" Os ricos são conduzidos por uma mão invisìvel
"Qual é o objetivo do labor e de todo corre-corre desse mundo ? Qual é o fim da avareza e da ambição, da pesquisa da riqueza, do poder e da preêminência ? Serà para responder as necessidades da natureza ? O salàrio do trabalhador modesto pode ser uma resposta. Nòs observamos que este salàrio lhe dà a comida e a roupa, o conforto de uma casa e de uma famìlia. Se nòs examinassemos sua economia com rigor, nòs poderiamos ver que ele gasta uma grande parte de seu salàrio para ter comodidades que podem ser consideradas como superfluidades, e que, nas ocasiões fora do comum, ele pode mesmo consagrar uma parte à vaidade e à distinção. Qual é então a causa de nossa aversão por sua situação? E porquê àqueles que foram educados nos meios mais elevados consideram ser mais horrìvel do que a morte o fato de ser reduzido, mesmo sem trabalho, a viver da mesma comida simples que ele, a morar no mesmo teto humilde e a ser vestido da mesma roupa modesta ?
Serà que eles imaginam que seus estômagos são mais satisfeitos ou que seu sono é mais profundo em um palàcio do que em uma cabana ? O contràrio foi vàrias vezes observado e é tão evidente,se bem que essa evidência nela-mesma nunca foi observada, ninguém a ignora. De onde nasce então essa emulação que corre atravéis as diferentes classes da sociedade ? E quais são as avantagens que nòs propomos atravéis esse grande objetivo da vida humana que nòs chamamos a melhoração de nossa condição ?
Ser observados, ser destacados, ser considerados com simpatia, satisfação e aprovação são todas as avantagens que nòs podemos nos propor a obter.
- Théorie des sentiments moraux ( 1759 ) ( Teoria dos sentimentos morais ), Parte 1, seção III, cap.2 - Trad.M.Bizion, Puf - Adam Smith
È independentemente de qualquer objetivo que o orgulhoso e insensìvel proprietàrio se alegra da imensidade de seus campos, e é sem o mìnimo pensamento para as necessidades de seus irmãos que ele consome na sua imaginação a totalidade da "colheita" que cobre seus campos.
O proverbio familiar e vulgar segundo o qual os olhos são maiores do que a barriga nunca foi tão verdadeiro em relação a esse propòsito. Seu estômago tem uma capacidade insignificante em relação a imensidade de seus desejos, e ele não poderà conter nada mais do que o estômago do mais modesto agricultor.Quanto ao resto, o rico deve distribuir para os que trabalham, da melhor maneira possìvel, essa pequena porção que ele-mesmo utiliza, àqueles que cuidam do palàcio onde essa pequena porção serà consumida, àqueles que procuram e mantem em ordem "les bibetots et les babioles" que são empregados na economia da grandeza. È de seu luxo e de seu capricho que todos obtem sua parte de necessidades da vida, que eles teriam inutilmente esperado de sua humanidade ou de sua justiça. O produto da terra faz viver quase todos os homens que ele é susceptìvel de fazer viver !
Os ricos escolhem apenas nessa quantidade produzida o que é mais precioso e o mais agradàvel.Eles não consomem nada mais do que os pobres e, apesar do egoìsmo e da rapacidade natural, se bem que eles sò aspiram à sua pròpria comodidade, se bem que o ùnico objetivo que eles se propõem de obter dos milhares de braços que eles empregam seja a ùnica satisfação de seus vains e insaciàveis desejos, eles compartilham assim mesmo com os pobres os produtos das melhorações que eles realizam. Eles são conduzidos por uma mão invisìvel a cumprir quase a mesma distribuição das necessidades da vida que aquela que teria sido realizada se a terra tivesse sido dividida em porções iguais entre todos seus habitantes; e dessa maneira, sem querer, sem saber, eles servem os interesses da sociedade e dão os meios para a multiplicação da espécie.
- Idem - Parte IV , cap.1
Adam Smith e a moral do liberalismo econômico
Alguém sabe suficientemente que Adam Smith ( 1723 - 1790 ), o pai fundador do liberalismo econômico, tambem é um profundo filòsofo da moral?
Quinze anos antes de publicar sua obra prima da teoria econômica, a "Procura sobre a natureza e as causas da riqueza das nações " ( 1776 ), ele redige a "Teoria dos sentimentos morais" ( 1759 ).
A relação entre esses dois livros intrigou durante muito tempo seus leitores: ninguém compreendia que um economista gastasse seu tempo - pois o tempo, nòs sabemos, é dinheiro - a dissertar sobre os sentimentos morais.
A surpresa acaba quando compreendemos que a " Teoria " tem por função de expor o fundamento moral do liberalismo econômico preconisado pela "Procura", os valores que são destinados a justifica-lo.Esse ponto é decisivo, pois nòs temos demasiadamente tendência nos dias de hoje a considerar o liberalismo econômico como um discurso puramente pragmàtico, a exposição de uma simples técnica de direção em favor da mundialização, excessivamente ocupada da eficacidade ( gestora ? ) para se embarassar de uma teoria normativa dos valores.
Ao contràrio, a leitura da "Teoria" nos assegura que o liberalismo econômico é uma verdadeira filosofia que posa com força e transparência seus valores.Nòs podemos aceita-los, ou combatê-los, mas em todo caso é preciso conhecê-los para saber do que falamos.
A tese central da "Teoria " é que os julgamentos morais se fundam sobre a simpatia entre os homens.Porque eu simpatizo com outrem, fazê-lo sofrer me faria sofrer, e eu proìbo isso a mim-mesmo.O dever moral é então o produto de um acordo que se instaura entre meus sentimentos e os sentimentos de outrem graças a simpatia.
Simpatia e estima
A influência moral da simpatia intervem em todos os domìnios da vida humana, inclusive no domìnio econômico. Assim, nos dois extratos acima, Smith começa mostrando que o desejo de riquezas tem por motivo principal a procura da simpatia de outrem. Com efeito, é preciso pouca coisa para satisfazer nossas necessidades vitais. Tudo que vai além delas serve sobretudo para atirar a atenção dos outros sobre nòs, atravéis a simpatia. Isso quer dizer que nòs procuramos a suscitar a inveja exibindo nossos sinais exteriores de riqueza ? Não,não essencialmente ( mesmo se isso não està excluìdo), pois, como acabamos de explicar, a simpatia funciona produzindo a estima moral.Nòs então não desejamos realmente ser invejados com a mesma intensidade que nòs desejamos ser aprovados moralmente.
O rico procura legitimar atravéis seu enriquecimento, a provar que ele tem mérito. E se esses bens são mal adquiridos, ele pode aproveitar deles, mas correndo o risco de ser desaprovado por outrem.
A partilha das riquezas
Se a riqueza é adquirida de uma maneira moral ou imoral, o que acontece com aqueles que permanecem pobres ? Vamos imaginar o caso de um rico totalmente egoista, que não quer partilhar nada com os pobres.
Desenvolvendo um paradoxo surpreendente, Smith afirma que ele sò poderà usufruir sozinho de uma pequena parte de sua riqueza, e que ele é obrigado de partilhar o resto com os outros, sem querer e mesmo sem saber.
Com efeito o rico fornece o trabalho a todos àqueles que são encarregados de produzir o que ele deseja:remunerando seus empregados, ele consagra então uma grande parte de sua riqueza a cuidar de seus semelhantes. Tal é a tese ilustrada pela famosa "mão invisìvel", metàfora em que a primeira ocorrência aparece na "Teoria", antes de ser reutilizada na "Procura" com o sucesso que sabemos.
- M.B - France 2007
"Qual é o objetivo do labor e de todo corre-corre desse mundo ? Qual é o fim da avareza e da ambição, da pesquisa da riqueza, do poder e da preêminência ? Serà para responder as necessidades da natureza ? O salàrio do trabalhador modesto pode ser uma resposta. Nòs observamos que este salàrio lhe dà a comida e a roupa, o conforto de uma casa e de uma famìlia. Se nòs examinassemos sua economia com rigor, nòs poderiamos ver que ele gasta uma grande parte de seu salàrio para ter comodidades que podem ser consideradas como superfluidades, e que, nas ocasiões fora do comum, ele pode mesmo consagrar uma parte à vaidade e à distinção. Qual é então a causa de nossa aversão por sua situação? E porquê àqueles que foram educados nos meios mais elevados consideram ser mais horrìvel do que a morte o fato de ser reduzido, mesmo sem trabalho, a viver da mesma comida simples que ele, a morar no mesmo teto humilde e a ser vestido da mesma roupa modesta ?
Serà que eles imaginam que seus estômagos são mais satisfeitos ou que seu sono é mais profundo em um palàcio do que em uma cabana ? O contràrio foi vàrias vezes observado e é tão evidente,se bem que essa evidência nela-mesma nunca foi observada, ninguém a ignora. De onde nasce então essa emulação que corre atravéis as diferentes classes da sociedade ? E quais são as avantagens que nòs propomos atravéis esse grande objetivo da vida humana que nòs chamamos a melhoração de nossa condição ?
Ser observados, ser destacados, ser considerados com simpatia, satisfação e aprovação são todas as avantagens que nòs podemos nos propor a obter.
- Théorie des sentiments moraux ( 1759 ) ( Teoria dos sentimentos morais ), Parte 1, seção III, cap.2 - Trad.M.Bizion, Puf - Adam Smith
È independentemente de qualquer objetivo que o orgulhoso e insensìvel proprietàrio se alegra da imensidade de seus campos, e é sem o mìnimo pensamento para as necessidades de seus irmãos que ele consome na sua imaginação a totalidade da "colheita" que cobre seus campos.
O proverbio familiar e vulgar segundo o qual os olhos são maiores do que a barriga nunca foi tão verdadeiro em relação a esse propòsito. Seu estômago tem uma capacidade insignificante em relação a imensidade de seus desejos, e ele não poderà conter nada mais do que o estômago do mais modesto agricultor.Quanto ao resto, o rico deve distribuir para os que trabalham, da melhor maneira possìvel, essa pequena porção que ele-mesmo utiliza, àqueles que cuidam do palàcio onde essa pequena porção serà consumida, àqueles que procuram e mantem em ordem "les bibetots et les babioles" que são empregados na economia da grandeza. È de seu luxo e de seu capricho que todos obtem sua parte de necessidades da vida, que eles teriam inutilmente esperado de sua humanidade ou de sua justiça. O produto da terra faz viver quase todos os homens que ele é susceptìvel de fazer viver !
Os ricos escolhem apenas nessa quantidade produzida o que é mais precioso e o mais agradàvel.Eles não consomem nada mais do que os pobres e, apesar do egoìsmo e da rapacidade natural, se bem que eles sò aspiram à sua pròpria comodidade, se bem que o ùnico objetivo que eles se propõem de obter dos milhares de braços que eles empregam seja a ùnica satisfação de seus vains e insaciàveis desejos, eles compartilham assim mesmo com os pobres os produtos das melhorações que eles realizam. Eles são conduzidos por uma mão invisìvel a cumprir quase a mesma distribuição das necessidades da vida que aquela que teria sido realizada se a terra tivesse sido dividida em porções iguais entre todos seus habitantes; e dessa maneira, sem querer, sem saber, eles servem os interesses da sociedade e dão os meios para a multiplicação da espécie.
- Idem - Parte IV , cap.1
Adam Smith e a moral do liberalismo econômico
Alguém sabe suficientemente que Adam Smith ( 1723 - 1790 ), o pai fundador do liberalismo econômico, tambem é um profundo filòsofo da moral?
Quinze anos antes de publicar sua obra prima da teoria econômica, a "Procura sobre a natureza e as causas da riqueza das nações " ( 1776 ), ele redige a "Teoria dos sentimentos morais" ( 1759 ).
A relação entre esses dois livros intrigou durante muito tempo seus leitores: ninguém compreendia que um economista gastasse seu tempo - pois o tempo, nòs sabemos, é dinheiro - a dissertar sobre os sentimentos morais.
A surpresa acaba quando compreendemos que a " Teoria " tem por função de expor o fundamento moral do liberalismo econômico preconisado pela "Procura", os valores que são destinados a justifica-lo.Esse ponto é decisivo, pois nòs temos demasiadamente tendência nos dias de hoje a considerar o liberalismo econômico como um discurso puramente pragmàtico, a exposição de uma simples técnica de direção em favor da mundialização, excessivamente ocupada da eficacidade ( gestora ? ) para se embarassar de uma teoria normativa dos valores.
Ao contràrio, a leitura da "Teoria" nos assegura que o liberalismo econômico é uma verdadeira filosofia que posa com força e transparência seus valores.Nòs podemos aceita-los, ou combatê-los, mas em todo caso é preciso conhecê-los para saber do que falamos.
A tese central da "Teoria " é que os julgamentos morais se fundam sobre a simpatia entre os homens.Porque eu simpatizo com outrem, fazê-lo sofrer me faria sofrer, e eu proìbo isso a mim-mesmo.O dever moral é então o produto de um acordo que se instaura entre meus sentimentos e os sentimentos de outrem graças a simpatia.
Simpatia e estima
A influência moral da simpatia intervem em todos os domìnios da vida humana, inclusive no domìnio econômico. Assim, nos dois extratos acima, Smith começa mostrando que o desejo de riquezas tem por motivo principal a procura da simpatia de outrem. Com efeito, é preciso pouca coisa para satisfazer nossas necessidades vitais. Tudo que vai além delas serve sobretudo para atirar a atenção dos outros sobre nòs, atravéis a simpatia. Isso quer dizer que nòs procuramos a suscitar a inveja exibindo nossos sinais exteriores de riqueza ? Não,não essencialmente ( mesmo se isso não està excluìdo), pois, como acabamos de explicar, a simpatia funciona produzindo a estima moral.Nòs então não desejamos realmente ser invejados com a mesma intensidade que nòs desejamos ser aprovados moralmente.
O rico procura legitimar atravéis seu enriquecimento, a provar que ele tem mérito. E se esses bens são mal adquiridos, ele pode aproveitar deles, mas correndo o risco de ser desaprovado por outrem.
A partilha das riquezas
Se a riqueza é adquirida de uma maneira moral ou imoral, o que acontece com aqueles que permanecem pobres ? Vamos imaginar o caso de um rico totalmente egoista, que não quer partilhar nada com os pobres.
Desenvolvendo um paradoxo surpreendente, Smith afirma que ele sò poderà usufruir sozinho de uma pequena parte de sua riqueza, e que ele é obrigado de partilhar o resto com os outros, sem querer e mesmo sem saber.
Com efeito o rico fornece o trabalho a todos àqueles que são encarregados de produzir o que ele deseja:remunerando seus empregados, ele consagra então uma grande parte de sua riqueza a cuidar de seus semelhantes. Tal é a tese ilustrada pela famosa "mão invisìvel", metàfora em que a primeira ocorrência aparece na "Teoria", antes de ser reutilizada na "Procura" com o sucesso que sabemos.
- M.B - France 2007
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