"Os mitos são histórias que os homens contam para melhor se conhecerem. Se nossos mitos fundadores no Ocidente vêm sobretudo da Grécia antiga, nós trabalhamos sempre para elaborar outros mitos. O mito da pátria ontem, o mito da identidade nacional hoje."
Mito
"O que é um mito? Se você interrogar um índio americano, disse Claude Levis Strauss, ele responderia provavelmente: uma história do tempo em que os homens e os animais ainda não eram distintos." Se nós fizermos a mesma pergunta a Euripides, o poeta "des Tryennes" e de "Medée", ele mostraria as crianças sentadas perto do aparelho de tecelagem escutando as històrias que todo mundo conhece.
Entre Americanos e Gregos, a invenção da mitologia pode-se ler como uma bela história. Mas é preciso dizer ainda: os mitos e a mitologia falam grego ou, com mais precisão, nos falam em grego. Mito - mytos é uma palavra grega e, no subconsciente europeu, o mito dá arrepios nas grandes narrações fundadoras que atravessam as gerações, nas sociedades arcaicas ou nas nossas.
Certo, nós temos tendência - é um aspecto de nossa tradição - meio greco-romana, meio judaico-cristã - de pensar que os mitos são o problema dos outros. A herança grega foi tão importante que, desde o século VI antes de J.C, um pensamento indìgena sugeriu interpretações, no sentido de abrir um espaço para uma "mitografia" paralela à mitologia conhecida desde o período que vem antes da Iliade de Homère.
A mitologia, como "objeto" provisório de um questionamento sobre o espírito e sua relação ao mundo, se inventa para "nós" em terra e em língua gregas. O que alguns vão chamar mito entre Sumer e Babilônia, e outros declarar não encontrar na China, mas com certeza encontrar na Índia, se passa dessa maneira por analogia a uma tradição de interpretação, que pretender ser "ciência", ou saber refletido, em 1850 de nossa era.
As ilusões do sonho
Desde os primeiros antropólogos britânicos em torno de Edouard Tylor até a antropologia cognitiva contemporânea, a mitologia é um terreno de eleição para compreender o que significa as representações culturais.
Viajantes missionários, etnólogos, historiadores, todos vão imaginar teorias para interpretar as similitudes surpreendentes entre as histórias contadas nos quatro cantos do mundo e as histórias que parecem conter a marca da mitologia exemplar dos Gregos, da Civilização e do Ocidente. Na visão animista de Tylor, foram as ilusões do sonho que despertaram a crença nos espíritos, e os mitos são pensados como o efeito de uma análise confusa da realidade. Os deuses da mitologia só podendo ser as personificações de forças naturais, de altas figuras imaginárias nascidas da primeira linguagem.
Durante todo o século XIX, as seduções do evolucionismo ajudando, não existe nada mais importante do que assistir em família ao nascimento da idéia de "Deus" e a emergência cúmplice da Religião e da Magia.
Primitivo e irracional, o "pensamento dos mitos" nos fazia descobrir um estado de espírito que a passagem (com sucesso) do "Mito" à "Razão" na Grécia, e só na Grécia, permitia de atribuir às sociedades anteriores.
Mas são os etnólogos de terreno que, se esforçando de medir o impacto do simbolismo, na vida cotidiana das sociedades "primitivas", deviam constatar que acreditar nos espíritos da floresta não impede de estar totalmente de acordo com a realidade.
O "africanista" Pierre Smith (1939 - 2001), fez dessa maneira observar que " os mitos têm um relacionamento particular com o pensamento etnólogo". É formulando as questões "mais importantes" (como "qual o significado de tal ritual?") que ele se encontra com as narrações "mitológicas". Os "fonctionnalistes" após Bonislaw Malinowski (1884 - 1942) mostraram que é possível de considerar o discurso dos mitos como o elemento de coesão do grupo, sua "carta pragmática". Contudo, outros etnólogos convencidos que a mitologia forma um sistema rigoroso de crenças diversas, quiseram seguir em todos os detalhes a maneira como as narrações fabulosas explicam as práticas sociais: costumes, ritos, sinais gráficos, objetos, etc. Ao ponto que alguns começaram a falar, senão a pensar, como os membros de uma tribo....
O selvagem e o domesticado
Nos anos 1960, Claude Lévi-Strauss sugeria portanto de ver que em cada indivíduo podia coabitar um "pensamento selvagem" e um "pensamento doméstico". O primeiro, em obra nos mitos e na arte, o que é lógico, pois ele procede com a ajuda de distinções e não pela confusão. O segundo, levado pela consciência reflexiva, se exerce a conduzir rigorosamente as formas de análise que vão beneficiar a medicina, a retórica, a lógica ou a sabedoria dita "filosófica". No centro da pesquisa de Lévi-Strauss, existe a hipótese que os mitos permitem de descobrir, os modos de operação essenciais à atividade do espírito humano em geral.
Nós podemos ainda notar que na Grécia "a mitologia, se escreve". Tornando-se "mito-grafia", as narrações mudam de natureza na medida em que elas escapam de uma certa maneira ao trabalho da memória e da transmissão oral. Mas o reino da escrita não impede que nos atravessem, em nossas sociedades de alta tecnologia, os discursos anônimos sobre a origem do mundo.
Uma antropologia comparativa que retorna no conhecimento de nossas representações culturais convida a liberar certos valores fundamentais que são inscritos no espírito da maior parte dos indivíduos de uma mesma cultura. Desde o século XIX, as nações européias se deram razões de acreditar em alguma coisa "mítica" que é a identidade nacional. Para fazer uma nação, dizia Maurice Barrès, "é preciso cimitérios e um ensino da història". Deixemos os mortos, para considerar a história "mitológica" que a escola pública vai colocar em cena através de pequenas narrações e imagens durante mais de um século em todos os lugares da Europa....
Há uma dezena de anos atrás, uma pequena província da Itália se proclamava "Padanie", afirmava sua origem "celta" e escolhia de criar um ministério de identidade cultural. Hoje aparecem projetos de ministérios da Imigração e de Identidade nacional. Que deve necessariamente ser uma identidade histórica reinvindicando o direito a seu "imaginário nacional". Em 1986, o historiador Fernand Brandel contando a "odyssée" da "identidade da França", podia garantir que esta identidade vinha direto do Paleolìtico. Ele não foi compreendido apenas pela extrema direita.
Mito
"O que é um mito? Se você interrogar um índio americano, disse Claude Levis Strauss, ele responderia provavelmente: uma história do tempo em que os homens e os animais ainda não eram distintos." Se nós fizermos a mesma pergunta a Euripides, o poeta "des Tryennes" e de "Medée", ele mostraria as crianças sentadas perto do aparelho de tecelagem escutando as històrias que todo mundo conhece.
Entre Americanos e Gregos, a invenção da mitologia pode-se ler como uma bela história. Mas é preciso dizer ainda: os mitos e a mitologia falam grego ou, com mais precisão, nos falam em grego. Mito - mytos é uma palavra grega e, no subconsciente europeu, o mito dá arrepios nas grandes narrações fundadoras que atravessam as gerações, nas sociedades arcaicas ou nas nossas.
Certo, nós temos tendência - é um aspecto de nossa tradição - meio greco-romana, meio judaico-cristã - de pensar que os mitos são o problema dos outros. A herança grega foi tão importante que, desde o século VI antes de J.C, um pensamento indìgena sugeriu interpretações, no sentido de abrir um espaço para uma "mitografia" paralela à mitologia conhecida desde o período que vem antes da Iliade de Homère.
A mitologia, como "objeto" provisório de um questionamento sobre o espírito e sua relação ao mundo, se inventa para "nós" em terra e em língua gregas. O que alguns vão chamar mito entre Sumer e Babilônia, e outros declarar não encontrar na China, mas com certeza encontrar na Índia, se passa dessa maneira por analogia a uma tradição de interpretação, que pretender ser "ciência", ou saber refletido, em 1850 de nossa era.
As ilusões do sonho
Desde os primeiros antropólogos britânicos em torno de Edouard Tylor até a antropologia cognitiva contemporânea, a mitologia é um terreno de eleição para compreender o que significa as representações culturais.
Viajantes missionários, etnólogos, historiadores, todos vão imaginar teorias para interpretar as similitudes surpreendentes entre as histórias contadas nos quatro cantos do mundo e as histórias que parecem conter a marca da mitologia exemplar dos Gregos, da Civilização e do Ocidente. Na visão animista de Tylor, foram as ilusões do sonho que despertaram a crença nos espíritos, e os mitos são pensados como o efeito de uma análise confusa da realidade. Os deuses da mitologia só podendo ser as personificações de forças naturais, de altas figuras imaginárias nascidas da primeira linguagem.
Durante todo o século XIX, as seduções do evolucionismo ajudando, não existe nada mais importante do que assistir em família ao nascimento da idéia de "Deus" e a emergência cúmplice da Religião e da Magia.
Primitivo e irracional, o "pensamento dos mitos" nos fazia descobrir um estado de espírito que a passagem (com sucesso) do "Mito" à "Razão" na Grécia, e só na Grécia, permitia de atribuir às sociedades anteriores.
Mas são os etnólogos de terreno que, se esforçando de medir o impacto do simbolismo, na vida cotidiana das sociedades "primitivas", deviam constatar que acreditar nos espíritos da floresta não impede de estar totalmente de acordo com a realidade.
O "africanista" Pierre Smith (1939 - 2001), fez dessa maneira observar que " os mitos têm um relacionamento particular com o pensamento etnólogo". É formulando as questões "mais importantes" (como "qual o significado de tal ritual?") que ele se encontra com as narrações "mitológicas". Os "fonctionnalistes" após Bonislaw Malinowski (1884 - 1942) mostraram que é possível de considerar o discurso dos mitos como o elemento de coesão do grupo, sua "carta pragmática". Contudo, outros etnólogos convencidos que a mitologia forma um sistema rigoroso de crenças diversas, quiseram seguir em todos os detalhes a maneira como as narrações fabulosas explicam as práticas sociais: costumes, ritos, sinais gráficos, objetos, etc. Ao ponto que alguns começaram a falar, senão a pensar, como os membros de uma tribo....
O selvagem e o domesticado
Nos anos 1960, Claude Lévi-Strauss sugeria portanto de ver que em cada indivíduo podia coabitar um "pensamento selvagem" e um "pensamento doméstico". O primeiro, em obra nos mitos e na arte, o que é lógico, pois ele procede com a ajuda de distinções e não pela confusão. O segundo, levado pela consciência reflexiva, se exerce a conduzir rigorosamente as formas de análise que vão beneficiar a medicina, a retórica, a lógica ou a sabedoria dita "filosófica". No centro da pesquisa de Lévi-Strauss, existe a hipótese que os mitos permitem de descobrir, os modos de operação essenciais à atividade do espírito humano em geral.
Nós podemos ainda notar que na Grécia "a mitologia, se escreve". Tornando-se "mito-grafia", as narrações mudam de natureza na medida em que elas escapam de uma certa maneira ao trabalho da memória e da transmissão oral. Mas o reino da escrita não impede que nos atravessem, em nossas sociedades de alta tecnologia, os discursos anônimos sobre a origem do mundo.
Uma antropologia comparativa que retorna no conhecimento de nossas representações culturais convida a liberar certos valores fundamentais que são inscritos no espírito da maior parte dos indivíduos de uma mesma cultura. Desde o século XIX, as nações européias se deram razões de acreditar em alguma coisa "mítica" que é a identidade nacional. Para fazer uma nação, dizia Maurice Barrès, "é preciso cimitérios e um ensino da història". Deixemos os mortos, para considerar a história "mitológica" que a escola pública vai colocar em cena através de pequenas narrações e imagens durante mais de um século em todos os lugares da Europa....
Há uma dezena de anos atrás, uma pequena província da Itália se proclamava "Padanie", afirmava sua origem "celta" e escolhia de criar um ministério de identidade cultural. Hoje aparecem projetos de ministérios da Imigração e de Identidade nacional. Que deve necessariamente ser uma identidade histórica reinvindicando o direito a seu "imaginário nacional". Em 1986, o historiador Fernand Brandel contando a "odyssée" da "identidade da França", podia garantir que esta identidade vinha direto do Paleolìtico. Ele não foi compreendido apenas pela extrema direita.
"Mitodeologias" contemporâneas"
Ninguém pode duvidar da força dessas mitologias contemporâneas no debate político. Nós somos habitados no cotidiano por "mitodeologias": o dever de memória, autóctonia, etc. As ditas "grandes narrações" de outrora são feitas de fragmentos em que as afinidades se constituem de maneira contínua de microfigurações que podem cristalizar a adesão ora de um pequeno grupo, ora do Povo-Massa. Quanto mais o mundo torna-se complexo, mais nós suspiramos para as explicações que englobam a totalidade dos fenômenos. Isto poderia ser o esboço de uma definição do que é o mito, entre hoje e ontem.
- Marcel Detienne, professor em Johns Hopkins University (Estados Unidos) é o autor, entre outros, dos " Grecs et Nous" (Perrin, 2007) e de "Comment être autochtone ?" (Seuil, 2007).
Existe um documentário genial sobre o que é o mito! Procurem em locadoras quem se interessar!
Ninguém pode duvidar da força dessas mitologias contemporâneas no debate político. Nós somos habitados no cotidiano por "mitodeologias": o dever de memória, autóctonia, etc. As ditas "grandes narrações" de outrora são feitas de fragmentos em que as afinidades se constituem de maneira contínua de microfigurações que podem cristalizar a adesão ora de um pequeno grupo, ora do Povo-Massa. Quanto mais o mundo torna-se complexo, mais nós suspiramos para as explicações que englobam a totalidade dos fenômenos. Isto poderia ser o esboço de uma definição do que é o mito, entre hoje e ontem.
- Marcel Detienne, professor em Johns Hopkins University (Estados Unidos) é o autor, entre outros, dos " Grecs et Nous" (Perrin, 2007) e de "Comment être autochtone ?" (Seuil, 2007).
Existe um documentário genial sobre o que é o mito! Procurem em locadoras quem se interessar!
O Poder do Mito - by Joseph Campbell!
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