"Eles são desde a infância, prisioneiros dos grilhões"
A caverna e seus prisioneiros
[Sócrates] - Imagine a situação que eu vou te descrever. Imagine uma gruta subterrânea, muito aberta em toda a sua profundidade do lado da luz do dia; e nessa gruta estão homens prisioneiros, desde a infância, em grilhões que lhes submetem tanto as pernas e o pescoço, que eles não podem nem mudar de lugar nem virar a cabeça, e só vêm o que está na frente deles. A luz lhes vêm de um fogo aceso à uma certa distância do alto atrás deles. Entre esse fogo e os cativos se eleva um caminho, ao longo do qual imagine um pequeno muro semelhante a esses tabiques que os mostradores de marionetes colocam entre eles e os espectadores, e por cima dos quais aparecem as maravilhas que eles mostram. [....] Imagine ainda que ao longo desse muro passam homens carregando objetos diversos que parecem ser assim por cima do muro, figuras de homens e de animais de madeira ou de pedra, e com mil formas diferentes ; e naturalmente entre aqueles que passam, alguns se falam entre eles, outros não dizem nada.[....].
Se agora nós arrancarmos o prisioneiro de sua caverna contra sua vontade, e que nós o arrastamos pela senda rude e escarpada, até a claridade do sol, essa violência não excitará seus lamentos e sua cólera? E quando ele terá alcançado o grande dia, sobrecarregado de seu esplendor, poderá ele distinguir qualquer um dos objetos que nós chamamos seres reais? [.....] Somente pouco a pouco seus olhos poderão se acostumar a essa região superior. O que ele vai discernir mais facilmente, será primeiro as sombras, depois as imagens dos homens e dos outros objetos que se desenham na superfície das águas, e em seguida os objetos eles mesmos. Nesse momento ele elevará seus olhares em direção do céu, no qual ele suportará mais facilmente a vista, quando ele contemplará durante a noite a lua e as estrelas, que ele não poderia fazê-lo, durante o momento em que o sol ilumina o horizonte. [....] No fim ele poderá, eu penso, não somente ver o sol nas águas e em tudo onde sua imagem se reflete, mas contempla-lo em si mesmo no seu verdadeiro lugar. [.....] Após isso, começando a raciocinar, ele chegará a conclusão que é o sol que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível, e que ele é de uma certa maneira o princípio de tudo o que nossa gente via lá na caverna.
- Platão, A República, VII, 514A - 516B, Trad. V. Cousis, Ed. Rey et Gravier, 1834
Analogia do Bem e do Sol
[Sócrates] - Eu penso vos dizer, se assim vocês desejam, o que me parece ser o filho do bem e a sua imagem mais semelhante. [.....] É o sol que eu compreendo por filho do bem, que o bem gerou à sua própria semelhança, e que é, no mundo visível, com relação a vista e aos objetos visíveis, o que o bem é no mundo inteligível, com relação a inteligência e aos objetos inteligíveis. [....] O sol dá as coisas visíveis ainda a vida, o crescimento e o alimento, sem ser ele mesmo a vida. [...] Da mesma maneira você pode dizer que os seres inteligíveis não possuem apenas o bem que os torna inteligíveis, mas além disso o ser e a essência deles, se bem que o bem nele mesmo não seja essência, mas alguma coisa muito acima da essência em dignidade e em potência. [....] Conceba então que eles são dois, o bem e o sol: um é o rei do mundo inteligível; o outro é o rei do mundo visível.
- Idem, VI, 506E - 509D.
O Sìmbolo da Linha: Os Graus do Ser
A caverna e seus prisioneiros
[Sócrates] - Imagine a situação que eu vou te descrever. Imagine uma gruta subterrânea, muito aberta em toda a sua profundidade do lado da luz do dia; e nessa gruta estão homens prisioneiros, desde a infância, em grilhões que lhes submetem tanto as pernas e o pescoço, que eles não podem nem mudar de lugar nem virar a cabeça, e só vêm o que está na frente deles. A luz lhes vêm de um fogo aceso à uma certa distância do alto atrás deles. Entre esse fogo e os cativos se eleva um caminho, ao longo do qual imagine um pequeno muro semelhante a esses tabiques que os mostradores de marionetes colocam entre eles e os espectadores, e por cima dos quais aparecem as maravilhas que eles mostram. [....] Imagine ainda que ao longo desse muro passam homens carregando objetos diversos que parecem ser assim por cima do muro, figuras de homens e de animais de madeira ou de pedra, e com mil formas diferentes ; e naturalmente entre aqueles que passam, alguns se falam entre eles, outros não dizem nada.[....].
Se agora nós arrancarmos o prisioneiro de sua caverna contra sua vontade, e que nós o arrastamos pela senda rude e escarpada, até a claridade do sol, essa violência não excitará seus lamentos e sua cólera? E quando ele terá alcançado o grande dia, sobrecarregado de seu esplendor, poderá ele distinguir qualquer um dos objetos que nós chamamos seres reais? [.....] Somente pouco a pouco seus olhos poderão se acostumar a essa região superior. O que ele vai discernir mais facilmente, será primeiro as sombras, depois as imagens dos homens e dos outros objetos que se desenham na superfície das águas, e em seguida os objetos eles mesmos. Nesse momento ele elevará seus olhares em direção do céu, no qual ele suportará mais facilmente a vista, quando ele contemplará durante a noite a lua e as estrelas, que ele não poderia fazê-lo, durante o momento em que o sol ilumina o horizonte. [....] No fim ele poderá, eu penso, não somente ver o sol nas águas e em tudo onde sua imagem se reflete, mas contempla-lo em si mesmo no seu verdadeiro lugar. [.....] Após isso, começando a raciocinar, ele chegará a conclusão que é o sol que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível, e que ele é de uma certa maneira o princípio de tudo o que nossa gente via lá na caverna.
- Platão, A República, VII, 514A - 516B, Trad. V. Cousis, Ed. Rey et Gravier, 1834
Analogia do Bem e do Sol
[Sócrates] - Eu penso vos dizer, se assim vocês desejam, o que me parece ser o filho do bem e a sua imagem mais semelhante. [.....] É o sol que eu compreendo por filho do bem, que o bem gerou à sua própria semelhança, e que é, no mundo visível, com relação a vista e aos objetos visíveis, o que o bem é no mundo inteligível, com relação a inteligência e aos objetos inteligíveis. [....] O sol dá as coisas visíveis ainda a vida, o crescimento e o alimento, sem ser ele mesmo a vida. [...] Da mesma maneira você pode dizer que os seres inteligíveis não possuem apenas o bem que os torna inteligíveis, mas além disso o ser e a essência deles, se bem que o bem nele mesmo não seja essência, mas alguma coisa muito acima da essência em dignidade e em potência. [....] Conceba então que eles são dois, o bem e o sol: um é o rei do mundo inteligível; o outro é o rei do mundo visível.
- Idem, VI, 506E - 509D.
O Sìmbolo da Linha: Os Graus do Ser
A...Domìnio sensìvel .( o que é percebido pelos sentidos )
B.....Domìnio inteligìvel ( o que é percebido pelo espìrito )
Gênero de objetos
[ Reflexos,ilusões [ sombras, imagens......] (a)
[objetos fabricados[seres vivos ](b)
[objetos e teorias[ matemàticas] (c)
[Idéias ] (d )
Modo de conhecimento
(a) Conjetura
(b) Crença
(c) Pensamento raciocinante
(d) Intelecto ( intuição das idéias )
....................................................................Bem ( Um )
.................................................................."Além da essência"
A alegoria da caverna ou o caminho da sabedoria
A caverna, motivo herdado do pitagorismo, ilustra um lugar tenebroso e ambíguo, que Platão no diálogo" Phédon" já tinha comparado ao fundo lodoso de um charco : nossa estada terrestre! Os homens acreditam ser livres, mas seus hábitos de pensamento ("laços", "correntes") são como os hábitos de um prisioneiro, obnubilados por sombras fugazes que eles acreditam desde a infância ser a única verdadeira realidade. O interior da caverna é então a imagem de nossas sociedades; super ocupadas e repletas de simulacros. Só a educação pode segundo Platão nos permitir de sair da ilusão.
Dos reflexos as idéias
De uma maneira geral, a educação platônica, compreendida como uma "arte de conversão", visa a desviar a alma do material e a lhe fazer colocar o olhar na realidade verdadeira, a realidade das Idéias. Isto se opera através um curso científico (aritmética, geometria, astronomia, harmonia) que purifica os olhos da alma. Para Platão, como também para Pythagore, as ciências, inseparáveis da filosofia, são os instrumentos que permitem a purificação do espírito.
Platão utiliza também, no fim do livro VI, uma outra analogia, uma linha dividida em segmentos correspondendo aos graus de realidade do ser. (Ver acima, aproximativo). A esquerda, o mundo sensível (parte A), dividido em dois, os objetos reais (b) (seres vivos - homens, plantas, animais, etc), produtos da atividade humana - cadeira, navio, estátua, etc), e suas imagens (a) (representações, sombras, quimeras da imaginação, etc). A direita, o domínio dos seres perceptíveis pelo espírito, os inteligíveis (B), ele mesmo dividido em duas partes : os objetos da razão (c) por exemplo, as teorias - e as figuras matemáticas), e as Idéias platônicas (d). Enfim, completamente à direita, além do ser, o que Platão chama o Bem.
O filósofo transpõe essas divisões na alegoria da caverna: ao prisioneiro saindo da gruta subterrânea para contemplar o sol corresponde à alma que, voltada primeiro para o material (b), se interessa em seguida a sua estrutura matemática (c), depois, a partir das matemáticas, se eleva as Idéias (d). No grau inferior da realidade, os seres só são percebidos primeiro através de seus reflexos: assim, a Idéia do círculo é percebida a partir de uma figura circular. Só pode existir, segundo Platão, a dialética que possa diretamente ver as Idéias e o Bem, objetivo da educação.
O tema do Bem é o aspecto mais misterioso da filosofia de Platão. Ele já aparece no livro "O Banquete" como o Belo em si. No livro "A República", ele é mencionado várias vezes, e Platão utiliza uma terceira analogia para nos fazer concebê-lo: a do sol. O sol, "filho do Bem", permite de ver o mundo e proporciona à todos os seres vivos a luz e o calor necessários ao ciclo vital. Da mesma maneira, o Bem, luz eterna, é a origem das Idéias e permite que nós possamos percebê-las. Ele está "além da essência", quer dizer de toda forma de existência, material ou espiritual. Compreender essa visão do mundo é difícil para o pensamento moderno, pois ele acredita espontaneamente que ele tira essas idéias dele mesmo ou do mundo material. Mas alguns científicos, sobretudo matemáticos e físicos - Gödel, Penrose - se reclamam hoje de uma forma de platonismo, segundo a qual as matemáticas não são elaboradas pelo homem, mas apenas descobertas.
- O.S
Gödel, Kurt (1906 - 1978)
Lógico americano de origem austríaca. Ele estabeleceu entre outros em 1930, o "teorema da incompletude", que demonstra o limite das possibilidades de formalização completa das teorias matemáticas.
Penrose, Roger (nascido em 1931 )
Matemático britânico, professor em Oxford e grande vulgarizador das ciências, desenvolveu entre outros a teoria dos "buracos negros" - "trous noirs".
Pythagore (572 – 490 a.c.)
Filósofo e matemático grego, nativo de Samos em Ionie, na costa turca atual. Mas ou menos em 530 a.c, ele funda em Crotone, na Itália, uma comunidade religiosa que exerce uma grande influência política, antes de ser expulso por uma revolta popular. Ele desenvolveu as matemáticas místicas e um sistema filosófico em que os números têm uma função de princípios. Nós lhe devemos igualmente a descoberta dos números irracionais. Nenhum de seus escritos foram conservados.
Um comentário:
eu tava comentando sobre a alegoria da caverna com um amigo meu esses dias!
mas eu não lembrava quem era o autor, estava citando o livro Mundo de Sofia...
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