" O que torna o Estado justo torna o indivìduo justo "
A justiça
[ Sòcrates ] - O que torna o Estado justo torna igualmente o indivìduo justo. [...] Nòs também não esquecemos que o Estado é justo, quando cada uma das três ordens que o compõem cumpre o dever que lhe é pròprio, e que ele é nele mesmo moderado, corajoso e sàbio, por certas disposições e qualidades relativas a essas três ordens.
- A Repùblica, IV, 435B, Trad. V. Cousin, Ed. Rey e Gravier, 1834.
[Sòcrates] - Gerar a justiça, é estabelecer entre as partes da alma a subordinação que a justiça organiza na natureza: gerar a injustiça, é dar a uma parte sobre a outra um império que não é natural.
- Idem, IV, 44D.
Sòcrates] - Você esquece mais uma vez, meu caro amigo, que o legislador deve se propor, não a felicidade de uma ordem particular de cidadãos excluindo os outros, mais a felicidade de todos, estabelecendo entre eles a união pela persuasão e pela autoridade, levando-os a se comunicar entre eles as avantagens que cada um pode dar a sociedade; e que se ele se aplica a formar no Estado esses cidadãos, não é para deixa-los livres de fazer das faculdades deles o emprego que eles quiserem, mais para faze-los concorrer a fortificar a relação com o Estado.
- Idem, VII, 319 - 520A
Cidade e solidariedade
[...] - O Estado é então como um sò homem; eu me explico; quando nosso dedo recebe alguma ferida, a màquina inteira do corpo e da alma, de qual o unidade é a obra do princìpio supremo da alma, sente uma sensação, e toda inteira e ao mesmo tempo sofre do mal de uma de suas partes, assim nòs dizemos de um homem, que ele sente uma dor no dedo. Assim é da mesma maneira de toda outra parte do homem, que seja de uma dor ou de um prazer.
[Glaucon] - Sim, da mesma maneira; e, como você disse, eis a imagem de um Estado bem governado.
[Sòcrates] - Que aconteça a um cidadão um bem ou um mal, o Estado, da maneira que nòs o concebemos, participarà disso como se ele o sentisse ele mesmo; ele se regozijarà ou sofrerà inteiramente.
- Idem, V, 462 - E
A realização do Estado ideal
[Sòcrates] - Enquanto os filòsofos não serão reis, ou que aqueles que nòs chamamos hoje reis e soberanos, não serão verdadeiramente e seriamente filòsofos; Enquanto o poder politico e a filosofia não se encontrarão [...], não existirà remédio para os males que desolam os Estados, nem mesmo, na minha opinião, para os males do gênero humano, e jamais nosso Estado poderà nascer e ver a luz do dia.
Eis o que eu hesitava muito tempo a dizer, prevendo que eu revoltaria com essas palavras a opinião comum; com efeito é difìcil conceber que a felicidade pùblica e particular dependam dessas condições.
- Idem, V, 473t - E
A degenerescência dos regimes
[Sòcrates] - Você concluia mais ou menos como você fez ainda pouco, considerando bom o Estado que você tinha descrito e o homem que seria semelhante a esse modelo [....] mas, você dizia se essa forma de governo é boa, todas as outras são defeituosas e na minha lembrança você considerava quatro espécies que mereciam ser examinadas e comparadas nos seus defeitos com os indivìduos que o tipo corresponde a cada uma dessas espécies. [....] Primeiro vem o governo mais considerado de todos, o de Crète e o de Lacédémone; depois o segundo, que nòs colocamos também na segunda categoria, que é a oligarquia, governo repleto de males; em seguida a democracia, inteiramente oposta a oligarquia e que vem apois ela, enfim a boa tirania que não é semelhante a nenhum dos três outros governos e é a quarta e a maior doença de um Estado.
- Idem, VIII, 543D - 544c.
A cidade ideal
Chefe da escola filosòfica, Platão também sonhou ser legislador, como nos mostra o grande diàlogo do livro A Repùblica, e os textos mais tardivos do Politico e das Leis. Duas preucupações o guiam: a procura da virtude, sem a qual não existe salvação possìvel ( A Repùblica, XI ), e a procura da felicidade. Para ele, sò uma sociedade justa pode permitir a seus cidadãos de alcançar esses dois objetivos.
O que é então a justiça para Platão ? A Repùblica estabelece, bem antes da sociologia, uma correspondência entre o cidadão e a cidade. Na alma humana ( livro IV), a justiça é realizada pela harmonia de três elementos: a razão vê o Bem e controla os apetites naturais graças a coragem. Um homem injusto, ignorando o Bem, se deixa levar por suas paixões. A cidade ideal copia esse modelo. Se ela é justa, a harmonia reina entre essas três classes, os dirigentes, gardiães das leis, são sàbios realizados; os guerreiros os obedecem e dirigem a massa dos artesãos e dos trabalhadores. Uma cidade justa é aquela onde cada um cumpre sua tarefa sem ultrapassar seus direitos. A Lei torna os cidadãos solidàrios, e assim os torna felizes. Se o egoismo domina, a cidade é vìtima de dissenssões e corre em direção da ruìna.
Para Platão, a legitimidade vem de alto. Sò o filòsofo pode fundar uma cidade justa e governa-la. Iniciado ao Bem, ele pode se " conduzir com sabedoria na vida polìtica".Ele conhece com efeito as ciências descrevendo a ordem divina do universo e pode transpor essa ordem na cidade para fazer dela, como o "démiurge" do diàlogo do Timée, um todo harmonioso.O Estado ideal segundo Platão é dessa maneira uma sorte de monarquia, onde o poder é legitimado pela sabedoria. O contexto grego se identificava com esse tipo de reflexão e de experimentação politica: as cidades eram pequenas, e as numerosas colônias, que surgiam do nada, podiam ser consideradas como laboratòrios. Platão ele mesmo tentarà instaurar um governo ideal na Sicilia. Sem sucesso. Alguns de seus alunos contudo se tornaram governantes.
Gênese dos regimes
E os outros regimes politicos ? Para Platão, eles são apenas as deformações da " monarquia" filosòfica da idade de ouro. Na "timocracia", fundada no conceito de honra, os governantes, apaixonados pelas gloria, escravizam as classes inferiores. Mais eles são ultrapassados pelos ricos, virtuosos mais àvidos de ganhos materiais; nòs passamos então para a oligarquia do grego "oligos", alguns. As desigualdades criam tensões e os pobres, derrubam os ricos, e instauram a democracia - do grego demos, povo - , regime que, para Platão, é o regime da liberdade sem freio, onde todos sò querem se escravizar a seus desejos inconstantes.
Os tiranos demagogos recuperam finalmente esse desejo de igualdade e escravizam o povo, mais ou menos consciente da situação: é a tirania. O diàlogo tardivo Politico descreverà esse processo em termos cosmològicos: é o universo inteiro que se degrada e esquece a Lei, até que uma intervenção divina coloque novamente tudo em ordem.
Utopias politicas
È importante ressaltar que o indivìduo, nessa cidade platônica autoritària e hierarquisada, sò tem valor na sua relação com o todo. Como conciliar a exigência de solidariedade e de liberdade individual ? Esta serà a grande questão da filosofia politica. Os socialistas utopistas franceses do século XIX, como Etienne Cabet ( 1788-1856) ou Charles Fourier ( 1772-1837) se reclamarão de Platão. Alguns pensadores liberais, Karl Popper principalmente ( 1906-1994), vendo na liberdade individual a condição do bem coletivo, acusarão Platão ao contràrio de ser o pensador das "sociedades closes", hostis ao progresso e anti-individualistas. Mais as fronteiras são as vezes confusas: assim o filòsofo germano-americano Leo Strau ( 1895-1973), exegeta contestado de Platão, pode ter inspirado certos neoconservadores da equipe de Bush.....
- O.S -
A justiça
[ Sòcrates ] - O que torna o Estado justo torna igualmente o indivìduo justo. [...] Nòs também não esquecemos que o Estado é justo, quando cada uma das três ordens que o compõem cumpre o dever que lhe é pròprio, e que ele é nele mesmo moderado, corajoso e sàbio, por certas disposições e qualidades relativas a essas três ordens.
- A Repùblica, IV, 435B, Trad. V. Cousin, Ed. Rey e Gravier, 1834.
[Sòcrates] - Gerar a justiça, é estabelecer entre as partes da alma a subordinação que a justiça organiza na natureza: gerar a injustiça, é dar a uma parte sobre a outra um império que não é natural.
- Idem, IV, 44D.
Sòcrates] - Você esquece mais uma vez, meu caro amigo, que o legislador deve se propor, não a felicidade de uma ordem particular de cidadãos excluindo os outros, mais a felicidade de todos, estabelecendo entre eles a união pela persuasão e pela autoridade, levando-os a se comunicar entre eles as avantagens que cada um pode dar a sociedade; e que se ele se aplica a formar no Estado esses cidadãos, não é para deixa-los livres de fazer das faculdades deles o emprego que eles quiserem, mais para faze-los concorrer a fortificar a relação com o Estado.
- Idem, VII, 319 - 520A
Cidade e solidariedade
[...] - O Estado é então como um sò homem; eu me explico; quando nosso dedo recebe alguma ferida, a màquina inteira do corpo e da alma, de qual o unidade é a obra do princìpio supremo da alma, sente uma sensação, e toda inteira e ao mesmo tempo sofre do mal de uma de suas partes, assim nòs dizemos de um homem, que ele sente uma dor no dedo. Assim é da mesma maneira de toda outra parte do homem, que seja de uma dor ou de um prazer.
[Glaucon] - Sim, da mesma maneira; e, como você disse, eis a imagem de um Estado bem governado.
[Sòcrates] - Que aconteça a um cidadão um bem ou um mal, o Estado, da maneira que nòs o concebemos, participarà disso como se ele o sentisse ele mesmo; ele se regozijarà ou sofrerà inteiramente.
- Idem, V, 462 - E
A realização do Estado ideal
[Sòcrates] - Enquanto os filòsofos não serão reis, ou que aqueles que nòs chamamos hoje reis e soberanos, não serão verdadeiramente e seriamente filòsofos; Enquanto o poder politico e a filosofia não se encontrarão [...], não existirà remédio para os males que desolam os Estados, nem mesmo, na minha opinião, para os males do gênero humano, e jamais nosso Estado poderà nascer e ver a luz do dia.
Eis o que eu hesitava muito tempo a dizer, prevendo que eu revoltaria com essas palavras a opinião comum; com efeito é difìcil conceber que a felicidade pùblica e particular dependam dessas condições.
- Idem, V, 473t - E
A degenerescência dos regimes
[Sòcrates] - Você concluia mais ou menos como você fez ainda pouco, considerando bom o Estado que você tinha descrito e o homem que seria semelhante a esse modelo [....] mas, você dizia se essa forma de governo é boa, todas as outras são defeituosas e na minha lembrança você considerava quatro espécies que mereciam ser examinadas e comparadas nos seus defeitos com os indivìduos que o tipo corresponde a cada uma dessas espécies. [....] Primeiro vem o governo mais considerado de todos, o de Crète e o de Lacédémone; depois o segundo, que nòs colocamos também na segunda categoria, que é a oligarquia, governo repleto de males; em seguida a democracia, inteiramente oposta a oligarquia e que vem apois ela, enfim a boa tirania que não é semelhante a nenhum dos três outros governos e é a quarta e a maior doença de um Estado.
- Idem, VIII, 543D - 544c.
A cidade ideal
Chefe da escola filosòfica, Platão também sonhou ser legislador, como nos mostra o grande diàlogo do livro A Repùblica, e os textos mais tardivos do Politico e das Leis. Duas preucupações o guiam: a procura da virtude, sem a qual não existe salvação possìvel ( A Repùblica, XI ), e a procura da felicidade. Para ele, sò uma sociedade justa pode permitir a seus cidadãos de alcançar esses dois objetivos.
O que é então a justiça para Platão ? A Repùblica estabelece, bem antes da sociologia, uma correspondência entre o cidadão e a cidade. Na alma humana ( livro IV), a justiça é realizada pela harmonia de três elementos: a razão vê o Bem e controla os apetites naturais graças a coragem. Um homem injusto, ignorando o Bem, se deixa levar por suas paixões. A cidade ideal copia esse modelo. Se ela é justa, a harmonia reina entre essas três classes, os dirigentes, gardiães das leis, são sàbios realizados; os guerreiros os obedecem e dirigem a massa dos artesãos e dos trabalhadores. Uma cidade justa é aquela onde cada um cumpre sua tarefa sem ultrapassar seus direitos. A Lei torna os cidadãos solidàrios, e assim os torna felizes. Se o egoismo domina, a cidade é vìtima de dissenssões e corre em direção da ruìna.
Para Platão, a legitimidade vem de alto. Sò o filòsofo pode fundar uma cidade justa e governa-la. Iniciado ao Bem, ele pode se " conduzir com sabedoria na vida polìtica".Ele conhece com efeito as ciências descrevendo a ordem divina do universo e pode transpor essa ordem na cidade para fazer dela, como o "démiurge" do diàlogo do Timée, um todo harmonioso.O Estado ideal segundo Platão é dessa maneira uma sorte de monarquia, onde o poder é legitimado pela sabedoria. O contexto grego se identificava com esse tipo de reflexão e de experimentação politica: as cidades eram pequenas, e as numerosas colônias, que surgiam do nada, podiam ser consideradas como laboratòrios. Platão ele mesmo tentarà instaurar um governo ideal na Sicilia. Sem sucesso. Alguns de seus alunos contudo se tornaram governantes.
Gênese dos regimes
E os outros regimes politicos ? Para Platão, eles são apenas as deformações da " monarquia" filosòfica da idade de ouro. Na "timocracia", fundada no conceito de honra, os governantes, apaixonados pelas gloria, escravizam as classes inferiores. Mais eles são ultrapassados pelos ricos, virtuosos mais àvidos de ganhos materiais; nòs passamos então para a oligarquia do grego "oligos", alguns. As desigualdades criam tensões e os pobres, derrubam os ricos, e instauram a democracia - do grego demos, povo - , regime que, para Platão, é o regime da liberdade sem freio, onde todos sò querem se escravizar a seus desejos inconstantes.
Os tiranos demagogos recuperam finalmente esse desejo de igualdade e escravizam o povo, mais ou menos consciente da situação: é a tirania. O diàlogo tardivo Politico descreverà esse processo em termos cosmològicos: é o universo inteiro que se degrada e esquece a Lei, até que uma intervenção divina coloque novamente tudo em ordem.
Utopias politicas
È importante ressaltar que o indivìduo, nessa cidade platônica autoritària e hierarquisada, sò tem valor na sua relação com o todo. Como conciliar a exigência de solidariedade e de liberdade individual ? Esta serà a grande questão da filosofia politica. Os socialistas utopistas franceses do século XIX, como Etienne Cabet ( 1788-1856) ou Charles Fourier ( 1772-1837) se reclamarão de Platão. Alguns pensadores liberais, Karl Popper principalmente ( 1906-1994), vendo na liberdade individual a condição do bem coletivo, acusarão Platão ao contràrio de ser o pensador das "sociedades closes", hostis ao progresso e anti-individualistas. Mais as fronteiras são as vezes confusas: assim o filòsofo germano-americano Leo Strau ( 1895-1973), exegeta contestado de Platão, pode ter inspirado certos neoconservadores da equipe de Bush.....
- O.S -
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