segunda-feira, 21 de maio de 2007

Do Individualismo nos países democráticos

O individualismo é uma expressão recente que uma idéia nova deu nascimento. Nossos pais só conheciam o egoísmo.
O egoísmo é um amor excessivamente apaixonado e exagerado de si mesmo, que leva o homem a relacionar tudo a ele mesmo e a se preferir à tudo. O individualismo é um sentimento refletido e sereno que dispõe cada cidadão a se isolar da massa de seus semelhantes e a se retirar da sociedade com sua família e seus amigos; de tal maneira que, após ter assim criado uma pequena sociedade a seu uso próprio, ele abandona de bom grado a grande sociedade a ela mesma.
O egoísmo nasce de um instinto cego; o individualismo procede de um julgamento errôneo e não de um sentimento depravado. Ele tem sua origem nos defeitos do espírito e nos vícios do coração. O egoísmo seca o germe de todas as virtudes. O individualismo seca antes de tudo a fonte das virtudes públicas; mas, com o tempo, ele ataca e destrói todas as outras e vai enfim se absorver no egoísmo. O egoísmo é um vício tão velho quanto o mundo. Ele não pertence a nenhuma forma de sociedade. O individualismo é de origem democrática, e ele ameaça de se desenvolver à medida que as condições se igualam.
Nos povos democráticos, novas famílias saem sem parar do nada, outras caem no vazio, e todas que permanecem mudam de origem; a continuidade do tempo rompe-se a todo momento e os vestígios das gerações se apagam. Nós esquecemos facilmente aqueles que nos precederam e não temos nenhuma idéia daqueles que vão nos suceder. Apenas os que nos são próximos nos interessam. Cada classe aproximando-se das outras e misturando-se a elas, seus membros tornam-se indiferentes e como estrangeiros entre eles. A aristocracia tinha feito de todos os cidadãos uma longa corrente que ia do agricultor ao rei; a democracia quebra a corrente e põe cada elo à parte.
À medida que as condições se igualam, nós encontramos um grande número de indivíduos que, não sendo suficientemente ricos nem suficientemente poderosos para exercer uma grande influência no destino de seus semelhantes, adquiriram, no entanto ou conservaram suficientemente conhecimentos e bens para poder se satisfazer a si mesmos. Esses não devem nada a ninguém, eles não esperam nada dos outros; eles se habituam a se considerar sempre de maneira isolada, eles pensam verdadeiramente que o destino deles está em suas mãos.
Assim, não somente a democracia faz esquecer a cada homem seus ascendentes, mas ela lhe esconde seus descendentes e os separa de seus contemporâneos; ela o traz sem cessar em direção de si mesmo e ameaça de fechá-lo, enfim, inteiramente na solidão de seu próprio coração.


- Da democracia na América, volume 2, capítulo II, pg. 143 - Alexis de Tocqueville –



Solidão

Brincar com a solidão
é minha única distração
Cantar lá no alto
Nas asas da andorinha
Rasgando com meu canto
A dor de estar sozinha
E lá vou eu...
Nas nuvens me embriagar
Com as estrelas sambar
Chorar nos braços da lua
Quando o desespero
Me deixa nua.
Me esconder no sol
E queimar a minha tristeza.
E lá vou eu...
Brincando com a solidão
Desafiando o destino
Que machuca...machuca
O meu coração!

Nenhum comentário: