" Certamente, eu concedo que é da mais alta importância para a Igreja e o Estado de manter um olhar vigilante na conduta dos Livros e dos homens; em seguida, se eles forem malfeitores, de prende-los,de encarcera-los, de submete-los a mais severa justiça; pois os Livros não são de maneira alguma coisas absolutamente mortas: neles estão uma potencia de vida tão prolìfera quanto a alma de onde eles são oriundos;que digo, eles conservam como em um frasco o extrato mais puro e toda eficàcia dessa inteligencia viva que lhes deu nascimento.Eu os sei tão vivos,tão poderosamente fecundos que os dentes do Dragão da fàbula:em um campo assim tão semeado talvez jorre guerreiros armados.Todavia devemos tambem reflechir que se operamos sem circunspecção, estão seria,quase matar um Homem que matar um bom Livro;quem mata um Homem mata uma criatura de razão a imagem de Deus;mais aquele que destròi um bom Livro mata a razão ela-mesma,mata a Imagem e como o olhar de Deus.Mais de um homem vive que é apenas um fardo para a terra;mas um bom Livro é o sangue vital de um espìrito superior,tesouro precioso embalsamado e guardado a desenho,em vista de uma vida que depassa a vida.È verdade que nenhuma idade pode ressuscitar uma vida,o que talvez não seja uma grande perda;da mesma maneira o curso das idades encontra raramente uma verdade repelida e em seguida perdida:mas a essa carência corresponde a ruìna de Nações inteiras.Então sejamos circunspectos, reflechindo a persecução desencadeada por nòs contra as obras vivas dos homens da cidade,a essa destruição de uma vida humana,amadurecida,em seguida conservada e acumulada nos Livros:pois nòs vemos bem que podemos dessa maneira nos tornar culpados de uma sorte de homicìdio,as vezes mesmo de martìrio, - e se isso estende-se a impressão inteira,podemos falar de massacre:crime que não se limita ao aniquilamento de uma vida vegetativa,mais atinge a quintessência espiritual, o sopro de vida da pròpria razão:é ser assassino da imortalidade,e não um simples assassino. [...]Em consequência,eu acredito que Deus, no dia em que ele liberou de toda restrição o alimento dos corpos (sempre com essa reserva das regras da temperança),deixou tambem e como antes o regime e a alimentação de nosso espìrito ao nosso livre arbìtrio:pois é aì que todo homem feito poderà vir exercer sua faculdade diretiva.[...]Se toda ação boa ou mà na nossa idade moderna devesse ser racionada,ordenada,contrariada,a virtude seria outra coisa que um tìtulo? Qual louvação mereceria então nossa boa conduta,qual vontade nòs teriamos de ser sòbrios,justos ou castos? Numerosos são aqueles que censuram a divina Providência de ter tolerado a transgressão de Adão:conversas insensatas! Quando Deus lhe deu a razão,ele lhe deu a liberdade de escolha;pois razão é escolha;senão ele sò teria sido um Adão artificial como nòs vemos nas marionetes.[...]Que avantagem teria o adulto sobre o estudante,se nòs sò escapamos a autoridade magistral que para recair sob a batuta de um "Imprimatur "? Se as profundas, as obras perfeitas,rebaixadas ao nìvel de uma còpia escolar submissa ao olho do Mestre,sò devem se exprimir que sob o contrôle açodado de um censor,tão prudente para ele de que ele é apressado para nòs? O homem a quem nòs recusamos crédito em suas pròprias ações,quando não sabemos nele nenhuma tendência mà, e pronto a afrontar a lei e suas repreensões,não tem motivo de acreditar-se obrigado,ao paìs de seu nascimento, por outro que um tolo ou que um estrangeiro.[...] Todo ser tendo que reflechir sabe que nossa fé e nosso conhecimento,da mesma maneira que nossos membros e nossa constituição,se fortificam com o exercìcio.A Escritura compara a Verdade a uma fonte jorrando;se a vaga de suas àguas não avançam sem cessar,estas degeneram em um charco lamacento de conformismo e de tradição."
- John Milton - Areopagitica, Pela liberdade de imprimir sem autorização nem censura ( 1644 ),Trad.O.Lutand,Aubier,1956 -
- Le Point - France - Jan,fev. 2007 -
" A admiração que em todas as épocas os defensores da liberdade de expressão tiveram pela Areopagitica de John Milton ( 1608 - 1674 ), o uso que eles fizeram adaptando esse texto ou o traduzindo,sublinham sua duràvel pertinencia no debate sobre os perigos e os malefìcios da censura.Fruto de circunstâncias que parecem longìquas - a revolução inglesa dos anos 1640 - ,expressão de um pensamento profundamente marcado pelas preucupações religiosas,esse texto constitue uma defesa inigualàvel a favor da liberdade de publicar.Sem dùvida sua força vem da elevação do pensamento,que não poderia surpreender no autor do "Paraìso perdido".[...] Nada pode garantir que os censores serão capazes de distinguir os livros perigosos dos livros ùteis, aqueles que favorizarão o bom uso de nossa razão e do livre arbìtrio.Querer controlar os pensamentos, é recusar aos homens o crédito de inteligencia do qual eles tem direito, impedir os debates pùblicos que permitem a verdade de triunfar,tirar toda autoridade as obras pùblicas.È arrogar-se um poder salvador que sò pertence ao Criador.Os pensadores liberais não acrescentarão nada de essencial a essa defesa."
- Franck Lessay,Autor de "Soberania e Legitimidade " - Hobbes ( PUF,1988) -
Le Point - France - jan,fev,2007 -
Nenhum comentário:
Postar um comentário