""O sistema simples da liberdade natural apresenta-se dele-mesmo "
Quando um animal quer obter alguma coisa de outro animal ou de um homem, ele não tem outra possibilidade a não ser a de procurar ganhar o favor daquele que ele precisa.
A criança faz um carinho na sua mãe, e o cachorro que assiste ao jantar de seu mestre se esforça de mil maneiras para atirar à sua atenção esperando obter um pouco de comida. O homem age algumas vezes da mesma maneira com seus semelhantes, e quando ele não tem um outro caminho para os engajar a fazer o que ele deseja, ele procura ganhar suas boas graças atravéis lisonjas e atenções servis.No entanto ele não dispõe sempre como ele quer de pôr esses meios em obra.Em uma sociedade civilisada, ele precisa em vàrios momentos da assistência e do concurso de uma multitude de homens, enquanto que sua vida inteira não seria suficiente para ele ganhar a amizade de algumas pessoas.
Em quase todas as espécies de animais, cada indivìduo, quando ele chega a seu crescimento pleno, é totalmente independente e , enquanto ele fica no seu estado natural, ele pode se passar da ajuda de qualquer outra criatura viva.Mais o homem tem quase continuamente a necessidade do socorro de seus semelhantes, e é em vão que ele esperaria deles o sentimento ùnico de benevolência.Ele serà bem mais certo de conseguir, se ele se dirige a seu interesse pessoal e se ele o convence que é sua pròpria avantagem que lhe ordena de fazer o que ele deseja.È o que faz àquele que propõe a um outro um mercado qualquer; o sentido de sua proposição é o seguinte: Me deem o que eu preciso, e vocês terão de mim aquilo que vocês precisam; e a maior parte desses bons oficios que nos são necessàrios obteem-se dessa maneira.Não é à benevolência do cortador, do comerciante de cerveja e do padeiro, que nòs esperamos no nosso jantar, mais o cuidado que eles têm para com seus pròprios interesses.
- Pesquisa sobre a natureza e as causas da riqueza das nações ( 1776 ), livro I, Cap. 2, Trad.G.Garnier, Revista por A.Blanqui ( 1881 ).
Assim, deixando de lado todos esses sistemas ou de preferências ou de obstàculos, o sistema simples e fàcil da liberdade natural vem se apresentar dele-mesmo e encontra-se totalmente estabelecido.
Todo homem, enquanto ele não transgride às LEIS DE JUSTICA, permanece em plena liberdade de seguir o caminho que lhe mostra seu interesse, e de portar onde lhe agrada sua industria e seu capital, concurrentemente - Não sei se essa palavra existe?; de concurso, concorrer ?, me perdoem, resgatando a lìngua Pàtria, Grata - com aqueles de toda outra classe de homens. O soberano se encontra inteiramente livre de uma responsabilidade que ele não poderia tentar cumprir sem se expor infalivelmente a ser incessantemente enganado de mil maneiras, e que para o cumprimento conveniente dessa responsabilidade não existe nenhuma sabedoria humana nem conhecimento que possam satisfaze-la, a responsabilidade de ser o superintendente da indùstria dos particulares, de dirigir em direção aos empregos mais apropriados ao interesse geral da sociedade.
No sistema da liberdade natural, o soberano sò tem três Deveres a cumprir; TRÊS DEVERES, na realidade de uma ALTA IMPORTANCIA, mais que são CLAROS, SIMPLES e ao Alcance de uma Inteligência ordinaria.O primeiro é o DEVER de DEFENDER a sociedade de TODO ATO DE VIOLÊNCIA ou de INVASÃO da parte de Outras Sociedades INDEPENDENTES. - O segundo, é o DEVER de PROTEGER, na medida do possìvel, Cada Membro da sociedade contra a INJUSTICA ou a OPRESSÃO de TODO OUTRO MEMBRO, ou então o DEVER de ESTABELECER UMA ADMINISTRACAO EXATA DA JUSTICA. - E o terceiro, é o DEVER de ERIGIR e de se OCUPAR de CERTAS OBRAS PUBLICAS e CERTAS INSTITUICÕES que o interesse privado de um particular ou de alguns particulares não poderia jamais lhes portar a erigir ou se ocupar, porque jamais o benefìcio não reemborsaria a despesa a um particular ou a alguns particulares, se bem que em consideração de uma grande sociedade esse benefìcio faça muito mais do que reemborsar as despesas.
- Idem - Livro IV, CAP.9 - Adam Smith -
A autoregulação do mercado
"Entre a doutrina dos economistas [ que os precederam no século XVIII] e a de Adam Smith, existe a mesma distancia que separa o sistema de Tycho Brahé da fìsica de Newton "
È assim que Jean-Baptiste Say, o grande economista liberal do começo do século XIX, faz uma homenagem a Adam Smith, vendo nele o Newton da economia.Sua admiração vai, evidentemente, à "Pesquisa sobre a natureza e as causas da riqueza das nações " ( 1776 ), o livro fundador do liberalismo economico.Sem dùvida algumas obras preconisando a liberdade do comercio foram publicadas antes da "Pesquisa", entre elas a de David Hume ou a dos fisiocratas.Mais jamais antes de Smith a doutrina liberal tinha sido exposta de maneira tão sistematica e tão fortemente argumentada:David Hume sò escrevia ensaios dispersos, enquanto que o partido dos fisiocratas em favor da agricultura foi julgado pouco "convaincant" - de convencer, adj.me perdoem,resgatando a lìngua Pàtria - para a posteridade.
Smith relaciona toda troca economica com a procura do interesse privado.Serà uma maneira de dizer cinicamente que os homens sò se preucupam naturalmente que deles-mesmos ? Certamente que não, por três razões pelo menos.Primeiramente, se os homens devem se dirigir ao interesse de outrem em vez de se dirigir a benevolência deles, não é por causa de um egoismo iredutivelmente inerente à natureza humana.Isso é devido ao desenvolvimento històrico de nossas sociedades, onde a abundancia da produção reposa na divisão do trabalho, esta tendo por consequência que todo homem depende de uma multitude de outros homens para obter os bens que ele deseja.Ora, està excluìdo o fato que nòs possamos fazer apelo a benevolência de uma multitude de desconhecidos.
Em segundo lugar, mesmo em uma sociedade dominada pela divisão do trabalho, existem mùltiplas relações de benevolência; simplesmente, eles não tem a função da troca economica.Em outras palavras,Smith jamais pretendeu fazer do mercado o paradigma de todo elo social.Em terceiro lugar, como ensina outra grande obra de Smith, a "Teoria dos sentimentos morais" ( 1759), a procura do interesse passa necessariamente pela simpatia com outrem, que conduz a uma avaliação moral. A simpatia dita dessa maneira aos homens uma forma de conciliar seus interesses uns com os outros que leva em conta necessariamente a moral : o mercado supõe duas virtudes, a prudência e a justiça. Sem elas,nenhuma troca economica é possìvel.
O mercado se autoregula de maneira a coordenar todas as demandas e todas as "offres" oriundas do interesse privado, como se os homens fossem conduzidos sem saber por uma "mão invisìvel".Essa metàfora significa que os interesses privados,trabalhando para se satisfazer,servem ao mesmo tempo o interesse geral, mesmo se eles o fazem sem querer e sem saber.
Jamais antes Smit
a doutrina liberal
tinha sido exposta
de maneira tão sistematica
e tão bem argumentada.
O Estado indispensàvel
No entanto, o mercado precisa do Estado, que deve cumprir três deveres indispensàveis a atividade economica ( SEGURANCA NACIONAL, PAZ CIVIL, TRABALHOS DE UTILIDADE PUBLICA ).
Porquê não pedir mais ao Estado ? simplesmente porque o mercado é tão complexo que a inteligência, em particular a dos legisladores, é incapaz de apreender o mecanismo de detalhe.
As boas intenções legislativas possuem efeitos perversos que ninguém pode prever.Melhor então não fazer nada que fazer mal. A não-intervenção do Estado tem aos olhos de Smith uma justificação moral, reposando aqui tambem nos ensinamentos da "Teoria : os efeitos perversos das decisões dos legisladores riscam de ser contràrias a virtude de justiça.
- M.B - France - 2007
O mercado supõe
A Prudência e a Justiça
Sem elas, nenhuma
Troca economica
È possìvel.
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