-ia colocado sem nenhuma dúvida o grave problema de saber como a produção pode ser conduzida de uma maneira justa. Esta não é entretanto a situação em que nós nos encontramos. Pois não existe de maneira conhecida outra coisa que a distribuição dos produtos em um mercado conduzido pela competição para informar os indivíduos da direção pela qual os esforços deles devem ser dirigidos se eles querem na medida do possível contribuir ao produto total. O elemento central da minha argumentação é então que a partir do momento em que o conflito entre, de um lado, os advogados da ordem humana extensiva espontânea criada por um mercado "concurrentiel" e, por outro lado, aqueles que reclamam uma organização deliberada da interação humana por uma autoridade central sobre a base da administração coletiva dos recursos disponíveis é devida a um erro quanto aos fatos cometido pelos segundos com relação à maneira pela qual o conhecimento desses recursos pode ser gerado e utilizado. No que é uma questão de fatos, esse conflito pode encontrar sua solução pelo estudo científico.
Um tal estudo mostra que seguindo as tradições morais espontaneamente geradas que supõe a ordem de mercado concurrentiel (tradições que não satisfazem os cânones ou as normas de racionalidade aceitas pela maioria dos socialistas), nós podemos gerar e preservar mais conhecimentos e riquezas que nós não poderíamos jamais obter ou utilizar em uma economia centralmente dirigida de qual os defensores dizem portanto proceder exatamente de acordo com a razão. Os objetivos e os programas socialistas são então impossíveis a realizar e a executar; eles também são além disso logicamente impossíveis.
- La Présomption Fatale: Les Erreurs du Socialisme (1988), Friedrich von Hayek - Introdução, Trad. R.Audoin, PUF 1993.
A ordem mercantil espontânea
Oriundo da escola austríaca e grande promotor do liberalismo contra o nazismo e o comunismo, Friedrich von Hayek (1899 - 1992) desenvolve uma visão do mundo que reflete ao mesmo tempo o ensinamento de Friedrich von Wieser e as influências de Ludwig von Mises, Carl Menger ou Engen von Böhn-Bawerk. Sua defesa da liberdade do mercado e sua condenação de toda "socialização da economia" - tiveram, pela influência que elas exerceram em figuras políticas importantes (Thatcher, Pinochet, Reagan), inegavelmente legado ao pensamento político conservador do século XX o essencial de seus fundamentos teóricos
O debate com Keynes
O senso da obra de Hayek é, todavia incompreensível se nós não considerarmos o debate de qual essa obra é oriunda. É em Londres, a partir de 1931, na luta ideológica que o opõe ao economista britânico Keynes que o núcleo da teoria de Hayek se forma. Enquanto Keynes define o desemprego como uma função da demanda global antecipada dos bens de consumo, Hayek descreve o aparecimento do desemprego como o resultado de um desvio do sistema dos preços com relação aos preços e aos salários de equilíbrio que se estabelecem deles mesmos nas condições de um mercado livre e de uma moeda estável. A diferença fundamental entre essas duas maneiras de raciocínio se manifesta plenamente na maneira em que elas são praticadas, quer dizer nas políticas de quais elas se inspiram. Contrariamente a Keynes, que vê na ação do governo nos mercados em período de recessão e de forte inflação uma verdadeira necessidade, Hayek defende a idéia de uma intervenção mínima do Estado, porque fundamentalmente nociva diante o processo natural do mercado. Em 1978, após mais de quarenta anos de luta contra o intervencionismo, Hayek resume, sob a forma de manifesto, seus principais argumentos para a defesa do mercado livre e da ordem capitalista. A obra, "condensado" da teoria de Hayek, se intitula La Présomption fatale: les erreurs du socialisme (extrato acima) e é publicada em 1988. Os dois eixos principais do pensamento de Hayek - um ataque feroz à idéia socialista e uma defesa para uma ordem social livre e espontânea - estão presentes nela. Nós encontramos também um dos fundamentos essenciais da defesa da ordem de mercado: a convicção que a razão humana é naturalmente limitada e, considerando, que a intenção, a decisão humanas não são os fatores principais no processo de criação de uma ordem mercantil.
Limitação da razão
Ora, é nisso que reside, segundo Hayek, o erro socialista. Trata-se, diz ele, de um erro antes de tudo empírico: o pensamento socialista ignora o fato essencial de uma limitação da razão humana. Ele faz prova de uma confiança cega nas possibilidades do conhecimento humano, e de uma incapacidade a julgar corretamente os resultados do processo de mercado. Voilá que explica a "presunção" que ele atribui aqueles que ele chama não sem sarcasmo os "racionalistas construtivistas", aqueles que alimentam uma crença - ilusória - no poder da própria razão deles para construir um mundo melhor.
A planificação dos affaires não pode em nenhum caso produzir a mesma diversidade de conhecimentos, a mesma quantidade de riquezas, do que aquelas produzidas pela ordem mercantil espontânea.
A presunção socialista seria então não somente quimérica, mas perigosa: concedendo à razão uma função excessiva, ela empobrece as quantidades de conhecimentos e de riquezas produzidas pelo mercado, e, fazendo isso, apresenta um perigo para a “qualidade de vida”, e a vida ela mesmo" da população.
- Edwige Kacenelenbogen, pesquisadora no Centro Raymond-Aron (EHESS)
Esse livro afirma que nossa civilização depende não somente por sua origem, mas também para sua sobrevivência, do que não se pode precisamente descrever como a ordem extensiva da cooperação humana, uma ordem bem mais conhecida, mesmo se o termo gera confusão, sob o nome de capitalismo.
Se nós queremos compreender nossa civilização, é preciso discernir que a ordem extensiva não nasceu de uma intenção ou de uma decisão humana, mas de um processo espontâneo: ela é o fruto de uma conformação não intencional a certas práticas tradicionais, e de caráter profundamente moral, que os homens têm tendência a rejeitar e a não compreender - e de quais eles não podiam provar a validade, mas que foram, contudo rapidamente difundidas através uma seleção evolutiva (o crescimento da população e das riquezas) dos grupos que se conformaram a ela. A adoção não voluntária, reticente, e às vezes dolorosa dessas práticas manteve a coesão dos grupos interessados, facilitou para eles o acesso a informações diversas, e lhes permitiu de "crescer, de se multiplicar, de povoar a terra e de submetê-la" (Gênese 1, 28). Esse processo é a parte mais mal compreendida da evolução humana.
Os socialistas têm uma visão totalmente diferente dessas coisas. Eles não chegam simplesmente a conclusões diferentes, eles vêem os fatos de uma outra maneira. Que os socialistas se enganem quanto aos fatos é um aspecto muito importante que eu desenvolverei nas páginas seguintes. Eu estou pronto para admitir que se as análises socialistas do funcionamento da ordem econômica existente e de suas alternativas possíveis fossem corretas no plano dos fatos, nós poderíamos ser obrigados de nos assegurar que a repartição dos recursos seja conforme a certos princípios morais e que a distribuição deles se faça pela entrega a uma autoridade central do poder de dirigir a alocação dos recursos disponíveis, o que poderia pressupor a abolição da propriedade individual dos meios de produção.
Se fosse verdade, por exemplo, que uma administração central dos meios de produção pudesse chegar a um produto coletivo tendo pelo menos a mesma importância daquele que nós produzimos hoje, encontrar-se-ia colocado sem nenhuma dúvida o grave problema de saber como a produção pode ser conduzida de uma maneira justa. Esta não é entretanto a situação em que nós nos encontramos. Pois não existe de maneira conhecida outra coisa que a distribuição dos produtos em um mercado conduzido pela competição para informar os indivíduos da direção pela qual os esforços deles devem ser dirigidos se eles querem na medida do possível contribuir ao produto total. O elemento central da minha argumentação é então que a partir do momento em que o conflito entre, de um lado, os advogados da ordem humana extensiva espontânea criada por um mercado "concurrentiel" e, por outro lado, aqueles que reclamam uma organização deliberada da interação humana por uma autoridade central sobre a base da administração coletiva dos recursos disponíveis é devida a um erro quanto aos fatos cometido pelos segundos com relação à maneira pela qual o conhecimento desses recursos pode ser gerado e utilizado. No que é uma questão de fatos, esse conflito pode encontrar sua solução pelo estudo científico.
Um tal estudo mostra que seguindo as tradições morais espontaneamente geradas que supõe a ordem de mercado concurrentiel (tradições que não satisfazem os cânones ou as normas de racionalidade aceitas pela maioria dos socialistas), nós podemos gerar e preservar mais conhecimentos e riquezas que nós não poderíamos jamais obter ou utilizar em uma economia centralmente dirigida de qual os defensores dizem portanto proceder exatamente de acordo com a razão. Os objetivos e os programas socialistas são então impossíveis a realizar e a executar; eles também são além disso logicamente impossíveis.
- La Présomption Fatale: Les Erreurs du Socialisme (1988), Friedrich von Hayek - Introdução, Trad. R.Audoin, PUF 1993.
A ordem mercantil espontânea
Oriundo da escola austríaca e grande promotor do liberalismo contra o nazismo e o comunismo, Friedrich von Hayek (1899 - 1992) desenvolve uma visão do mundo que reflete ao mesmo tempo o ensinamento de Friedrich von Wieser e as influências de Ludwig von Mises, Carl Menger ou Engen von Böhn-Bawerk. Sua defesa da liberdade do mercado e sua condenação de toda "socialização da economia" - tiveram, pela influência que elas exerceram em figuras políticas importantes (Thatcher, Pinochet, Reagan), inegavelmente legado ao pensamento político conservador do século XX o essencial de seus fundamentos teóricos
O debate com Keynes
O senso da obra de Hayek é, todavia incompreensível se nós não considerarmos o debate de qual essa obra é oriunda. É em Londres, a partir de 1931, na luta ideológica que o opõe ao economista britânico Keynes que o núcleo da teoria de Hayek se forma. Enquanto Keynes define o desemprego como uma função da demanda global antecipada dos bens de consumo, Hayek descreve o aparecimento do desemprego como o resultado de um desvio do sistema dos preços com relação aos preços e aos salários de equilíbrio que se estabelecem deles mesmos nas condições de um mercado livre e de uma moeda estável. A diferença fundamental entre essas duas maneiras de raciocínio se manifesta plenamente na maneira em que elas são praticadas, quer dizer nas políticas de quais elas se inspiram. Contrariamente a Keynes, que vê na ação do governo nos mercados em período de recessão e de forte inflação uma verdadeira necessidade, Hayek defende a idéia de uma intervenção mínima do Estado, porque fundamentalmente nociva diante o processo natural do mercado. Em 1978, após mais de quarenta anos de luta contra o intervencionismo, Hayek resume, sob a forma de manifesto, seus principais argumentos para a defesa do mercado livre e da ordem capitalista. A obra, "condensado" da teoria de Hayek, se intitula La Présomption fatale: les erreurs du socialisme (extrato acima) e é publicada em 1988. Os dois eixos principais do pensamento de Hayek - um ataque feroz à idéia socialista e uma defesa para uma ordem social livre e espontânea - estão presentes nela. Nós encontramos também um dos fundamentos essenciais da defesa da ordem de mercado: a convicção que a razão humana é naturalmente limitada e, considerando, que a intenção, a decisão humanas não são os fatores principais no processo de criação de uma ordem mercantil.
Limitação da razão
Ora, é nisso que reside, segundo Hayek, o erro socialista. Trata-se, diz ele, de um erro antes de tudo empírico: o pensamento socialista ignora o fato essencial de uma limitação da razão humana. Ele faz prova de uma confiança cega nas possibilidades do conhecimento humano, e de uma incapacidade a julgar corretamente os resultados do processo de mercado. Voilá que explica a "presunção" que ele atribui aqueles que ele chama não sem sarcasmo os "racionalistas construtivistas", aqueles que alimentam uma crença - ilusória - no poder da própria razão deles para construir um mundo melhor.
A planificação dos affaires não pode em nenhum caso produzir a mesma diversidade de conhecimentos, a mesma quantidade de riquezas, do que aquelas produzidas pela ordem mercantil espontânea.
A presunção socialista seria então não somente quimérica, mas perigosa: concedendo à razão uma função excessiva, ela empobrece as quantidades de conhecimentos e de riquezas produzidas pelo mercado, e, fazendo isso, apresenta um perigo para a “qualidade de vida”, e a vida ela mesmo" da população.
- Edwige Kacenelenbogen, pesquisadora no Centro Raymond-Aron (EHESS)
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