segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

O pensamento judeu


O que nós seríamos sem a Bíblia, esse livro dos Hebreus que alimentou o cristianismo e o islamismo? Nós lhe devemos o gosto de Outrem, aquele que a Torah chama o Estrangeiro, que os Evangelhos chamam o Próximo, e o Alcorão, o Irmão. Nós devemos muito ao pensamento judeu, o pensamento das origens, mas também o pensamento que se desenvolveu no curso dos séculos de exílio, em Grenade, Fés, Safed, Prague, Berlin, New York e outros lugares. Povo sem terra, os Judeus conservaram sua especificidade influenciados profundamente das culturas dos outros, que eles enriqueceram. Se Maïmonide deve tanto ao muçulmano Averroés, grande comentador de Aristóteles, o que não lhe deve um santo Thomas d'Aquin, profundamente influenciado da leitura de seu Guide des égarés? A mística ocidental se alimentou do Zohar, a Bíblia dos kabbalistes, como a filosofia racionalista, muito mais tarde, encontrará seus fundamentos em Spinoza e se desenvolverá com Moises, Mendelssohn e Hermann Cohen.

- Catherini Gollian - Le Point - Les Textes Fondamentaux de La Pensée Juive - 2008 -


O que é o Pensamento Judeu?

O pensamento judeu é multíplice, pois não existe um, mas vários judaísmos. A todos se impõem, portanto as mesmas exigências: encarnar a universalidade e reunir no respeito das diferenças. Existe um pensamento judeu? O que é um pensador judeu? Spinoza ou Freud são pensadores judeus porque eles nasceram em uma família judia? Como distinguir entre os pensadores judeus e os Judeus pensadores? Simplesmente considerando como únicos pensadores judeus àqueles que se reivindicam do judaísmo, de Philon d'Alexandrie até Emmanuel Levinas passando por Moïse, Maïmonide, o Maharal de Prague ou Martin Buber. Estes pensam sobre o engajamento como Judeus e tentam traduzi-lo no discurso filosófico. São eles que é preciso interrogar para procurar a resposta à questão: existe um pensamento judeu e, na afirmativa, que pensamento é esse? Esses filósofos judeus pensam que não é suficiente obedecer às práticas judias para se sentir liberado de uma obrigação, mas que é preciso ainda e, sobretudo entrar em dialogo com a filosofia e a ciência, mostrando que essa religião, da maneira que ela se expõe no Talmud, o conjunto dos tratados rabbiniques onde estão reunidas as tradições orais, não é nem uma teologia nem uma religião popular, dogmática ou de mistérios. È por essa razão que eles adotam o discurso filosófico para se fazer compreender claramente e sem nenhuma confusão. Para alcançar o objetivo deles, eles irão sempre levar em conta a filosofia da época deles.
Assim Philon, no século primeiro da era cristã, adota dos estóicos o método alegórico para interpretar a Bíblia; no século XII, Maïmonide se faz discípulo de Aristóteles no seu Guide des perplexes (várias vezes traduzido, de maneira incorreta, como Guide des égarés) para apresentar a seus leitores, como santo Thomas d'Aquin fez com o cristianismo, sua compreensão do judaísmo. Mais tarde é para reagir a influência da filosofia de Aristóteles, que os kabbalistes optaram por um discurso néoplatonicien. Da mesma maneira, é preciso conhecer a Renascença e suas ambigüidades para compreender as questões formuladas pelo Maharad de Prague, e se informar seriamente da filosofia alemã do Iluminismo para penetrar o pensamento de Mendelssohn.... O movimento dos Judeus filósofos do Iluminismo, que se chamou a Haskala, acabará produzindo a assimilação dos Judeus à cultura germânica


Transcendência

Porquê? A razão é que, se nós compreendemos por filosofia, um pensamento que só se submete ao julgamento exclusivo da razão, não existe filosofia judia; a maior parte dos filósofos judeus da Idade Media e da Renascença só foram teólogos, e os Haskala só foram filósofos no sentido grego do termo. È ligando esse termo a uma visão do mundo e do homem, que nós podemos falar de filosofia ou pensamento judeu. Este é existencial, pois ele se preocupa mais de senso e de significação do que de verdade.
Ele distingue o mundo do que é (esse mundo onde vivemos) do mundo do valor (o mundo que virá). Ele considera o mundo que deve ser como transcendente. A qualificação através da transcendência significa exterioridade e superioridade. Com efeito, o mundo do que deve ser não vem do que é e ele se impõe a ele, graças à decisão humana. Nós diremos que ele lhe impõe os comandos e que, nesse sentido, ele é divino pois ele está acima da natureza, "sobre-natural".
Esses valores, "divinos" porque absolutos e infinitos, constituem o coração do Espírito. Este se espalha na sua multiplicidade: a justiça, o amor, o conhecimento, o respeito, o dialogo, etc. Ele os unifica se manifestando em cada um deles. È precisamente isso que nós chamamos o monoteísmo, a distinguir de seu oposto, o pensamento único. Com efeito, esses valores são equivalentes e nenhum deles pode ser divinizado; a reunião deles nas suas diferenças é o que nós chamamos Espírito. È preciso procurar no monoteísmo assim compreendido o fundamento da democracia e do respeito da diferença.


Revelação

Cada pessoa e cultura se constroem com valores que as caracterizam; é o enriquecimento recíproco delas que pode unicamente testemunhar do espírito presente em cada uma delas, sem se reduzirem. O Pentateuque, o conjunto dos cinco primeiros livros da Bíblia, testemunha isso desde o começo: o Absoluto fala a Adão, o pai da humanidade, e não unicamente a tal indivíduo ou a tal povo. Quando, após cinco fracassos sucessivos, os homens se mostram incapazes de encarnar a universalidade, o patriarca Abraham é chamado "afim que todas as famílias da terra sejam abençoadas por ele e nele". O Talmud repete que o messias vem para toda a humanidade ou para ninguém. Nesse sentido, ele articula a história em três momentos: o primeiro é o da criação, quer dizer da distinção entre o divino e o mundo para significar que nada é divino no mundo. O segundo é o da revelação, a transcendência do comando sobre a ordem natural e a aceitação de Israël de dar depoimento no seio das nações. O terceiro é o da esperança do dia em que a humanidade se conscientizará de suas verdadeiras responsabilidades no respeito da dignidade humana. Através desses três princípios, o judaísmo se separa do paganismo, do seio de qual ele emergiu. No começo, com efeito, era o paganismo, quer dizer a tendência a divinizar a natureza ou uma de suas forças, em particular a dinâmica criadora da vida, a que Bergson chamará "l'élan vital" - "o impulso vital". O que significa então a divinização da natureza? Se dispuser a receber dela a lei. È pensar que o que existe, que os filósofos chamam o Ser, é necessário e não pode ser de outra maneira do que ele é: o homem pagão não pode e não deve agir de outra maneira a não ser examinando as leis da natureza e obedecendo a suas manifestações.
Pensar, por exemplo, que o programa genético determina o homem, é transformar a força de vida em uma divindade a quem o homem deve se submeter abdicando sua liberdade. Da mesma maneira, nós somos sempre tentados a divinizar a sociedade, a história, a raça, a razão ou o inconsciente e retornar assim ao paganismo.


Responsabilidade moral e espiritual

Vamos nos fazer a questão humana par excellence: que sentido escolher para nossa vida? Nascido no seio de um paganismo próspero e, através suas faces múltiplas, inteligente e admirável, o judaísmo da maneira que ele exprime no Talmud responde que o que deve ser não pode se reduzir ao que é. O sujeito humano tem um pé na terra e um pé no "além", por suas exigências, seu imaginário, em uma palavra, sua esperança. Os Hebreus, entre o século XV e o século V antes da era corrente, traduziam essa diferença na idéia de revelação, as expressões "terra" e "céu", pelo conceito de promessa, de aliança e na experiência profética. Eles visavam dessa maneira a responsabilidade humana e a liberdade que a acompanha. Eles chamavam "Israël" o povo deles, que eles encarregaram dessa responsabilidade moral e espiritual no seio das nações. Eles lhe deram a função de testemunhar cotidianamente e de mostrar que é possível de fazer descer na terra os valores morais. Eles os chamaram "palavra divina", "vontade divina", "comando". Mas, da mesma maneira que as mutações no pensamento e na tradição, são localizados nas páginas dos textos bíblicos, da mesma maneira que as transformações profundas agitam o judaísmo através dos espaços e dos tempos, que conduzem a concluir a pluralidade dos judaísmos. Assim, após o período bíblico onde Israël é instalada na terra, aparece, em torno do século II antes da era corrente, o judaísmo apocalíptico, quando os Judeus são ocupados pelos Perses, em seguida pelos Gregos e os Romanos. A questão principal é então a questão do mal e das vias do messias que poderiam resolve-la. Após a queda do segundo Templo, em 70 de nossa era, o rabbinisme é antes de tudo preocupado da instalação do homem no mundo, do elo social e de seu fundamento nas leis e nos ritos conservados no Talmud. O judaísmo místico lhe sucede a partir do século VI, adotando do imaginário e de uma linguagem espiritual codificada o caminho para aprofundar a vida interior. Ele provoca a reação daqueles que, graças aos Árabes tradutores dos pensadores gregos, descobrem a gramática, a poesia e a filosofia, e empreendem de submeter ao julgamento da razão o Livro e suas exegeses. O judaísmo kabbaliste assume também esse desafio, e é ele que, entre o século XII e o século XVI, funda o que nós poderíamos chamar a verdadeira filosofia judia, uma visão geral do mundo e daquele que os homens chamam Deus. O judaísmo hassidique, que se constitui na Polônia no século XVIII, mostra como as idéias dos kabbalistes podem ser humanizadas e socializadas, e é a origem de uma verdadeira antropologia judia. Desde 1948, enfim, esses judaísmos se confrontam ao sionismo político e aos problemas do Estado, e se afrontam entre eles.


Respeito da pessoa humana

O que os reúne, então? Essa interrogação é tão essencial, que, após o Iluminismo, existem Judeus que se dizem laïcs, agnósticos ou ateus, se bem que se proclamando Judeus, como Freud, no século XIX. A resposta é múltipla. Em primeiro lugar existe uma memória e a história de uma comunidade; o desejo, fundado ou não, de não ver desaparecer o povo que sobreviveu a tantas grandes culturas e civilizações; a convicção de uma consciência moral inscrita no coração da existência humana, e da ética considerada como anterior a todas as outras estruturas da consciência. “O que você odeia para você, não o faça a outrem", dizia dessa maneira Hillel, esse grande mestre judeu, contemporâneo de Jesus. Nós podemos acrescentar a maneira propriamente judia de formular as questões humanas fundamentais, comparando-a à ciência ou a filosofia. A particularidade do judaísmo é a maneira pela qual ele encarna a universalidade. Certes, a ciência e a filosofia visam também a universalidade, mas elas a compreendem como a reunião dos homens pela semelhança e não pela diferença. As análises talmudiques insistem ao contrario na importância de reunir respeitando as diferenças de cada um, afim de evitar os totalitarismos e o racismo.
Os textos do Talmud encorajam assim o leitor a interpretá-los e a transmití-los. Eles se situam a uma certa distância, não somente da alma mística apaixonada pelo absoluto, a quem eles lembram o pudor necessário no seu empreendimento, mas também da teologia, que pretende dispor de informações sobre aquele que ela chama Deus. O pensamento judeu não é nem uma história do sentimento religioso e dos impulsos da alma em direção do Infinito e do Absoluto, nem um discurso teológico mesmo se nós encontramos Judeus místicos e Judeus teólogos. Esse pensamento não cessa de lembrar que só pode existir um único Espírito, e que seu acesso só pode ser a Ética, compreendida no sentido do respeito da pessoa humana.
È nesse fundo radical que os Judeus laïcs ou religiosos, sionistas ou não, sejardim ou ashkenazim, crentes ou não devem se reconhecer.

- Armand Abécassis, filósofo e particularmente o autor de La Pensée Juive (Albin Michel, 1987-1996, 4 vol.), L'Univers hébraïque (Albin Michel, 2003), Judaïsmes. De l'hébraïsme aux messianités juives (Albin Michel, 2006) e, com Èliette Abécassis, do Livre des passeurs (Robert Laffont, 2007).


Philon d'Alexandrie (13 - 54)

Filósofo grego de origem judia. Ele tentou conciliar sua fé monoteísta e a herança da filosofia grega, particularmente a de Platão e dos estóicos. Ele ilustra o encontro das culturas, em Alexandria, e anuncia a síntese da filosofia e da teologia, que marcou o pensamento medieval.


Emmanuel Levinas (1905 - 1995)

Filósofo francês de origem lituana, de quem a obra prolífica é herdeira da fenomenologia de Husserl e do pensamento de Heidegger, que contribuiu a fazer conhecer na França o livro (Descobrindo a existência com Husserl e Heidegger, 1949). Naturalizado francês em 1924, ele ganhou sua vida como professor de filosofia. Formado no Talmud por Chouchani, ele redigiu as Lectures talmudiques, que contribuiram para a renovação do pensamento teológico judeu na França. Dando novamente um brilho na exegese bíblica, ele se relacionou com a tradição germânica encarnada por Franz Rosenzweig e Martin Buber. Ele é considerado atualmente como um dos maiores filósofos contemporâneos.


Maïmonide, Moïse (1135 - 1204)

Teólogo, filósofo e médico, ele exerceu uma influência considerável no pensamento judeu tanto por seus comentários da Torah e sua codificação da Lei quanto por sua obra filosófica de inspiração da filosofia de Aristóteles, tendo como obra principal o Guide des égarés. A Michneh Torah é considerada como a primeira síntese da obra talmudique, que reúne, ordena e condensa os ensinamentos do judaísmo. A religião professada por Maïmonide é depurada e recusa, em nome da razão, todo excesso místico ou fanático. Em 1173, a morte de seu jovem irmão David o marcou profundamente e influenciou sem dúvida sua vontade de tornar-se médico. Após ter fugido a intolerância na Espanha, ele se instala primeiro em Fez, no Maroc, em seguida, por causa das persecuções dos Almahades, ele foge para o Egito onde ele torna-se médico na corte do sultão Saladin. Tanto os judeus quanto os muçulmanos choraram a sua morte. Ele faleceu em 1204. No seu epitáfio figura essa inscrição: "De Moïse até Moïse, não se levantou um homem como Moïse".


Maharad de Prague, Rabbi Juda Loeb Ben Bezalel (1520 - 1609)

Esse rabbi, considerado como um dos maiores pensadores judeus de sua época, nasceu em Poznan, na Pologne, antes de tornar-se rabbi em Nikolsbourg, em Moravie. Em 1580, ele se instalou em Prague, onde ele redigiu uma obra exégétique considerável, influenciado tanto por Rachi quanto pela Kabbale.
Seus escritos influenciaram particularmente o hassidisme. É-lhe atribuído o nascimento do legendário Golem.


Buber, Martin (1878 - 1965)

Filósofo israelita de origem austríaca, ele ensinou o pensamento judeu na universidade de Frankfurt entre 1925 e 1933. Ele foi um dos fundadores da universidade de Jerusalém, onde ele ensinou de 1938 até 1950. Se inscrevendo na corrente hassidique, ele trabalhou por um dialogo entre Judeus e Cristãos e por uma aproximação entre Judeus e Árabes na Palestina, particularmente no contexto do Brit Shalom (Aliança pela paz). Ele é particularmente o autor De l'esprit du judaísmo (1916), Mon chemin vers le hassidisme (1918), La vie en dialogue (1932), Le Message du hassidisme (1952). Seus numerosos artigos sobre o sionismo e o conflito com os Árabes foram publicados em francês no livro Une terre et deux peuples (1985). Suas obras e artigos são redigidos em alemão ou em hebreu.

Talmud

"Estudo", em hebreu. Livro fundador do judaísmo, constituído da Michnah e da Guenara. Ele visa a dar um ensinamento completo assim que o conjunto das regras religiosas e civis que os Judeus devem observar. Nós distinguimos o Talmud de Jerusalém, oriundo dos trabalhos de Jochanan Ben Nappacha, terminado no século V, do Talmud de Babylone, fruto do trabalho de Rav Achi, terminado no século VI. Foi este último que acabou se impondo a todo o judaísmo.


Thomas d'Aquin, (1228 - 1274)

Teólogo e filósofo italiano, dominicano, chamado "o Doutor angélico" por causa da santidade de sua vida. Ele estudou no Mont-Cassin, em seguida em Naples (onde se desenvolvia o conhecimento dos pensadores árabes), em Cologne e em Paris. Mestre em teologia, saint Thomas d'Aquin foi um comentador minucioso de Aristoteles, que a Europa na época estava descobrindo. Ele elaborou uma síntese original entre a teologia e a filosofia, particularmente nas duas obras que influenciaram demasiadamente o pensamento ocidental e a Igreja: la Somme contre les gentils (1269 - 1273) e, a que não foi terminada, la Somme théologique.


Kabbale

Qabbalah, em hebreu. Do radical Q.B.L, que significa a recepção, a tradição. Tradição esotérica que assegura mergulhar suas raízes na mais alta Antiguidade (ela foi realmente influenciada pelo néoplatonisme), mas que apareceu concretamente na Província, no século XII, em reação a influência crescente da filosofia de Aristóteles no judaísmo. Se a primeira grande obra dessa tendência é, no século XII, o Sefer ha-Bahir, o livro da Clarté, é na Espanha que a Kabbale se desenvolve, particularmente sob a influência de Moïse de Léon (1240 - 1305), o autor provável do Sefer ha-Zohar, "Bíblia dos kabbalistes".
O Zohar vai permitir a esse pensamento esotérico de sair do círculo estreito dos iniciados. Após a expulsão dos Judeus da Espanha, a Kabbale reencontra um novo impulso na Galilée, com a escola de Safed que propõe uma metafísica da história, onde brilham Moïse Cordovero e Isaac Louria. No século XV, os ensinamentos da Kabbale se espalham na Italia e inspiram ao humanista Pic de la Mirandole uma Kabbale cristã.


Zohar

Essa obra escrita em aramaico e chamada a "Bíblia dos kabbalistes" foi publicada em Castille no século XIII, em reação a influência da filosofia de Aristóteles no pensamento judeu. Ela compreende várias antologias redigidas em épocas diversas por autores diferentes: O Zohar que compreende um comentàrio do Pentateuque, das Lamentações, do Cantique des cantiques e do livro de Ruth, e que é atribuída ao mestre castillan Moïse de Léon (1240 - 1305) e a seus amigos, mas também obras mais tardivas como o Tikkuney ha-Zohar ("Complément au Zohar"), o Sitré Torah (les "Secrets de la Torah"), le Midrach ha-Néélam ("Midrach du monde caché"), le Ra'ya'Méhemna (le "Berger fidèle"), etc.


Néoplatonisme

Doutrina filosófica elaborada em Alexandria, no fim do século II antes J.C., na dinastia dos Ptolémées. Os adeptos desse movimento tentaram conciliar a filosofia de Platão com certos aspectos das religiões orientais. O néoplatonisme inspirou as correntes místicas de diferentes monoteísmos e, no caso do judaísmo, a Kabbale.


Mendelssohn, Moses (1729 - 1786)

Filósofo judeu alemão, ele é um dos representantes do pensamento do Iluminismo outre-Rhin, considerado como uma figura exemplar da passagem do judaísmo da Idade Media à modernidade. Ele nasceu em uma família modesta e recebeu uma educação judia tradicional. Desde pequeno, seu pai e o rabbin local lhe ensinaram a Bíblia e o Talmud. Ele estudou também a filosofia de Maïmonide. Ele tornou-se preceptor de um coreligionnaire, em seguida contable e diretor de usina, ele foi um dos primeiros a professar a assimilação dos Judeus. Por causa disso, ele é considerado como o pai da Haskala. Em 1783, ele publicou sua obra principal, Jerusalém, ou Pouvoir religieux et judaïsme, terminando no mesmo ano a tradução em alemão da Torah.


Haskala

Iniciado por Moses Mendelssohn, esse movimento intelectual que professava a assimilação dos Judeus e a abertura à cultura profana influenciou uma parte da intelligentsia judia européia no século XVIII e XIX. Se ele encorajou a assimilação, particularmente na Alemanha, ele provocou paradoxalmente o reforço da procura de uma identidade judia, aspiração que precede o nascimento do sionismo.


Pentateuque (Pentateuco)

Conjunto dos cinco livros da Bíblia: Genése, Exode, Lévitique, Nombre, Deutéronome.


Torah

A "Lei", em hebreu. Ela designa tanto a Lei escrita do Pentateuque, que reúne os cinco primeiros livros da Bíblia, quanto a Lei oral, realizada por escrito e comentada no Talmud.


Hassidisme - Hassidim

Do hebreu hâsîd, "piedoso", "integridade". Movimento popular fundado no século XVIII na Ukrania, inspirado pelo místico Baal Shem Tov (1700 - 1760). Esse movimento piétiste aparece como uma reação contra o judaísmo "acadêmico" dos Rabbins ortodoxos: a ligação com Deus se adquire não somente pelo fervor religioso, o estudo e o respeito dos ritos, mas também graças a intensidade da oração, a alegria e o entusiasmo da celebração. O movimento se dividiu ulteriormente em "sous-ensembles", de quais o mais célebre é sem dúvida atualmente o movimento Loubavitch, muito presente nos Estados Unidos e em expansão (30 000 a 35 000 Judeus franceses o reivindicam).


Agnosticismo

Tese segundo a qual Deus não pode ser apreendido pelo conhecimento humano, que se aproxima do ceticismo na medida em que ela recomenda de suspender todo julgamento com relação à divindade. Mas se Deus é inexistente para o pensamento, nós podemos também lhe recusar toda existência em si, por isso a aproximação dessa tese com o ateísmo.


Ética

Do grego éthos ("moeurs"). A palavra tem várias definições.
Sentido ordinário:
1. Sinônimo de moral (arte ou prática tendo por objetivo a vida boa e feliz);
2. Teoria tendo por objeto a determinação das condições de uma vida feliz ou dos fins humanos;
3. Reflexões sobre as questões dos costumes ou da moral (comité d'éthique).

Senso filosófico: Em Aristóteles, ela é a ciência prática de qual o objeto é a ação do homem, seu fim é a virtude. Em Spinoza, ela visa a liberar o homem da servidão dos sentimentos e a viver segundo a razão. Em Kant, ela é a ciência das leis da liberdade. Ela torna-se efetiva na autonomia da vontade e no reino dos fins. Em Hegel, a ética é a realização efetiva da idéia do bem.


Hillel, chamado o Ancião (mais ou menos em 75 antes de J.C.)

Esse sábio pharisien, considerado como um dos grandes espíritos do judaísmo antigo, foi "príncipe" do sanhédrin durante vinte anos, no começo da era cristã. Ele contribuiu a renovar a hermenêutica interpretando a Lei no sentido liberal.

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