" A dialética é o princìpio de todo movimento e de toda vida "
O botão desaparece na explosão da florada, e nòs poderiamos dizer que o botão é refutado pela flor. Quando o fruto aparece, igualmente, a flor é denunciada como um falso ser-estar da planta, e o fruto se introduz no lugar da flor como sua verdade. Essas formas não são apenas distintas, mais ainda cada uma reprime a outra, porque elas são mutualmente incompatìveis. Mais ao mesmo tempo a natureza fluida delas faz que isto seja momentos de unidade orgânica na qual elas não se rejeitam unicamente, mais na qual uma é tão necessària quanto a outra, e essa igual necessidade constitui sozinha a vida do todo.
- A Fenomenologia do Espìrito, Prefàcio, Trad. J.Hyppolite, Aubier-Montaigne, 1941.
A Ciência da lògica
Nòs consideramos ordinariamente a dialética como uma arte exterior que produz arbitrariamente a confusão de conceitos indeterminados e uma aparência de contradição. [.....] Muitas vezes também nòs sò consideramos a dialética como uma sorte de jogo de balanço de um raciocinio que avança e que recua, e de qual o vazio està escondido pela sutileza que é pròpria a essa maneira de raciocinar.
[.....]
È da mais alta importância de apreender e de compreender o princìpio dialético. È ele que na realidade é o princìpio de todo movimento, de toda vida e de toda atividade, da mesma maneira que ele é a alma de todo conhecimento cientìfico verdadeiro. [.....]. Por exemplo, quando nòs dizemos que o homem é mortal, nòs consideramos a morte como alguma coisa que tem sua razão de ser nas circunstâncias exteriores, e segundo essa maneira de encarar a morte existiria no homem duas propriedades particulares, a de viver, e também a de morrer. Mais a verdadeira maneira de se representar a coisa consiste em considerar a vida como tal como tendo nela mesma o germe da morte, e o término em geral como tendo nele mesmo sua contradição, e partindo como se suprimindo ele mesmo. [.....]
Ademais, a dialética se afirma em todas as esferas e em todas as formas da natureza e do espìrito; por exemplo no movimento dos corpos celestes. Um planeta està em tal momento em tal lugar, mais ele està virtualmente em outro lugar, e ele traz à existência essa oposição com ele mesmo no seu movimento.
[.....] Quanto a presença da dialética no mundo do espìrito, e particularmente no domìnio do direito e da vida social, serà suficiente de lembrar aqui como a experiência universal nos ensina que um estado, uma ação levados a seu extremo limite se transformam ordinariamente no seu contràrio. [.....] A sensibilidade também, a sensibilidade fìsica como espiritual, têm sua dialética. Nòs sabemos como os extremos da dor e da alegria passam um no outro. O coração cheio de alegria se alivia nas làgrimas, e em certas circunstâncias a dor mais profunda se manifesta pelo sorriso.
[.....]
Mais nesse ponto em qual a dialética tem por resultado um termo negativo, este é ao mesmo tempo, e isso precisamente na qualidade de resultado, um termo positivo, pois ele contém como absorvido nele [ como abolido/conservado - "als aufgehoben" de Aufhebung ] o ponto de onde ele resulta, e não existe sem ele. Isto é a determinação fundamental da terceira forma da idéia lògica - "savoir" - " para saber"- da forma especulativa ou razão positiva.
- A Ciência da Lògica, I, Trad. A. Verà, Germer- Baillère, 1874 -
Dialética e Aufhebung.
A dialética é para Hegel " a alma de todo conhecimento cientìfico verdadeiro ". Ela não constitui para ele um método exterior a seu objeto, um diàlogo filosòfico sobre um sujeito sério onde se chocam opiniões opostas, como podia pensar Platão. Ao contràrio, Hegel vê na dialética " na realidade o princìpio de todo movimento, de toda vida e de toda atividade". A dialética é o motor da realidade. Nòs estamos então bem longe do método tese-antitese-sìntese que nòs encontramos nas dissertações escolares.
Para memòria........
A dialética é segundo Hegel " a alma de todo conhecimento cientìfico", " o princìpio de todo movimento, de toda vida e atividade".
No livro A Fenomenologia do Espìrito (1807), de qual é o extrato acima, Hegel dà uma imagem. Examinemos o botão de uma planta. Ele se desenvolve e dà nascimento a florada. Esta " nega" o botão que lhe dà origem. Da mesma maneira, o aparecimento dos frutos vai negar a florada. Do botão ao fruto, a planta evolui graças a um processo negativo que Hegel chama dialética. A "totalidade viva" que a constitui, do germe ao fruto, não é uma "sìntese", pois não existe no ser e no tornar-se da planta nada de estàtico, como indica o conceito difìcil hegeliano Aufhebung.
Supressão e conservação
O Aufhebung não tem equivalente direto em francês. Ele significa ao mesmo tempo "negação", "abolição" "abrogação" ou " supressão", mais também "conservação" ou "estabilidade". Hegel o utiliza para indicar como, no trabalho negativo da dialética, os momentos negados são portanto conservados. A florada de uma planta, continuando com o exemplo dado, "nega" realmente o botão. Mais essa negação também não significa a pura perda do botão. A florada o conserva na medida em que ela lhe deve sua existência. Ao contràrio, se nòs queimassemos o botão, nòs o negarìamos simplesmente e verdadeiramente. A conservação do botão, que nega a florada, indica realmente que nòs temos com a dialética, uma relação direta com uma totalidade viva e positiva. Para Hegel, tudo o que é verdadeiramente real obedece ao princìpio de Aufhebung, que seja na natureza, na història ou no pensamento puro.
Contradição interiorizada
Apenas, a dialética e o Aufhebung não se comportam da mesma maneira. Pois na natureza, os momentos dialéticos podem "coexister" exteriormente um ao outro. Por exemplo, os pòlos elétricos positivo e negativo "coexistem" no espaço. Ao contràrio, na història, os momentos dialéticos se sucedem. A Grecia Antiga, por exemplo, desapareceu e ,com ela, sua concepção particular da democracia, reservada a uma parte reduzida da população. Nossa concepção da democracia reclama a liberdade de todos. Ela nega então o princìpio grego. Mais ao mesmo tempo, ela não se fez sem ele. A democracia grega é ao mesmo tempo negada e conservada ( aufgehoben) no nosso sistema polìtico. A història se desenvolve dessa maneira atravéis um processo de interiorização dos contràrios.
Essa concepção original da dialética teve numerosas repercussões. No marxismo, principalmente, que fala de " materialismo dialético" para explicar a història como uma luta de classes. A idéia de interiorização realizou igualmente as bases da teoria das ciências històricas. De uma maneira mais geral, nòs utilizamos nos dias de hoje os termos de dialética e Aufhebung para explicar por exemplo, como o indivìduo e a sociedade se opõem definindo-se e enriquecendo-se um as custas do outro.
F.G.
Aufhebung.
Termo hegeliano. Derivado do verbo alemão aufheben, ele significa ao mesmo tempo " supressão" e "ultrapassagem", e exprime as representações cìclicas e "linearias" da temporariedade històrica. Para Hegel, a història se desenvolve em uma sucessão de ciclos ou momentos dialéticos, que provocam um irreversìvel movimento "lineario" assegurando a realização do Espìrito e , pelo mesmo fato, a plena realização da humanidade.
O botão desaparece na explosão da florada, e nòs poderiamos dizer que o botão é refutado pela flor. Quando o fruto aparece, igualmente, a flor é denunciada como um falso ser-estar da planta, e o fruto se introduz no lugar da flor como sua verdade. Essas formas não são apenas distintas, mais ainda cada uma reprime a outra, porque elas são mutualmente incompatìveis. Mais ao mesmo tempo a natureza fluida delas faz que isto seja momentos de unidade orgânica na qual elas não se rejeitam unicamente, mais na qual uma é tão necessària quanto a outra, e essa igual necessidade constitui sozinha a vida do todo.
- A Fenomenologia do Espìrito, Prefàcio, Trad. J.Hyppolite, Aubier-Montaigne, 1941.
A Ciência da lògica
Nòs consideramos ordinariamente a dialética como uma arte exterior que produz arbitrariamente a confusão de conceitos indeterminados e uma aparência de contradição. [.....] Muitas vezes também nòs sò consideramos a dialética como uma sorte de jogo de balanço de um raciocinio que avança e que recua, e de qual o vazio està escondido pela sutileza que é pròpria a essa maneira de raciocinar.
[.....]
È da mais alta importância de apreender e de compreender o princìpio dialético. È ele que na realidade é o princìpio de todo movimento, de toda vida e de toda atividade, da mesma maneira que ele é a alma de todo conhecimento cientìfico verdadeiro. [.....]. Por exemplo, quando nòs dizemos que o homem é mortal, nòs consideramos a morte como alguma coisa que tem sua razão de ser nas circunstâncias exteriores, e segundo essa maneira de encarar a morte existiria no homem duas propriedades particulares, a de viver, e também a de morrer. Mais a verdadeira maneira de se representar a coisa consiste em considerar a vida como tal como tendo nela mesma o germe da morte, e o término em geral como tendo nele mesmo sua contradição, e partindo como se suprimindo ele mesmo. [.....]
Ademais, a dialética se afirma em todas as esferas e em todas as formas da natureza e do espìrito; por exemplo no movimento dos corpos celestes. Um planeta està em tal momento em tal lugar, mais ele està virtualmente em outro lugar, e ele traz à existência essa oposição com ele mesmo no seu movimento.
[.....] Quanto a presença da dialética no mundo do espìrito, e particularmente no domìnio do direito e da vida social, serà suficiente de lembrar aqui como a experiência universal nos ensina que um estado, uma ação levados a seu extremo limite se transformam ordinariamente no seu contràrio. [.....] A sensibilidade também, a sensibilidade fìsica como espiritual, têm sua dialética. Nòs sabemos como os extremos da dor e da alegria passam um no outro. O coração cheio de alegria se alivia nas làgrimas, e em certas circunstâncias a dor mais profunda se manifesta pelo sorriso.
[.....]
Mais nesse ponto em qual a dialética tem por resultado um termo negativo, este é ao mesmo tempo, e isso precisamente na qualidade de resultado, um termo positivo, pois ele contém como absorvido nele [ como abolido/conservado - "als aufgehoben" de Aufhebung ] o ponto de onde ele resulta, e não existe sem ele. Isto é a determinação fundamental da terceira forma da idéia lògica - "savoir" - " para saber"- da forma especulativa ou razão positiva.
- A Ciência da Lògica, I, Trad. A. Verà, Germer- Baillère, 1874 -
Dialética e Aufhebung.
A dialética é para Hegel " a alma de todo conhecimento cientìfico verdadeiro ". Ela não constitui para ele um método exterior a seu objeto, um diàlogo filosòfico sobre um sujeito sério onde se chocam opiniões opostas, como podia pensar Platão. Ao contràrio, Hegel vê na dialética " na realidade o princìpio de todo movimento, de toda vida e de toda atividade". A dialética é o motor da realidade. Nòs estamos então bem longe do método tese-antitese-sìntese que nòs encontramos nas dissertações escolares.
Para memòria........
A dialética é segundo Hegel " a alma de todo conhecimento cientìfico", " o princìpio de todo movimento, de toda vida e atividade".
No livro A Fenomenologia do Espìrito (1807), de qual é o extrato acima, Hegel dà uma imagem. Examinemos o botão de uma planta. Ele se desenvolve e dà nascimento a florada. Esta " nega" o botão que lhe dà origem. Da mesma maneira, o aparecimento dos frutos vai negar a florada. Do botão ao fruto, a planta evolui graças a um processo negativo que Hegel chama dialética. A "totalidade viva" que a constitui, do germe ao fruto, não é uma "sìntese", pois não existe no ser e no tornar-se da planta nada de estàtico, como indica o conceito difìcil hegeliano Aufhebung.
Supressão e conservação
O Aufhebung não tem equivalente direto em francês. Ele significa ao mesmo tempo "negação", "abolição" "abrogação" ou " supressão", mais também "conservação" ou "estabilidade". Hegel o utiliza para indicar como, no trabalho negativo da dialética, os momentos negados são portanto conservados. A florada de uma planta, continuando com o exemplo dado, "nega" realmente o botão. Mais essa negação também não significa a pura perda do botão. A florada o conserva na medida em que ela lhe deve sua existência. Ao contràrio, se nòs queimassemos o botão, nòs o negarìamos simplesmente e verdadeiramente. A conservação do botão, que nega a florada, indica realmente que nòs temos com a dialética, uma relação direta com uma totalidade viva e positiva. Para Hegel, tudo o que é verdadeiramente real obedece ao princìpio de Aufhebung, que seja na natureza, na història ou no pensamento puro.
Contradição interiorizada
Apenas, a dialética e o Aufhebung não se comportam da mesma maneira. Pois na natureza, os momentos dialéticos podem "coexister" exteriormente um ao outro. Por exemplo, os pòlos elétricos positivo e negativo "coexistem" no espaço. Ao contràrio, na història, os momentos dialéticos se sucedem. A Grecia Antiga, por exemplo, desapareceu e ,com ela, sua concepção particular da democracia, reservada a uma parte reduzida da população. Nossa concepção da democracia reclama a liberdade de todos. Ela nega então o princìpio grego. Mais ao mesmo tempo, ela não se fez sem ele. A democracia grega é ao mesmo tempo negada e conservada ( aufgehoben) no nosso sistema polìtico. A història se desenvolve dessa maneira atravéis um processo de interiorização dos contràrios.
Essa concepção original da dialética teve numerosas repercussões. No marxismo, principalmente, que fala de " materialismo dialético" para explicar a història como uma luta de classes. A idéia de interiorização realizou igualmente as bases da teoria das ciências històricas. De uma maneira mais geral, nòs utilizamos nos dias de hoje os termos de dialética e Aufhebung para explicar por exemplo, como o indivìduo e a sociedade se opõem definindo-se e enriquecendo-se um as custas do outro.
F.G.
Aufhebung.
Termo hegeliano. Derivado do verbo alemão aufheben, ele significa ao mesmo tempo " supressão" e "ultrapassagem", e exprime as representações cìclicas e "linearias" da temporariedade històrica. Para Hegel, a història se desenvolve em uma sucessão de ciclos ou momentos dialéticos, que provocam um irreversìvel movimento "lineario" assegurando a realização do Espìrito e , pelo mesmo fato, a plena realização da humanidade.
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